— Ah, mamãe! Se soubesse como sofro! Preciso trabalhar e não consigo! Ninguém me dá um serviço, simples que seja! Como mudar essa situação?!...

A mãe balançou a cabeça, depois se sentou junto dele e considerou:

— Você precisa mudar de atitude, Fábio. Se você deseja realmente trabalhar, não é o serviço que virá até a nossa casa. Você é que tem de procurar serviço!

— Mas não tenho ânimo, mamãe — respondeu ele, justificando-se.

— Pois trate de mudar isso. Na vida tudo depende de nós mesmos. O que você pensa quando está calado?

— Nada.

— Por que não procura algo para fazer? Aqui em casa eu tenho serviço o dia todo! Faça algo de bom e de útil! Comece recolhendo as folhas que caíram das árvores no quintal, por exemplo. Eu lhe ficaria muito agradecida!

— Não gosto de fazer esse serviço, mamãe. Quero um trabalho de verdade!

— E o que considera “um trabalho de verdade”? — a mãe retrucou.

— O serviço num escritório, numa loja, numa oficina, num banco...
Cheia de compaixão pela falta de condição do filho, a mãe indagou:

— E você acha que em um escritório, na falta de alguém, não terá que varrer o chão? Em uma oficina, não terá de lavar peças? Numa loja, não terá que usar a cabeça para vender os produtos?

— Eu sei, mamãe. Mas quando arranjar serviço, eu faço tudo isso!

A mãe pensou um pouco e respondeu com sinceridade:

— A verdade, Fábio, é que você não usa nada dos tesouros que Deus lhe deu: vive de cabeça desocupada, não gosta de estudar, não utiliza as mãos a não ser para se vestir, comer e beber; não aproveita o tempo e está sempre pessimista. Você acha que vai mudar de repente?!... Meu filho, você é comodista: quer que tudo lhe venha do Alto sem esforço algum de sua parte.

— Que horror, mãe! É isso mesmo que pensa de mim?

— É isso o que você mostra a mim e a todas as pessoas, filho.

O rapaz inclinou a cabeça e pôs-se a chorar. A mãezinha aproximou-se mais, abraçou-o com carinho e explicou:

— Meu filho, para que consiga o que deseja, precisa se esforçar, procurar um trabalho. Ninguém virá aqui à nossa casa oferecer-lhe serviço!

Como ele continuasse com a cabeça baixa, a mãe prosseguiu:

— Além disso, você não tem o hábito da oração, Fábio.

E pegando um livro, abriu em determinada página e ordenou:

— Leia!

Fábio pegou o livro e olhou o nome: O Evangelho segundo o Espiritismo. Então, começou a ler:

“Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, ela se abrirá”.

Interessado, ele continuou lendo:

”Qual o homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? Ou, se pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Ora, se, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que está nos céus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem?”

Após a leitura, Fábio tinha os olhos cheios de lágrimas. Depois se virou para a mãe:

— Quer dizer que, se eu pedir, Deus me dará o que desejo?

— Sim, meu filho. Só que não basta pedir. Você tem que buscar para achar o que deseja. E bater à porta, que significa nosso esforço para conseguir o que desejamos. Entendeu?

Fábio mostrou que tinha entendido e, mais animado, disse:
 

— Agora entendo o valor da prece, mamãe. Mas também o valor de buscar aquilo que desejamos e procurar a maneira de encontrá-lo. Desse dia em diante, Fábio levantava-se cedo, ajudava a mãe no serviço doméstico, depois saía para fazer um curso rápido de prática de escritório. Com o passar dos dias, logo terminou o curso e, finalmente, candidatou-se a uma vaga em vários escritórios. Em poucos dias conseguiu o que desejava e tão bem desempenhou suas atividades, mostrava-se tão pronto em ajudar os demais, que se tornou o funcionário escolhido para ministrar o Curso para Principiantes. E sempre que iniciava um novo curso, ele abria o Evangelho naquela página, lia o texto

para os alunos e depois começava contando a sua própria história e de como tinha conseguido vencer, com a ajuda de Jesus.

MEIMEI

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 07/09/2015.)