Year 10 - N° 468 - June 5, 2016

WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Entrevista Espanhol Inglês    

Ano 10 - N° 486 - 9 de Outubro de 2016

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 

 
Alcione Andries Lopes: 

“É preciso ponderar sem paixões e preconceitos para discernir com proveito”

A palestrante mineira fala-nos sobre sua experiência
e sua atuação nas lides espíritas
 

Alcione Andries Lopes (foto) é mineira de Leopoldina (MG), hoje residente em Juiz de Fora (MG). Nascida em lar espírita, é a filha mais velha de Washington Duarte Andries e Penha Ferreira. Casada com Henderson Marques Lopes, é mãe de três filhos e avó de cinco netos. É colaboradora de diversos periódicos espíritas e não espíritas com

artigos em jornais e revistas. Farmacêutica, formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ), está aposentada como professora da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal de Juiz de Fora.  

Atualmente vinculada aos Setores de Divulgação, de Mediunidade, de Família e de Atendimento Fraterno, do Centro Espírita Amor ao Próximo, em Juiz de Fora, ela concedeu-nos a seguinte entrevista: 

Como foi sua iniciação no Movimento Espírita? 

Nossa lembrança mais remota de participação no Movimento é de meu pai levando-me pela mão, talvez com uns cinco anos de idade, à Escolinha de Evangelização do C.E. Amor ao Próximo, em Leopoldina (MG). Apreciava, ainda, acompanhá-lo nas palestras que ele proferia em várias cidades da Região, bem como auxiliá-lo no serviço de assistência social do Centro. Eram manhãs radiosas, em que me sentia extremamente “importante” por estar ali, junto ao pai querido, ajudando-o a pesar o leite em pó e a fechar os saquinhos, enquanto ele contava histórias, casos, falava de Jesus... E quando terminávamos cobertos de pó branco, quanta alegria ao contemplar a pilha de saquinhos organizados com tanto carinho! Crescendo, passamos para as reuniões da Mocidade.  

Hoje sua atuação é primordialmente na cidade de Juiz de Fora (MG). Foi a partir de quando? 

Foi a partir de 1966, quando chegamos a fim de preparar-nos para o vestibular. Fomos logo encaminhada ao C.E. Ivon Costa, integrando-nos à Mocidade João de Deus, assumindo encargos na evangelização de crianças. Também no C.E. Ivon Costa apresentamos nosso primeiro estudo em reunião pública, ainda em 1966, atendendo a convite da Diretoria, que dava aos jovens que desejassem ser expositores, e se preparassem, 20 minutos para desenvolver um tema, naturalmente sob a carinhosa supervisão dos dirigentes da reunião. No segundo semestre de 1966 começamos a participar do Departamento de Mocidade da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora, onde conhecemos o Henderson, então diretor do referido Departamento, com quem me casaria em 1971. Permanecemos, desde então, além do vínculo com o Centro, integrada às atividades da AME, nas áreas de Evangelização Infantil, Divulgação, Família, Conselho Regional Espírita, vice-Presidência e Presidência. Graças ao generoso amparo do Alto, permanecemos, sem interrupção, no trabalho, até os dias de hoje. 

Em sua opinião, o que mais necessitamos fazer para que o movimento espírita atinja seus justos objetivos? 

Em Obras Póstumas, nos capítulos ‘Projeto 1868’ e ‘Constituição do Espiritismo’ registra Kardec que um dos maiores obstáculos à propagação da Doutrina seria a falta de unidade, e que, para mantê-la, sobretudo no futuro, três critérios deveriam ser rigorosamente observados: (1) determinação, com precisão e clareza, de todas as partes do corpo doutrinário (e o Codificador o fez magistralmente); (2) não sair do círculo das ideias práticas (estar atento ao aspecto científico do Espiritismo) e (3) não olvidarmos seu caráter progressivo. Cremos, então, que aquele que se proponha colaborar para a divulgação do Espiritismo, guardando fidelidade aos seus objetivos, há que estudar metódica e sistematicamente o conteúdo doutrinário, atualizar-se com as conquistas do saber humano, incorporar o conhecimento adquirido à vivência e engajar-se no trabalho ativo, cultivando convivência realmente fraterna e solidária. É o desenvolvimento da fé operosa. 

Nas várias casas espíritas que visita para fazer palestras o que mais a deixa feliz? 

Quando, através de olhares atentos ou comentários posteriores, percebemos interesse e aproveitamento das pessoas pelo que está sendo ou foi dito; quando se interessam pela leitura de livros citados ou indicados; quando nos abraçam, ao final da conversa, e dizem coisas como “Estava precisando ouvir o que você falou” ou “Puxa, a maneira como o assunto foi colocado ‘abriu minha cabeça’... Vou pensar melhor sobre isto”. Fatos como esses significam, para nós, que estamos sendo instrumento razoável para a Espiritualidade, que encontra em nosso esforço sincero meios de auxiliar, esclarecendo e amparando companheiros de jornada, às vezes levados até ali por dedicação e empenho dos Amigos Espirituais. 

Há uma receita para que a depressão não atinja os espíritas? 

Temos vasto e excelente material sobre o tema, desenvolvido por escritores sérios e capacitados na área de saúde humana para abordá-lo. De nossa parte, diríamos que, conquanto o avanço da Ciência Médica, em suas várias abordagens, nos proporcione a cada dia mais amplos recursos para a prevenção e tratamento da depressão, acreditamos que, no Evangelho de Jesus e nos postulados espíritas, encontramos as bases seguras para serem desdobradas no encaminhamento da questão, com entendimento profundo e aplicação de exortações como: “Buscai, antes de tudo o seu reino, e estas cousas vos serão acrescentadas”; “... o reino de Deus está dentro em vós”; “... aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço...”; “Não andeis ansiosos pela vossa vida...”; “... aprendei de mim que sou manso e humilde de coração...”; “... toma o teu leito, e anda” “... aquele que perseverar até ao fim...”; “Conhece-te a ti mesmo”; “A felicidade está na razão direta do progresso realizado” etc. Somando-se a isso, conhecer, entender, aceitar e aplicar ao cotidiano a resposta que os Espíritos deram a Kardec, no item 922 de O Livro dos Espíritos, sobre a felicidade possível na Terra, sem dúvida alguma, será meio eficaz de contribuirmos para a melhoria de nossa qualidade de vida desde já. 

Quais os meios mais eficazes para se fazer através do movimento espírita uma boa interação com a sociedade não espírita? 

Ainda com Jesus e Kardec: “Não façais aos outros o que não quereis que vos façam” e “Trabalho, Solidariedade, Tolerância”. 

Há diferenças relevantes entre as casas espíritas que frequenta? Em caso afirmativo, o que deveria permanecer? 

Diferenças que observamos se referem, sobretudo, àquelas relacionadas com o porte, com o tamanho da Instituição, na parte física e no número de frequentadores. Temos a alegria de conhecer centenas de Instituições Espíritas, em inúmeras cidades e, de modo geral, seus trabalhadores se esforçam por delas fazerem locais eficientes nos misteres da Evangelização, Consolação e Esclarecimento, que são os objetivos do Centro Espírita. Inegavelmente, as mais acolhedoras são aquelas em que vige a fraternidade legítima e sincera entre trabalhadores e destes com o público, sem os pruridos do personalismo, da vaidade, das murmurações maledicentes, que são o joio infeliz em qualquer seara. Já nos alertou Emmanuel em sua obra Educandário de luz que “Um grêmio espírita cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar, onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos”. 

Como o espírita deve agir para superar seus problemas pessoais e permanecer firme nas tarefas que assumiu? 

No cap. III da 2ª Parte da obra Paulo e Estêvão (Emmanuel / F.C.Xavier), o autor narra um extraordinário encontro de Paulo, ainda encarnado e perdido em profundo desalento, com os Espíritos Estêvão e Abigail. Ante quatro perguntas que Paulo lhe faz sobre como entender o que Jesus desejava dele, o que fazer para cumprir a promessa feita ao Mestre, como enfrentar o desânimo e a indiferença dos homens, a noiva espiritual lhe traça luminoso roteiro baseado em quatro verbos: AMAR, TRABALHAR, ESPERAR e PERDOAR. Cremos seja este o excelente caminho a trilhar para quantos nos candidatamos a aprendizes do Evangelho, verdadeiros espíritas, trabalhadores da última hora.  

Já pensou em desistir de ser palestrante espírita? 

Não! Enquanto nos for possível continuar aprendendo e compartilhando o que de melhor construirmos portas adentro da alma, o faremos com a maior alegria e gratidão a Jesus! 

Seria bom que o movimento espírita melhorasse onde e por quê? 

Embora seguindo o ritmo possível, através da dedicação dos seus trabalhadores, dos dois planos da existência, acreditamos que seria muito bom que aderíssemos definitivamente ao empenho dos Benfeitores Espirituais, como Dr. Bezerra, Vianna de Carvalho, Guillon Ribeiro, Lins de Vasconcellos, e tantos outros, nas tarefas da Unificação. Acreditamos, com nossos Maiores, seja urgente maior UNIÃO de esforços para combater o personalismo, a acomodação, a indiferença e a superficialidade no trato com o sublime legado do Cristo, a partir de nós mesmos, desvestindo-nos do “homem velho” para que predomine, no raciocínio e no sentimento, a “terra boa”, onde as sementes do Evangelho frutifiquem em bênçãos mais amplas, segundo os projetos da Comunidade dos Espíritos Puros que governam nosso Sistema Solar, da qual Jesus é um dos membros divinos.  

O que diz das obras de Humberto de Campos (Espírito), hoje menos citadas? 

Estamos finalizando, para publicação neste ano do 130º aniversário de nascimento de Humberto de Campos, um artigo sobre esse que consideramos um dos mais brilhantes e corajosos cronistas da realidade espiritual. Se mais nada ele nos houvesse enviado, por meio da mediunidade de Francisco C. Xavier, os livros Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho, Lázaro redivivo, Reportagens de Além-Túmulo, Boa Nova, Estante da vida, Luz acima já seriam suficientes para colocá-lo na galeria dos mais dedicados servidores de Jesus no campo das letras libertadoras.  

É justo esperar que o tempo nos ajude a corrigir nossos erros ou devemos buscar soluções continuamente? 

Para desenvolvimento do germe da perfeição, que trazemos ínsito, por divina herança, contamos com vários recursos, determinantes, concorrentes e reguladores: a força para progredir, a vontade, o livre-arbítrio, as leis divinas e o tempo. Diz-nos o instrutor Gúbio, em palavras de André Luiz, no cap. 2 do livro Libertação, psicografado por Chico Xavier, que a “Educação para a eternidade não se circunscreve à ilustração superficial de que um homem comum se reveste, sentando-se, por alguns anos, num banco de universidade – é obra de paciência nos séculos”. E complementa o benfeitor Jerônimo, também através de André Luiz, no cap. XVI da obra Obreiros da Vida Eterna: “Esclarecimentos e consolações são dádivas de Deus, Nosso Pai, mas convicções e realizações constituem obra nossa”. 

Valem as propostas do antigo ou deve-se sempre buscar renovações? 

Sendo a Doutrina de caráter progressivo, devemos estar atentos aos avanços da Ciência do mundo, examinando, comparando, passando as propostas novas pelo crivo da razão. Para tal é imprescindível que se tenha sólido conhecimento dos fundamentos cristãos-espíritas. Se não os possuímos, que saibamos ouvir os que detêm maior conhecimento, mas também lucidez e humildade para admitir que não sabemos tudo. Ponderar sem paixões e preconceitos para discernir com proveito. 

Um momento ímpar, inesquecível, vivido por você. 

Por misericórdia, mais que por merecimento, a Espiritualidade tem sido extremamente generosa conosco, sendo-nos impossível contabilizar as inúmeras e duradouras alegrias da existência. Apesar de, como todas as criaturas, enfrentarmos quedas fragorosas, resgates, desafios, sofrimentos inerentes à nossa condição de Espíritos imperfeitos, em aprendizado e reajuste diante da Lei, sentimo-nos, quase sempre, de forma parecida ao que Paulo de Tarso colocou em suas palavras aos Coríntios (II Cor, 4:16): “Por isso não desanimamos: pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, o nosso homem interior se renova de dia em dia”. 

Suas palavras finais. 

Agradecendo a feliz oportunidade de falar ao coração daqueles que nos possam ler, envolvemos a todos em afetuosas vibrações de esperança, coragem e bom ânimo! Buscarmos a edificação com Jesus, amparados na Verdade libertadora que a Doutrina Espírita nos oferece, enfrentando, com humildade, absoluta certeza na vitória do Bem e muita paciência, qualquer desafio que se nos apresente nas veredas do crescimento para Deus, é viver em paz e alegria verdadeiras, sabendo-nos Cidadãos do Universo, criados pelo Amor e para o Amor, destinados à Vida Eterna e à Perfeição! E conduzidos, e estimulados e amoravelmente sustentados pelo Bom Pastor, que nos preparou tão lindo cenário – nossa Mãe Terra –, a fim de nele realizarmos parte de nossa evolução infinita! Quanto mais lutamos, buscando a união com Jesus, se perseveramos, vencendo aos poucos as mazelas que ainda nos caracterizam, mais leves nos tornamos, mais joviais, mais serenos! E melhor compreendemos o sentimento que pontua os dizeres finais de um poema da querida Auta de Souza, psicografado pela não menos querida Irthes Terezinha Lisboa de Andrade, intitulado Quando temos Jesus: “Quando temos Jesus, tudo é harmonia... Não existe o impossível... cai o véu... Se sofremos, se há gozo – há alegria prelibando as venturas lá do Céu!...”

 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita