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Ano 7 - N° 352 - 2 de Março de 2014

ESTÊNIO NEGREIROS
estenionegreiros@hotmail.com
Fortaleza, CE (Brasil)

 
 

Estênio Negreiros

Depois da fronteira

Parte 2 e final


Pike ouvira falar, por exemplo, em "poltergeist", mas não tinha ideia precisa do que fosse. Ao que se lembrava vagamente, a coisa tinha algo a ver com distúrbios provocados pelo Espírito de uma pessoa morta na casa onde residira em vida. Seria isso? Viu-se então, "pela primeira vez, diante da possibilidade real de que a fonte de tudo quanto estava acontecendo poderia ser o meu filho - morto, mas ainda vivo".

Esse ponto era uma encruzilhada e não faltou ao Bispo Pike a coragem necessária para seguir adiante, nas suas pesquisas, estranhas e desusadas pesquisas para um "príncipe" da Igreja Reformada. Suas confissões são às vezes de comovente sinceridade: "Custei muito a aceitar a possibilidade de que se tratava de Jim, pois não acreditava que ele continuasse a viver". E mais: nem Maren, sua secretária, nem David, seu capelão, acreditavam na vida póstuma! "Contudo, diz Pike, não podíamos pensar em outra explicação, resultado – que agora compreendo – da nossa ingenuidade e da falta de sofisticação em relação a todo o campo dos fenômenos psíquicos."

A quem recorrer numa emergência dessas? Lembrou-se então do Reverendo Pearce-Higgins que entendia dessas coisas em virtude de suas experiências psíquicas e da sua participação na organização de sua igreja que patrocina essas pesquisas.

E assim, na manhã de 28 de fevereiro, o Bispo Pike ligou para o Rev. Pearce-Higgins, narrou-lhe os acontecimentos e pediu orientação.

Pearce-Higgins explicou ao eminente amigo, neófito em coisas dessa natureza, que havia duas explicações plausíveis para os fenômenos: ou eram expressão de uma hostilidade a alguém que viera ocupar a casa em que vivera o Espírito, ora desencarnado, ou recursos para chamar a atenção de alguém. Em suma, para encurtar a história, Pearce-Higgins marcou hora para o Bispo Pike com uma médium muito conhecida em Londres, a Sra. Ena Twig, e, através dela, Pike pôde, afinal, conversar, digamos assim, face a face com o filho morto.

Os preconceitos do Bispo com relação à prática mediúnica começaram a cair. Esperava encontrar, na casa da Sra. Twig, cortinas pesadas, abajures de seda com babados, ornamentos exóticos e uma semiobscuridade atravancada de objetos e móveis; enfim, a caricatura cinematográfica e anedótica da mediunidade. Ao contrário, o cômodo era tão simples e comum que, ao escrever seu livro, mais tarde, ele nem se lembrava dos pormenores para descrevê-lo. 

O TEÓLOGO PAUL TILLICH FEZ-SE PRESENTE 

Seria impraticável reproduzir toda a conversação e aquela natural aflição por dizer muita coisa em poucas palavras, num espaço exíguo de tempo. É fácil, porém, imaginar a cena: de um lado da vida, o filho suicida, recém-retirado de uma existência sem horizontes sob a terrível pressão das drogas; de outro lado, um pai aflito, presenciando um fenômeno que lhe era inabitual e ao qual apenas umas semanas antes jamais teria pensado em assistir, muito menos provocar.

A sessão contou com a presença algo surpreendente do Espírito do eminente teólogo Paul Tillich, amigo de Pike e que parecia estar ajudando Jim no mundo espiritual. O Bispo sentiu um verdadeiro choque emocional ao ser revelada a presença do seu grande amigo, recentemente desencarnado. E ainda: como é que o médium poderia saber que o novo livro de Pike, que estava sendo lançado naquele momento nos Estados Unidos, tinha uma dedicatória a Paul Tillich?

– O rapaz – disse Tillich – era um visionário, nascido fora de seu tempo. Encontrou uma sociedade desconcertante, na qual a sensibilidade é classificada como fraqueza.

A uma pergunta do Bispo sobre se seria boa coisa divulgar a realidade da sobrevivência e da comunicabilidade, a resposta veio de Paul Tillich e muito cautelosa:

– O fogo na planície pode causar o caos se não for controlado. Trabalhe cuidadosamente, mas conserve em mente as palavras: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!"

E nesse tom terminou a primeira sessão mediúnica a que assistiu o Bispo James A. Pike.

Daí em diante, atirou-se ele com disposição e inteligência ao estudo dos fenômenos, à leitura de livros e aos contatos com quem pudesse instruí-lo sobre a matéria. Voltaria a servir-se de médiuns, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos. Sob estranhas condições, tal como previra o Espírito de seu filho, encontraria nos Estados Unidos uma organização, também ligada à Igreja, que o ajudou nos seus estudos.

E aqui vemos, em toda a sua crua realidade, as dificuldades que enfrenta o conhecimento da verdade que, segundo o Cristo, um dia nos libertará. Aquele homem notável, Bispo de uma grande comunidade cristã, autor de livros de sucesso na sua especialidade, pregador eminente de uma doutrina apoiada no fato básico da sobrevivência do Espírito humano, confessa não acreditar nessa ideia e admite jamais ter lido um único livro ou ensaio que cuidasse de qualquer aspecto da experiência psíquica, hoje tão amplamente divulgada. 

A VIDA APÓS A MORTE: COISA NATURAL  

O resto do livro – e são ainda cerca de 200 páginas das 300 e tantas que o compõem – é uma narrativa fiel, descrevendo passo a passo a longa e penosa busca da verdade contida no fenômeno psíquico, tão familiar aos espíritas.

Sua primeira surpresa foi a extraordinária quantidade de livros existentes sobre o assunto, coisa que até então lhe passara inteiramente despercebida. Sua conclusão, depois de muito estudar, meditar e assistir a manifestações de variada natureza, se resume, em suas próprias palavras, da seguinte maneira: "Minhas experiências pessoais, juntamente com os fatos que fui levado a pesquisar como resultantes delas – tanto quanto as análises feitas por cientistas respeitáveis nos seus campos de atividade que também dedicaram cuidadosa atenção aos dados em mais de uma área psíquica – me habilitam a afirmar a vida após a morte como coisa ‘natural’ a esperar-se da psique humana que parece estar desde já na vida eterna". Prossegue dizendo que essa era uma afirmativa que ele não estivera em condições de fazer no seu último livro. E mais: que as crenças suscitadas pela evidência dos fatos eram poucas, na verdade, mas baseadas em fundações muito sadias e experimentais.

Deve causar-nos verdadeira revolução interior descobrir que tudo aquilo quanto serviu de base à estrutura do nosso pensamento e da nossa vida, de repente não serve mais. E que a nova verdade descoberta precisa ser meditada, encaixada no arcabouço das nossas ideias e finalmente proclamada, num depoimento leal e sincero. É necessário abrir espaço para ela em nosso espírito e jogar fora as velharias que o atravancam e obscurecem. Por isso, o Espírito do jovem Pike, depois de aquietadas as suas angústias no novo plano de vida e certamente muito ajudado pelos seus amigos, declarou através da mediunidade de George Daisley:

– Sinto-me tão feliz ao verificar que você resolveu enfrentar o desafio... Estimulando outros a saírem em busca dos seus entes queridos. Diga-lhes para terem todo o cuidado na verificação dos fatos.

E mais adiante:

– Estou esforçando-me duramente para aprender que estar morto é na realidade estar mais vivo. É uma excelente ideia essa de narrar os fatos. Já há muito deveria ter sido feito isso.

E, uma a uma, começam a chegar as verdades que a Doutrina Espírita já nos ensinou há tanto tempo. Por exemplo: numa tentativa de entrar em contacto com o Espírito de Maren Bergrud, sua secretária, que também se suicidara, o Bispo é avisado de que ela ainda está muito confusa e sem condições de falar.  

A REAÇÃO FOI PRONTA E ABUNDANTE 

Os Espíritos estavam cuidando dela com todo o afeto e atenção, mas Maren sofria bastante e estava mergulhada num estado de grande confusão mental. "Isto era perturbador –  escreve Pike –, mas refletia o que eu aprendera ser comum: que aqueles que morrem de morte violenta, ou que se suicidam, encontram maior dificuldade em ajustarem-se do outro lado."

Ao cabo de algum tempo e depois de um programa gravado para a televisão canadense com o famoso médium Arthur Ford, a coisa explodiu na imprensa, como uma bomba, nas manchetes escandalosas: o Bispo Pike afirmava ter conversado com o filho morto! Como se fosse a maior novidade do mundo alguém conversar com Espíritos...

A reação de amigos, conhecidos e desconhecidos, foi pronta e abundante. Cartas, telegramas e telefonemas choviam sobre o Bispo. Uns para ajudar, para oferecer consolo, sugestões, narrar fatos semelhantes; outros, para dizer os maiores absurdos e impropérios. Um colega sacerdote escreveu um artigo para "provar" que Pike não havia falado com o Espírito do filho e sim com o demônio. Nesse artigo, até mesmo fatos que eram do domínio público, porque haviam sido narrados pelos jornais, estavam truncados. Uma lástima... Quem poderia, no entanto, convencer um pai de que o Espírito com quem falou era do demônio e não do seu filho? Não conhecemos os modismos, as expressões, as tendências, as preferências e antipatias dos nossos filhos?

“Muitos cristãos – comenta Pike, algo aturdido – não acreditam na comunicabilidade dos Espíritos, mas aceitam a ‘ressurreição" do Cristo’.” “Era de esperar – prossegue – que esses cristãos acolhessem com enorme alegria a ‘prova de que a sua fé não é em vão’. Em lugar disso, a reação é predominantemente negativa, cheia de paixão e intolerância.”

Ao cabo dessa longa e penosa aventura, o Bispo estava convencido da sobrevivência do seu filho Jim. Muitas perguntas ainda lhe restavam sem respostas adequadas, mas é de admitir-se que depois de uma vida dedicada aos dogmas e ao pensamento ortodoxo que imobilizou em fórmulas o Cristianismo do Cristo, muita coisa ficasse mesmo por compreender e aceitar. Agora, porém, o Bispo James A. Pike também se encontra no mundo espiritual. Lá está, certamente, dando prosseguimento aos seus estudos e pesquisas. Algum dia ele voltará como Espírito manifestante ou reencarnado para contar o resto do seu drama. Vai ser uma história muito conhecida de todos nós espíritas: a de que o Espírito preexiste, sobrevive e reencarna. Que as leis de Deus são justas e infalíveis e não eivadas de dogmatismos intolerantes. Que somos todos irmãos em busca de luz e de paz.  



 


 
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