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Ano 11 - N° 512 - 16 de Abril de 2017

ANDRÉ RIBEIRO FERREIRA
andure@uol.com.br
Brasília, DF (Brasil)      

 

 
Carlos Roberto da Silva Júnior:  

“Ainda é o orgulho, acompanhado do egoísmo e do medo, os maiores entraves a serem superados” 

O autor de Autoconhecimento: a chave da mudança e Entenda Jesus conta-nos como foi o processo de elaboração dos livros
 e principalmente da mudança pessoal para chegar à compreensão que os livros apresentam

Natural de Recife (PE), Carlos Roberto da Silva Júnior (foto) reside hoje em Curitiba. De formação religiosa inicial católica, por influência da mãe, aos 18 anos ganhou do pai um livro espírita de Luiz Sérgio intitulado O mundo que eu encontrei, com o qual se identificou e o fez buscar um entendimento maior da Doutrina Espírita. Foi quando passou a

frequentar a Comunhão Espírita de Brasília, o que se deu em 1991.  

Sua primeira realização na seara espírita foi ajudar na fundação do Centro Espírita GASFA (Grupo Assistencial São Francisco de Assis), por influência de sua esposa Rosangela Barreira Leonardo da Silva. O GASFA inicialmente funcionava precariamente numa escola da Colônia Agrícola Vicente Pires, mas depois, com ajuda dos trabalhadores da época, se estabeleceu no Paranoá (Zona Rural), onde funciona até hoje com várias atividades espirituais e assistenciais.

Na Comunhão Espírita, de onde nunca se desligou, fez o Estudo Sistematizado, Educação Mediúnica e diversos cursos específicos para atuação no Atendimento Fraterno, em palestras, passes e atividades mediúnicas diversas.  Paralelamente, fundou com sua esposa o GEPA – Grupo de Estudo e Prática de Autoconhecimento, após formação em Psicologia, no qual atuam por mais de 15 anos esclarecendo aos interessados a aplicabilidade prática das palestras publicadas por Eva Pierrakos nos livros Não temas o mal e O caminho da autotransformação, que unificam ciência e religião, mais especificamente, psicologia, filosofia, sociologia, antropologia e espiritualismo.

O confrade concedeu-nos a seguinte entrevista. 

O que o motivou a escrever o livro "Autoconhecimento - A chave da mudança"?  

Este livro foi fruto do trabalho voluntário realizado no GEPA – Grupo de Estudo e Prática de Autoconhecimento, onde muitas palestras proferidas foram gravadas e, a pedido dos participantes, resolvi também escrever. As pessoas alegavam dificuldade de entendimento e, principalmente, de aplicação prática do conteúdo dos livros de Eva Pierrakos, mesmo quando recorrendo a outros livros, tais como: O eu sem defesas, de Susan Thesenga. No meu entendimento, o autoconhecimento é a principal necessidade do ser na vida, o meio prático para a verdadeira reforma íntima, tão incentivada na Doutrina Espírita e, sem dúvidas, o principal objetivo da reencarnação. 

E quanto ao livro "Entenda Jesus", qual foi a motivação? 

Foi uma retribuição ao muito que recebi da Doutrina Espírita, em especial ao acolhimento da Comunhão Espírita de Brasília. Meus amigos de grupo mediúnico solicitaram diversas vezes que escrevesse um livro direcionado especificamente ao público espírita, com objetivo de compartilhar algumas interpretações de trechos do Evangelho de Jesus, sob a luz da psicologia espiritista, enfocando autores como Joanna de Ângelis, Hammed, Ermance Dufaux, entre outros, que se dedicam a trazer a compreensão dos meios comportamentais para melhoria do ser, conforme propõe Doutrina Espírita. 

Qual é, segundo seu entendimento, a contribuição das duas obras para a Doutrina Espírita?       

As duas obras são ricas em exemplos práticos de comportamentos e atitudes a serem tomados pelos leitores diante das dificuldades cotidianas. As pessoas precisam de clareza, especificação máxima possível, para entender o que fazer em cada problema, em cada situação vivenciada, pois não conseguem aplicar conteúdos morais, quando passados de forma genérica, como o próprio Kardec citou em O Livro dos Espíritos, questão nº 647. 

Que método utiliza e quanto tempo leva na elaboração literária? 

O método é de pesquisa bibliográfica, em diversas fontes: Psicologia, Sociologia, Antropologia, livros de autoajuda mais técnicos (Eva Pierrakos) e, claro, a Literatura Espírita, incluindo principalmente as obras básicas de Allan Kardec, André Luiz, Emmanuel, Joanna de Ângelis, Hammed, Ermance Dufaux, entre outros. Isso é demorado, pois precisa ser minucioso, criterioso, analítico e leva cerca de dois anos para completar uma obra. 

Foi influenciado pela prática de alguma instituição ou sua iniciativa é toda particular? 

Minha inspiração vem da vivência particular na busca da aplicabilidade do que aprendo na Doutrina Espírita, através do autoconhecimento proporcionado tecnicamente pela psicologia e outros estudos. É preciso questionar com sinceridade os preceitos morais aprendidos, entender a dificuldade de aplicá-los na vida, descer aos detalhes menores para então descobrir uma forma de verdadeiramente alcançar tais comportamentos libertadores e usufruir dos seus efeitos. 

Qual a importância dos profissionais e dos conhecimentos da psicologia e abordagens comportamentais para a Doutrina Espírita na atualidade? 

A importância se dá pelo método de estudo científico, que precisa detalhar os eventos ao nível mais básico possível para ser possível a reprodução do conhecimento e aplicabilidade do mesmo em qualquer tempo ou lugar, por qualquer pessoa. Os postulados não são verdades absolutas, são hipóteses que precisam ser testadas e validadas de forma racional e lógica para então constituir um entendimento prático e útil. O método de construção de conhecimento mais usado na Doutrina Espirita é a revelação através da mediunidade, o que não confere ao indivíduo apropriação experiencial imediata do conhecimento. Por outro lado, a revelação mediúnica antecipa conhecimento que somente será dominado mais tarde pela ciência. Na unificação desses dois métodos de produção do conhecimento está a maior produtividade possível.         

Como você vê a qualidade da literatura Espírita, em geral, no momento atual?    

Na atualidade, os espíritos mais voltados para psicologia, como Joanna de Ângelis, Hammed, Ermance Dufaux, Lucius, assim como escritores como Dr. Alírio de Cerqueira Filho, Eva Pierrakos, entre outros, lideram um movimento de aprofundamento e atualização do entendimento das questões morais, mais condizentes com o amadurecimento da humanidade e com o momento atual. Percebo também que há uma resistência no movimento espírita a essa abordagem, pois alegam que existe muita ênfase no trato das imperfeições humanas. Contudo, esses críticos ignoram que foi justamente isso que os espíritos recomendaram a Kardec que fizéssemos na questão nº 14 de O Livro dos Espíritos: ”(...) Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçardes delas”. 

Quais as principais dificuldades a superar? 

Ainda é o orgulho, acompanhado do egoísmo e do medo os maiores entraves a serem superados pelo ser humano encarnado na terra. Citei o orgulho em primeiro lugar, pois a maioria que busca qualquer religião não deseja descobrir em si mesmo o mal que reclama existir no mundo. Ainda acreditamos ser mais fácil acusar os outros, o governo, os parentes, os “bandidos”, pela infelicidade e infortúnios vividos, sem voltar os olhos e atenção para si mesmo e encontrar não somente suas próprias imperfeições, mas, principalmente, procurar entender o motivo de elas existirem de forma específica em nossa história de vida, para então poder superá-las.        

Qual o papel dos escritores, dirigentes e líderes espíritas na melhoria e preservação da qualidade dos conteúdos literários espíritas? 

Acredito que grupos de escritores e líderes espíritas têm seu papel e objetivo em cada época, traçados pela espiritualidade superior que dirige o desenvolvimento da humanidade como um todo. Não raro, muito do que é produzido de conhecimento dentro da doutrina espírita está também sendo divulgado em outras religiões, diferentes culturas e até sendo seriamente estudado pela ciência. O movimento espírita precisa avançar mais no quesito da universalização, no sentido de englobar de fato as conquistas científicas, se abrir mais para o debate dos assuntos emergentes, e divulgar também assuntos que tocam o cotidiano das pessoas.        

O que, na sua percepção, precisa e pode melhorar no incentivo e na formação de novos escritores espíritas? 

Creio que no Brasil existe uma dificuldade natural para o ofício de escritor, tanto na publicação, quanto na distribuição de livros, pois para um desconhecido começar a escrever não precisa apenas se voluntariar, mas também investir na publicação, e creio que isso ocorra em qualquer área do conhecimento. No movimento espírita o processo é ainda mais fechado, muito concentrado na publicação de livros mediúnicos, de médiuns renomados, e muito pouca publicação de estudos ou pesquisas não mediúnicas. Se já existe um filtro bastante criterioso para a produção mediúnica, os estudos bibliográficos ficam praticamente à margem e, na minha opinião, sem o devido espaço para divulgação.  

Quais os seus planos em relação ao futuro? Pretende continuar a escrever? 

Muitas pessoas compartilharam comigo sua experiência pessoal de mudança de vida com a leitura dos livros que publiquei. Assim como aconteceu comigo mesmo, com o livro de Luiz Sérgio (O mundo que eu encontrei), que mudou a direção espiritual da minha vida, e mais tarde com o livro O caminho da autotransformação, de Eva Pierrakos, que determinou minha escolha pela Psicologia e mudou completamente minha área de atuação profissional.

Por isso, apesar das dificuldades, pretendo continuar o trabalho de escrever, fazer palestras e compartilhar meu entendimento do Evangelho de Jesus, Doutrina Espírita, Psicologia, Filosofia e outros ricos campos do conhecimento, debatendo esses assuntos de forma didática e profunda, com sentido prático, para que não fique apenas no plano das ideias e, quiçá, continuar tocando uma ou outra alma, sendo afetado e afetando vidas para o despertar de nossa consciência criadora, poderosa e infinita.         

Sua mensagem final aos nossos leitores. 

Nestes últimos anos, tenho amadurecido muito no sentido de entender que a vida não dá saltos, que o ritmo da vida é o ritmo da natureza: bem lento, mas nunca se detém, que as mudanças são gradativas e precisam ser feitas com muita consciência, entendimento e aceitação. Posso dizer que realmente Deus está dentro de nós, não está fora, não está preocupado com nossos defeitos, nem deseja interferir em nosso livre-arbítrio, está sempre doando toda energia possível para nossa realização pessoal, precisando apenas que venhamos a entender a melhor forma de fazer isso, ou melhor, que venhamos a descobrir o caminho dentro de nós, em nossa própria história de vida, pois todo problema tem uma solução, todo enigma, cedo ou tarde, se revelará numa simples verdade libertadora para aquele que busca com sinceridade as respostas da vida. 


 
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita