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por Sidney Fernandes

 

O desafio da transformação


O ser humano tem uma tendência natural a terceirizar suas culpas e responsabilidades. Muitas vezes, ao confrontar erros ou falhas, procura justificativas externas, seja nas circunstâncias, na família ou em fatores históricos, como um modo de alívio para as próprias inseguranças.

Esse comportamento é uma tentativa de evitar a dor da autoanálise e do reconhecimento das próprias imperfeições. “Não é minha culpa, é da insegurança do meu cérebro”, poderíamos dizer, para evitar enfrentar o que realmente precisa ser transformado.

De fato, a Doutrina Espírita nos ensina que, muitas vezes, nossas dificuldades e atitudes estão enraizadas em questões mais profundas, como o orgulho e o egoísmo.

Isso nos leva a um ciclo de negação, onde a culpa é sempre atribuída aos outros, e nunca a nós mesmos. Muitos preferem encontrar explicações no pretérito, acreditando que os traumas e os erros de vidas passadas justificam os comportamentos negativos no presente. Essa visão, apesar de ser uma tentativa de compreensão, apenas prolonga o sofrimento, pois impede a verdadeira transformação interior.

Esse fenômeno é exacerbado pela sociedade contemporânea, que muitas vezes ensina que a crítica ao outro é uma forma de afirmação da própria superioridade moral.

No mundo atual, destacam-se os comportamentos agressivos e as atitudes que apontam falhas nos outros, sem considerar que a verdadeira evolução ocorre quando somos capazes de enxergar nossas próprias imperfeições e buscar a mudança interior.

A crítica ao próximo muitas vezes reflete a nossa dificuldade em lidar com nossos próprios defeitos, e é nesse ponto que a Doutrina Espírita se torna uma ferramenta de transformação profunda. Ela nos convida a refletir sobre nossas atitudes, a buscar a autocrítica e a renunciar ao orgulho, aprendendo a trabalhar as falhas do espírito em vez de projetá-las nos outros.

A proposta espírita é clara: para alcançarmos a verdadeira evolução moral, precisamos superar a tendência de se autoafirmar criticando os outros.

O primeiro passo para a transformação interior é assumir a responsabilidade pelos nossos próprios atos, sem buscar culpados externos, e trabalhar nossos defeitos para que possamos, de fato, ser melhores.

O exemplo de humildade e de transformação pessoal é o que nos permite crescer espiritualmente, pois é ao renunciarmos ao ego que alcançamos a verdadeira paz interior.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita