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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 8 - N° 384 - 12 de Outubro de 2014

 
 

 

O homem dos olhos tristes

 

Após um probleminha doméstico, Júlia, de dez anos, saindo a passear, encontrou um velhinho esfarrapado, sentado na sarjeta.
 

Deu uma olhada e não gostou do que viu. Sujo, de barba grande, ele espalhava mau cheiro. Num primeiro momento, ela quis afastar-se dele o mais rapidamente possível.

Todavia, quando ele a olhou, Júlia notou uma tristeza tão grande naqueles olhos úmidos e até no leve sorriso com que ele a brindou, que ela parou.

Sentou-se perto para conversar, disse seu nome e ficou sabendo o dele: Alceu.    

— Para onde vai, linda menina Júlia? — indagou o velhinho.

— Não sei. Eu estava cansada de minha casa, da escola, dos amigos chatos e das

cobranças de todo mundo. Então, saí para passear e esquecer — respondeu ela.

Como ele a olhasse apenas, calado, Júlia perguntou:

— E você, Alceu, para onde vai?

O homem olhou em torno com seus olhos tristes, sacudiu os ombros e respondeu:

— Para lugar nenhum e para todos os lugares!...

— Ah! Não entendi.

— É simples. Muito jovem e esforçado, estudei e tornei-me um homem bastante rico. Mandava em muita gente, tinha uma família amorosa, saúde perfeita, muitos amigos e tempo para fazer o que quisesse da vida.

A menina olhava para o velhinho com os olhos arregalados:

— E o que aconteceu?!...

O velhinho respirou fundo, seus olhos mostraram ainda maior tristeza, e respondeu:

— Perdi tudo o que tinha. Agora, não tenho nem um teto onde me abrigar.

— Mas como conseguiu ficar pobre, Alceu? — ela perguntou.

— Apenas não soube administrar os recursos que o Senhor me confiou!

— Como assim? — tornou a menina, sem conseguir entender. 

— Bem, Júlia, tudo o que temos na existência é dádiva de Deus. Se não soubermos aproveitar as oportunidades da vida, acabamos perdendo o que recebemos. Entendeu?

— Mais ou menos — respondeu a menina ainda em dúvida.

O velhinho pensou um pouco e explicou:

— Por exemplo. Temos que prestar contas da inteligência que recebemos ao nascer e, se não soubermos usá-la bem, a benefício nosso e dos outros, seremos responsabilizados. Assim também será com o dinheiro e a autoridade que obtivermos.

— Ah! Entendi! Você disse também que tinha boa saúde...

— Exatamente, e a perdi com meus excessos: muita comida, bebida, não dormia direito. Assim, acabei perdendo também a bênção do trabalho.

— E o que aconteceu com sua família?

— O excesso de dinheiro e de trabalho fez com que se afastassem de mim. Não valorizei meu lar e fiquei sozinho. Todos me abandonaram; na verdade, fui eu que os abandonei.

Cheia de piedade por ele, Júlia tornou:

— Alceu, mas com certeza você tinha muitos amigos.

— É verdade, Júlia. Mas não soube valorizar os verdadeiros amigos e eles não me procuraram mais. Fiquei apenas com aqueles que participavam das noitadas e dos excessos. Todavia, acabado o dinheiro, eles se afastaram de mim. Estavam interessados apenas na vida farta que eu lhes dava — ele esclareceu.

A menina estava realmente penalizada diante da história de Alceu. Percebendo, ele tranquilizou-a:

— Não se preocupe, Júlia. Apesar de não ter mais bens materiais, mudei espiritualmente. Hoje eu estou ligado a Deus pela oração, exercito a humildade e a compreensão diante daqueles que me humilham, alimento-me apenas daquilo que ganho, exercitando a gratidão e vivo bem, pois reconheço que muito errei e, na medida do possível, tento ajudar os que estão na mesma situação em que estou. Assim, ajo com fraternidade e solidariedade. E, acredite, por onde passo eu deixo sempre bons amigos!

A menina, com os olhos cheios de lágrimas, abraçou-o dizendo:

— Assim como eu, que agora sou sua amiga!

— Está vendo como estou mudado? — brincou ele, envolvendo-a num olhar cheio de carinho.

Lembrando-se dos motivos que a levaram a sair de casa naquele dia, Júlia confessou:

— Eu também estou mudada, acredite. Achava que tinha problemas, mas agora vejo que eles nada são diante do que você me contou. Obrigada, Alceu!  

Júlia convidou-o para ficar morando em sua casa, mas Alceu não aceitou, explicando:

— Minha amiguinha Júlia, não é por orgulho, acredite. Em primeiro lugar, você não sabe o que pensam seus pais a respeito de levar um estranho para casa. Em segundo, é que não desejo ser pesado para ninguém. Se você me convidar, aceito um lanche na sua casa. Mas é só. Depois vou pegar a estrada de novo. Gosto de conhecer pessoas novas, de fazer amizades, de deixar sementes boas por onde passo.

Júlia aceitou as condições que ele impôs e levou-o até sua casa. Bem recebido pelos pais dela, após algumas horas ele partiu, após tomar um banho e vestir uma roupa limpa. Antes de partir, Alceu disse:

— Prometo que, se algum dia passar novamente por esta cidade, eu virei fazer-lhes uma visita. Mas agora tenho que ir. Se tudo o mais me foi tirado, a bênção do tempo é muito importante, pois apesar de nada ter preciso ajudar as pessoas com o que tenho: o amor. 

A imagem daquele homem barbudo de olhos tristes, jamais se apagaria da lembrança de Júlia. Ficara-lhe a certeza de que fora Jesus que o mandara para fazê-la valorizar todas as coisas boas da sua existência.  

                                                   MEIMEI 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em Rolândia-PR, em 3/9/2012.)  

                                                 
                                                   
 


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