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Ano 10 - N° 497 - 1° de Janeiro de 2017

ROGÉRIO MIGUEZ
rogmig55@gmail.com
São José dos Campos, SP (Brasil)

 
 

Rogério Miguez

Allan Kardec e
os Banquetes Magnéticos

Os princípios do Magnetismo Animal nos acompanham desde o início de nossa história, e mesmo antes, afinal são leis de Deus. Somos emissores e receptores de fluidos magnéticos, queiramos ou não, independente de nosso credo, raça e estágio evolutivo.

A capacidade de manipulação do Magnetismo Fluídico está entranhada na essência do Espírito, pode ser controlada pela vontade, mas não pode ser suprimida, faz parte da mecânica dos postulados divinos.

Não é raro homens ilustres se interessarem particularmente por determinados assuntos na infância ou mesmo na juventude, e deste conhecimento precoce terem favorecida no futuro a condução da particular missão destes Espíritos.

Este foi o caso, cremos assim, de Allan Kardec, basicamente um educador, escritor de livros didáticos de alcance nacional, isto na França, talvez a cultura de maior destaque do mundo no século XIX.

Antes de iniciar a sua especial missão de elaboração do Pentateuco Espírita, em 1823, com apenas 19 anos, o Prof. Rivail teve a atenção voltada para os fenômenos magnéticos, passando a frequentar os trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris. Desse momento em diante se envolveu por 35 anos seguidos com magnetismo e magnetizadores, tornando-se ele mesmo um deles. Por qual razão se interessar tão jovem pelo magnetismo? Sem dúvida, esta iniciação nas leis do magnetismo, este passado “magnético”, certamente o ajudou sobremaneira na elaboração da teoria espírita, pois nada ocorre por acaso.

Naqueles tempos havia grande interesse e aceitação no mundo pela chamada Ciência do Magnetismo, mas de igual modo existiam opositores ferrenhos e a própria mentalidade científica não via com bons olhos os chamados passes magnéticos. Pairava certa desconfiança de tudo ser apenas charlatanismo, conduzido pelo seu maior divulgador e praticante: Franz Anton Mesmer. 

Por que dois banquetes anuais em tributo a Mesmer? 

A despeito desta oposição, o Magnetismo assumiu tal relevância à época de Kardec, pois a prática realizava inúmeras curas, e contra fatos não há argumentos contrários, que em todo dia 23 de maio, aniversário natalício de Mesmer, o estudioso por excelência do Magnetismo Animal, realizavam-se dois banquetes anuais reunindo a nata dos magnetizadores de Paris e adeptos estrangeiros, conforme registro na Revista Espírita de 1858.(1)

O professor Rivail, como magnetizador e estudioso do assunto, convidado e participante dos eventos, indagava: Por qual motivo a solenidade comemorativa era sempre celebrada em dois banquetes rivais, onde cada grupo bebia à saúde do outro e onde, sem resultado, erguia-se um brinde à união?

O fato se “justificava”, pois havia um cisma entre os simpatizantes e praticantes do Mesmerismo. Algo semelhante ao que aconteceu, acontece e acontecerá, em muitos outros campos do conhecimento.

Naquele evento, refletia ainda: Tem-se a impressão de que estão prestes a se entenderem. Por que, então, uma cisão entre homens que se dedicam ao bem da humanidade e ao culto da verdade? A verdade não se lhes apresenta sob a mesma luz? Têm eles duas maneiras de entender o bem da humanidade? Estão divididos quanto aos princípios de sua Ciência? Absolutamente. Eles têm as mesmas crenças e o mesmo mestre, que é Mesmer, desencarnado em 1815. Se esse mestre, cuja memória invocam, atende a seu apelo, como o cremos, deve sofrer ao ver a desunião dos discípulos.

Os magnetizadores buscavam através de técnicas com movimentação ou imposição de mãos, entre outros métodos, transmitir os salutares fluidos magnéticos, buscando a cura de quantos os procuravam, vindo deste fato o questionamento do Codificador. Afinal, o objetivo era nobre, restituir a saúde aos doentes, como poderiam divergir sobre este intento? 

Os apelos da espiritualidade em prol da unificação 

Continuando a raciocinar: Por mais inofensiva que seja essa guerra não é menos lamentável, embora se limite aos golpes de pena e ao fato de beber cada um no seu canto. Gostaríamos de ver os homens de bem unidos por um mesmo sentimento de confraternização. Com isso a Ciência Magnética lucraria em progresso e em consideração.

E quem não gostaria, perguntamos também? A perplexidade do Sábio Gaulês se justificava plenamente, pois não podia compreender como adeptos desta útil Ciência pudessem se dividir, deixando para a posteridade exemplo pouco edificante. Afinal ele iniciava uma tarefa de imensa relevância visando esclarecer a humanidade, um trabalho imenso ainda o aguardava. Poderia o mesmo acontecer à Consoladora Doutrina em via de preparação?, possivelmente também se perguntava.

Isto se deu várias décadas atrás; o mestre lionês acabara de publicar O Livro dos Espíritos, em 1857, as primeiras luzes que iriam iniciar o processo de iluminação da humanidade já estavam a brilhar, contudo o fato apresenta um paralelo surpreendente ao momento atual. Mudou o foco, os adeptos são outros, mas a cisão continua, agora entre os seguidores da própria Doutrina dos Espíritos.

A espiritualidade tem enviado vários chamamentos no sentido de viabilizar a unificação, entretanto, cremos, não tem surtido o efeito desejado, pois as divisões continuam, seja na prática, seja na teoria, ou em ambas, apesar de os livros básicos espíritas serem exatamente os mesmos, nada mudou. É fato, muito tem sido acrescentado pelo trabalho de dedicados médiuns, notadamente Chico Xavier, Divaldo Franco e Raul Teixeira, entre muitos outros, possibilitando o recebimento de variadas instruções de nobres e capacitados Espíritos, contudo, destaque-se, em nada elas alteraram o conteúdo granítico do Pentateuco. 

Exemplos dos descaminhos atuais nas lides espíritas 

Mesmo assim, cada agremiação espírita quer possuir a sua verdade. Argumentam ser a Doutrina de inteira liberdade, e não estão errados, mas concluem equivocadamente quando decidem ser de cada qual a escolha de como praticá-la, interpretá-la e de quais livros adotar, esquecendo-se de que liberdade deve sempre ser acompanhada por reponsabilidade. (2)

Tomemos alguns pouquíssimos exemplos dos descaminhos atuais de alguns praticantes do Espiritismo:

1.       Já se tem notícia da existência de mais de 50 médiuns psicografando mensagens do Espírito desencarnado Chico Xavier, e como se não bastasse, já há centro(s) recebendo orientações mediúnicas do médium mineiro, seu particular “mentor”;

2.       Outros, em nome de suas peculiares interpretações das Leis de Deus, baseados em literatura não confiável, afirmam existir banheiros no plano espiritual, onde os Espíritos precisariam necessariamente deles se utilizar para funções de “limpeza do perispírito”;

3.       Vendem-se livros de qualquer natureza em certas casas espíritas, usados ou novos, sem se importar com o teor dos mesmos, visando apenas à obtenção de receitas;

4.       Há relatos de casas organizando cerimônias de casamento, batizado, bênção de aliança, quando os participantes usam vestes brancas e se fazem acompanhar pelos seus respectivos padrinhos;

5.       Adeptos das músicas espiritualistas inovaram, pois se apresentam tais quais antigos grupos religiosos, trazendo para o interior das casas o clima igrejeiro, enaltecendo esse ou aquele personagem religioso de nossa história ou mesmo espíritas desencarnados, como se fossem santos;

6.       Organizam-se festas nas dependências de casas espíritas, não deixando nada a desejar a nenhum salão de festas de nosso ambiente urbano;

7.       Sobre o passe, é um capítulo especial, visto existir várias modalidades e todos os seus praticantes se justificam baseados nos exemplos de Jesus, em detalhes da Codificação, e, infelizmente, em propostas não espíritas. Há mesmo aqueles advogando e ensinando não haver transmissão de fluido vital durante o trabalho de passes! 

Como evitar o lamentável quadro?  

Pode-se facilmente compreender por este diminuto número de simples exemplos como caminha o Espiritismo no Brasil. Kardec, onde estiver, seguramente estará também refletindo sobre a situação, com a agravante de não se tratar agora apenas de uma divisão no segmento de praticantes do magnetismo, mas de todo o conjunto do movimento espírita.

Como evitar tal quadro? Uma possível solução, talvez a sugestão mais eficaz, seria manter-se fiel aos conceitos contidos nas obras básicas, e só seguir outras literaturas comprovadamente espíritas.

Não se impressionar por pseudoliteraturas espíritas quando, pelo simples fato dos livros trazerem em suas contracapas os dizeres “livros espíritas”, passam a ser aceitas e, ainda mais preocupante, estudadas, como se fossem material espírita, chegando mesmo a ser recomendadas em certas agremiações espíritas como estudos iniciais àqueles que adentram  os centros pela primeira vez, sem qualquer orientação aos neófitos.

Os chamados Banquetes Magnéticos nos deixaram esta preocupante lição, e indagamos: quando nos tornaremos atentos e vigilantes às “pseudonovidades espíritas”, não as aceitando, e desta forma minimizando as divisões no seio da comunidade espírita, pois aquelas surgem às dezenas neste momento de transição planetária, muitas convidando-nos a esquecer do Mestre Gaulês? 

 

Referências

(1) KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 1, n. 6, jun. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Variedades – Os banquetes magnéticos. 

(2) MIGUEZ, Rogério. Consultar o artigo intitulado “Falando de liberdade”, publicado na revista Reformador, ano 132, n. 2.225, agosto de 2014, p. 46 a 48.


 


 
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