A conversão do ateu Belarmino de
Queiroz e Sousa
Extraímos esse interessante caso de Memórias
de um Suicida, ditado pelo espírito Camilo
Cândido Botelho (pseudônimo dado pela médium
Yvonne A. Pereira a Camilo Castelo Branco) sobre
Belarmino de Queiroz e Sousa, o qual foi
materialista ferrenho e adepto do positivismo.
Após serem recolhidos do Vale dos Suicidas ou
Vale Sinistro, de lá foram retirados, pela
Legião dos Servos de Maria, os cinco espíritos
de origens portuguesas em suas vidas
autodestruídas – Camilo Cândido Botelho (tiro no
ouvido), Jerônimo de Araújo Silveira (tiro no
ouvido), Belarmino de Queiroz e Sousa (corte nos
pulsos), Mário Sobral (enforcamento), João
d’Azevedo (envenenamento) – além de outros
espíritos suicidas direcionados e instalados em
uma Colônia Correcional, dentro do Hospital
Maria de Nazaré.
Belarmino de Queiroz e Sousa havia sido um
professor de Dialética, Filosofia e Matemática.
De porte franzino, ateu positivista, poliglota,
havia sido honorificado como Doutor pela
Universidade de Lisboa; mantinha-se a polidez e
a educação adquiridas. Na vida corpórea,
encurtada pela tragédia do autocídio, ele foi
adepto de Augusto Comte (positivismo). Ele
viveu amargurado, sem esperança, voltado às
letras, e nada mais. Acometido pela tuberculose
(sem tratamento eficaz naquele século XIX),
desiludido, recorreu ao corte nos pulsos, porque
pensava que terminaria no túmulo o seu
sofrimento físico – em função do entendimento
materialista que de ele possuía e entendia que
concluiria daquela maneira a crise da sua saúde
com a eliminação do mal que dele se apossara,
após o contágio de uma doença infecciosa, por
meio do bacilo de Koch (tuberculose) sem nenhum
tratamento eficaz naquele tempo pregresso.
Decorrido certo tempo, com as devidas
internações na enfermaria espiritual, eles foram
tratados e orientados, com o restabelecimento de
seus respectivos perispíritos, o que lhes
permitiu a participação em atividades fora da
enfermaria, e todos foram assistir palestras
educadoras, o que levou ao despertamento
paulatino do ateu convicto, em questão, da
mesma maneira como a que ocorre no processo da
lapidação de um diamante bruto. Transcorrido
algum tempo em estudos fornecidos pelos
doutrinadores, e o reerguimento por meio de
lições cristãs, com a prática da oração e
reflexões evangélicas, Belarmino modificou-se.
O momento mais comovente aconteceu após o
processo de autoeducação. Belarmino revelou aos
amigos sua transformação – admitia-se um
imortal! Demorado o prazo necessário, e sendo
ele transformado com o ingresso nos estudos da
Cidade Universitária – amparado por entidades
venerandas como Doris Mary Steel da Costa e Rita
de Cássia de Forjaz Frazão –, o ex-ateu passou a
orar e a se valer do que apreendia como
espírito. Visitou Lisboa, na companhia
espiritual do amigo Camilo Castelo Branco,
lembrou-se de sua mãe (seus pais eram
positivistas, e a mãe muito influenciara o
filho), e almejou rever sua genitora. Foi
atendido.
O espírito de sua mãe, uma vez refeito e
despertado das impressões que tal espírito
possuía em relação ao Nada, foi levado ao
reencontro do filho já restabelecido, renovado
perante o antigo entendimento de quando estivera
na última encarnação – assim como a genitora de
Belarmino (pensamento que não desvanece do ser
imortal). E aquele espírito (a mãe), após vagar
por regiões lúgubres, passou por tormentos em
ambientes sombrios, e uma vez recuperado
espiritualmente reviu o filho restabelecido e
convertido à crença em Deus. Dessa forma, caros
leitores, muitos ateus no mundo físico ou
extracorpóreo refizeram-se em seus pontos de
vista materialistas e converteram-se à crença
em Deus.
Roni Ricardo Osorio Maia reside
em Volta Redonda (RJ).