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Ano 10 - N° 493 - 27 de Novembro de 2016

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 

 
Alan Cezar Runho: 

“O trabalho é uma ferramenta de evolução moral, não
um castigo”
 

Espírita de berço, o confrade, que é Juiz do Trabalho em sua cidade, fala-nos sobre o trabalho e sua importância no
processo evolutivo do ser humano
 
 

Alan Cezar Runho (foto), espírita desde a infância, natural de Araraquara, no interior paulista, onde também reside, é um dos colaboradores do Centro Espírita Portal da Luz, da mesma cidade. Juiz do Trabalho desde 1998, o confrade concedeu-nos gentilmente a entrevista seguinte, em que o tema central é o trabalho em face das Leis divinas e das

leis dos homens.


O Livro dos Espíritos 
dedica um capítulo inteiro para tratar da Lei do Trabalho. Que essência podemos extrair desse capítulo para nossas ações no bem a que somos chamados?


A compreensão de que o trabalho, de todas as formas, é uma necessidade perpétua do Espírito, seja para o completo desenvolvimento de suas competências em busca da perfeição, seja para colaborar nos desígnios do Criador.

 

Como conciliar a imperfeição das leis humanas, concernentes às leis trabalhistas, e a sabedoria das Leis Divinas quanto ao trabalho?

 

As leis humanas existem porque o homem ainda não aprendeu a amar. Quando praticarmos a lei do amor em toda sua essência, querendo para os outros o que queremos para nós mesmos, constataremos quanto as leis humanas são supérfluas. Ao nos pautarmos pela ética do Cristo nos relacionamentos humanos, a imperfeição das leis humanas deixará de ser um obstáculo.

 

Da legislação humana específica do trabalho, em sua opinião, quais aspectos mais progrediram de forma a se aproximarem dos objetivos da Providência Divina com relação ao bem dos seres humanos?

 

Ao longo dos anos, destaco como os maiores progressos da legislação trabalhista: 1) o aumento da proteção do trabalhador em relação à duração da jornada e às condições de higiene e segurança do trabalho, evitando a prematura degradação física e psíquica do ser humano; 2) a proibição contra qualquer tipo de discriminação por motivo de sexo, idade, cor, crença religiosa ou estado civil, evidenciando o conceito da fraternidade; e 3) recentemente, o reconhecimento da identidade de direitos do trabalhador doméstico, tido por alguns como o segundo estágio da Lei Áurea.

 

O que nos falta ainda aperfeiçoar na legislação trabalhista humana para maior proximidade com as Leis Divinas?

 

Assim como a dor nos alerta quanto à necessidade de retomar o caminho das leis divinas, penso que a legislação ainda é carente de mecanismos eficazes de persuasão ao cumprimento das obrigações legais. Embora o arcabouço jurídico seja bastante robusto na previsão de direitos e garantias, o empenho estatal para o seu respeito ainda é deficiente. Nesse estado de coisas, muitos se sentem tentados ao desrespeito a direitos fundamentais dos trabalhadores, aumentando as tensões e conflitos.

 

Nos embates jurídicos trabalhistas, o que é mais expressivo?

 

Infelizmente, a ganância e a incapacidade de exercer a alteridade, de colocar-se no lugar do outro na relação. De um lado, empregadores que escolhem descumprir obrigações básicas para auferirem maior lucro, apostando na impunidade; de outro, trabalhadores que vêm nas demandas judiciais uma chance de enriquecimento; de ambos os lados, representantes que esqueceram, ou não conheceram, o verdadeiro objetivo da Justiça e enxergam o processo apenas como uma fonte de renda. Isso acontece porque ainda somos materialistas e imediatistas. O orgulho ainda é traço marcante em nós e não compreendemos a lição do Cristo quando nos ensinou que a bem-aventurança está na brandura e na pacificidade.

 

Como um juiz trabalhista procura ou consegue conduzir, diante da imperfeição das leis humanas, os interesses de patrões e empregados e a consciência de retidão indicada pela profissão?

 

Ainda que não se mostrem perfeitas, as leis humanas já evoluíram bastante e oferecem recursos suficientes para o julgamento das causas. A sensibilidade do juiz na apreciação dos conflitos e dos conflitantes é o diferencial para uma solução justa. Sua maior dificuldade é identificar suas próprias mazelas. Por que determinadas posturas dos conflitantes e de seus representantes o incomodam mais que outras? O que há de imperfeição nele que está sendo refletido na postura dos litigantes? Quando o juiz consegue identificar tais fragilidades, encontra maior facilidade para conduzir as partes a uma conciliação, ou serenidade necessária para distribuir o direito a cada um.

 

Algo marcante que gostaria de destacar de suas lembranças no tocante à profissão e o conhecimento espírita?

 

Talvez não propriamente uma lembrança ou fato marcante, mas a compreensão que o conhecimento espírita me possibilita de que a Justiça Divina sempre está presente, mesmo nos meus erros de apreciação ou de julgamento. Ainda que busque uma postura reta e imparcial, compreendo que não sou o promotor da Justiça mas, sim, um de seus inúmeros agentes.

 

O egoísmo e o orgulho ainda têm sido grandes obstáculos nas conciliações trabalhistas? Um juiz consegue atenuar esses quadros?

 

Penso que já adiantei tal convicção nas perguntas anteriores e respondo afirmativamente. A postura materialista advinda do egoísmo e do orgulho é o maior entrave à conciliação. O juiz consegue atenuar esse quadro quando age com serenidade e domina a arte da persuasão, como Jesus no episódio da mulher adúltera. Não foi com o emprego de força ou argumentação sólida, tampouco com a exibição de seu título de autoridade que Jesus fez cessar a agressão àquela mulher, mas com a persuasão.

 

Com o conhecimento espírita o que lhe sobressai diante do trabalho remunerado e seus desdobramentos?

 

O trabalho remunerado é uma necessidade. Conforme posto na resposta à questão 674 de O Livro dos Espíritos, “a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e os seus prazeres”. Penso que a maior dificuldade seja identificar quais são as reais necessidades e as aptidões naturais de cada um. A esse respeito, as respostas às questões 926 a 928 - a da mesma obra são excelentes fontes de reflexões.

 

E o trabalho voluntário, como é visto no binômio leis e progresso espiritual?

 

Em última análise, o trabalho voluntário atende às finalidades da encarnação, assim compreendidas na forma da resposta à questão 132 de O Livro dos Espíritos. A um só tempo, propicia o aprimoramento (físico, intelectual e espiritual) de quem o desempenha e contribui para com a Criação ou, como expresso naquele texto, põe “o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da Criação”.

 

Algo mais que gostaria de acrescentar?

 

Lembrei-me de um vídeo sobre Chico Xavier exibido pelo amigo Orson Peter Carrara em uma de suas palestras e que exemplifica qual é o limite do trabalho. O incansável irmão que dedicou a encarnação para servir Almas e Espíritos, até o limite de suas forças.

 

Suas palavras finais

 

Que possamos compreender o trabalho como uma ferramenta de evolução moral, e não como um meio de acumulação de riquezas materiais, tampouco como uma punição, como na interpretação precipitada da alegoria bíblica.

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita