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Ano 10 - N° 461 - 17 de Abril de 2016

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 

 
Artur Valadares de Freitas Santos:

“A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida" 

Estudioso dos textos evangélicos, o confrade fala-nos sobre
o método que utiliza para despertar o interesse pelo
estudo e pesquisa dos Evangelhos

Nascido em berço espírita, natural de Patrocínio (MG) e residente em São Carlos (SP), graduado e mestrado em Engenharia Mecânica, atualmente cursando Doutorado na mesma área, Artur Valadares de Freitas Santos (foto) vincula-se à instituição espírita Obreiros do Bem na cidade onde reside, com atividades no  departamento de  divul-

gação da instituição e na coordenação do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho (NEPE) "Paulo de Tarso". Demonstrando grande interesse pelo estudo e pesquisa dos textos dos Evangelhos, ele falou-nos sobre o assunto na entrevista seguinte. 

Qual a melhor maneira de pesquisar e estudar os ensinos e parábolas de Jesus? 

Acredito que um primeiro passo essencial seja o estudo, aprofundado e metódico, das obras da codificação espírita. Essa base é fundamental para que possamos ter uma visão lúcida e coerente a respeito das passagens do Evangelho, buscando renovar as concepções que trazemos do passado em relação ao Cristo, à sua mensagem e aos seus continuadores. Outro ponto importante é o estudo das obras subsidiárias produzidas sobre o tema por médiuns abalizados como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, dentre as quais destacaríamos as de autoria do Espírito Emmanuel, que dedicou boa parte de seu trabalho psicográfico no desenvolvimento e esclarecimento do estudo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Por fim, o conhecimento do contexto histórico em que o Cristo estava inserido, dos costumes e da sociedade judaica da época, bem como do Antigo Testamento, é também de grande relevância para uma compreensão mais abrangente dos ensinamentos de Jesus. Com esse arcabouço, estamos aptos a analisar, com bom senso e de maneira segura e ponderada, informações provenientes das mais diversas fontes religiosas, filosóficas e científicas, buscando extrair delas o que possa agregar ao estudo, como nos recomenda o próprio O Livro dos Espíritos em suas questões de nº 627 e 628.  

De onde surgiu seu gosto por esse estudo e pesquisa em torno dos textos do Novo Testamento? 

Desde a infância me sentia muito atraído para este tipo de estudo. Na casa que frequentei em Patrocínio (MG), enquanto criança e adolescente, me lembro de assistir às palestras do querido confrade Simão Pedro, em que eram apresentadas e comentadas passagens do Novo Testamento e de como aquilo me despertava uma profunda emoção e um interesse por conhecer mais sobre o assunto. A partir de 2013 comecei realmente a me engajar no movimento espírita e, com o lançamento da tradução do Novo Testamento pelo também confrade Haroldo Dutra Dias, em conjunto com as palestras voltadas para essa temática proferidas por ele e outros companheiros, comecei a me interessar ainda mais pelo tema e desde então não parei mais de estudar e de buscar me aprofundar a respeito.  

As histórias e relatos, referências e exemplos anotados pelos evangelistas trazem algo mais além das letras?  

Sim, primeiro porque uma das características da própria linguagem e cultura semitas, bem como das tradições rabínicas da época, era a transmissão dos ensinamentos de maneira intuitiva e simbólica, um reflexo da tradição milenar de propagação oral do conhecimento. Além disso, precisamos levar em conta a inspiração espiritual do Plano Superior durante o processo de redação dos textos do Evangelho, como Emmanuel nos esclarece no livro A Caminho da Luz. Com o auxílio das obras básicas e subsidiárias da Doutrina Espírita, em especial da coleção Fonte Viva de Emmanuel/Chico, podemos perceber de maneira mais profunda a dimensão da riqueza espiritual oculta por trás dos véus da letra. Um dos maiores colaboradores para este tipo de estudo foi o querido confrade, ex-presidente da UEM, Honório Onofre de Abreu. Ele organizou um livro sobre o tema, intitulado Luz Imperecível, que estabelece as bases para esta metodologia de estudo, com vários exemplos práticos de como se extrair da letra o espírito imperecível dos ensinamentos de Jesus.  

Por que Jesus usou essa didática? O que ele desejava alcançar? 

Como diz o próprio Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, os pontos essenciais da doutrina do Cristo sempre foram claros e explícitos, como por exemplo a posição da caridade e da humildade como elementos fundamentais no processo de iluminação espiritual. Os demais pontos foram trabalhados por Jesus, pelo menos para o grande público, de maneira velada, pois ele sabia que só o tempo poderia trazer uma maturidade mais adequada para a compreensão de determinadas verdades espirituais que necessitavam de um desenvolvimento científico e filosófico do espírito humano ainda a ser realizado. No entanto, todas essas verdades estão inseridas de maneira alegórica e simbólica em seus ensinamentos e cada espírito pôde, a seu tempo, compreendê-las, se para tal se esforçou. São como sementes, aguardando o momento propício para a germinação.  

Que tipo de sentimento o envolve nas descobertas resultantes das pesquisas nos textos desses ensinos? E como você transforma isso em motivação para transmissão em estudos que coordena e nas palestras que ministra? 

O sentimento é sempre o de uma alegria e gratidão imensas, pois percebemos quanto todos temos sido amparados e conduzidos espiritualmente por esse Amor imensurável que nos envolve desde os primórdios de nossa evolução. Sempre que nos dedicamos ao estudo e à meditação sobre os ensinos de Jesus, nos sentimos como se estivéssemos novamente na Galileia daqueles tempos, ouvindo e acompanhando o próprio Mestre em sua peregrinação pela Terra. A partir daí, surge naturalmente o desejo de compartilhar aquilo que pudemos compreender e sentir neste processo, o que temos buscado fazer por meio dos grupos de estudo e das palestras.  

Nos grupos que coordena, há um interesse mais qualificado em torno dessas pesquisas e estudos?  

Primeiramente, tivemos que buscar estabelecer um método de estudo que propiciasse, nos demais membros do grupo, o surgimento desse interesse pela pesquisa, participação e colaboração, responsável por tornar a experiência do estudo tão enriquecedora. No início nem sempre é fácil, porque a tendência que observamos em muitos grupos de estudo é que ocorra uma acomodação, em que apenas alguns poucos passam a ser responsáveis pela pesquisa e transmissão do conhecimento, enquanto os demais se colocam na postura de receptores. No entanto, esse esforço por desenvolver um espírito de equipe, em que todos colaboram e aprendem juntos, tem dado bons resultados, e esperamos conseguir estabelecer em 2016 uma participação ainda mais efetiva de cada membro do grupo. 

Qual a melhor didática para despertar o interesse pelo estudo e pela pesquisa? 

Tentamos fazer algo bem dinâmico e participativo, mostrando para o grupo como são feitas as pesquisas bibliográficas e a preparação do material para os estudos. Buscamos também sempre vincular os ensinamentos das três revelações, de maneira a demonstrar como que cada uma delas faz parte de um processo pedagógico mais amplo, coordenado pelo Cristo e seus prepostos. Além disso, a descoberta do que está por detrás dos símbolos e alegorias é um grande estímulo para todos. Podemos perceber o brilho nos olhos de cada um quando se compreende uma passagem antes obscura. O estudo em formato de mesa-redonda, valorizando o debate fraterno e a troca de ideias, faz também com que cada um se sinta parte integrante e importante no processo de aprendizado coletivo.  

Algo marcante de suas experiências que pode nos relatar? 

O que mais tem me marcado no desenrolar dos estudos e das palestras é perceber quanto a figura de Jesus, mesmo após tanto tempo, continua tocando o coração das pessoas e quanto elas se sentem atraídas por Ele e por sua mensagem. Noto também como ficam impressionadas ao perceberem a beleza e a profundidade dos ensinamentos que existem para além dos símbolos e das parábolas. Mais do que nunca, tenho me certificado da importância do Mestre para nossa vida cotidiana, como sustentáculo de nosso equilíbrio interior e como orientador de nossa conduta em busca da paz legítima, que surge de uma consciência tranquila e do serviço no bem.   

Algo mais que gostaria de acrescentar? 

Gostaria de relembrar algumas palavras de Alcíone, que já se utilizava naquela época, juntamente com o Padre Damiano (Emmanuel), dessa metodologia de estudo mais aprofundado do Evangelho. Segundo ela, "o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem conhecimento e aplicação de todos os detalhes. [...] A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida". Fica assim estabelecido um roteiro, em quatro etapas essenciais, no qual o conhecimento é apenas a primeira delas. Isso é importante para que não nos esqueçamos de que todo o estudo do Evangelho só será efetivamente útil e significativo em nossas vidas se viermos a tornar nossa vivência coerente com o que temos estudado e aprendido. 

Suas palavras finais. 

Para finalizar, creio que seria oportuno ressaltar a importância de buscarmos cada vez mais esse contato íntimo e essa comunhão com o Mestre e sua mensagem, nos esforçando por adequar nossas vidas à sua proposta, sobretudo nestes momentos tumultuosos pelos quais passamos coletivamente. Mais do que discípulos que conhecem os seus ensinamentos, Jesus precisa daqueles que estejam dispostos a vivenciá-los, sendo o "sal da terra" e a "luz do mundo" para uma Terra em momentos de profunda transformação. Que Ele nos abençoe e sustente nesta jornada pelos caminhos que nos deixou. Paz e Bem! 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita