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por Luiz Guimarães Gomes de Sá

 

Desapego


Então lhes disse: “Cuidado! Fiquemos de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12:15).

A Doutrina dos Espíritos nos esclarece de forma irrefutável a respeito da imortalidade do Espírito, corroborando o que as antigas religiões já admitiam. No campo filosófico, Pitágoras, Sócrates, Platão, entre outros, tinham seus conceitos sobre essa realidade, hoje bem mais difundida na humanidade. 

Em 1 Coríntios 15:44, temos “Se há corpo natural, há também corpo espiritual, e ressuscita corpo espiritual”, o qual é de matéria quintessenciada (sutilizada no seu mais alto grau). O corpo espiritual paulino é o que Kardec denominou de perispírito. São Paulo o chamou também de corpo incorruptível e celestial.

Em Obras Póstumas, de Allan Kardec, págs. 42, 43, encontramos:

“6. O Espiritismo prova a existência da alma. Provam a existência da alma os atos inteligentes do homem, por isso que eles hão de ter uma causa inteligente e não uma causa inerte” (...)

“7. A alma do homem sobrevive ao corpo e conserva a individualidade após a morte deste. Se a alma não sobrevivesse ao corpo, o homem só teria por perspectiva o nada, do mesmo modo que se a faculdade de pensar fosse produto da matéria”. (...)

Estando em Miami em 15 de janeiro de 2004, Divaldo Pereira Franco recebeu mensagem da veneranda Joanna de Ângelis sobre Apego e Libertação. Segundo a mentora, “nosso corpo físico é uma máquina sublime que a divindade empresta ao espírito e este se organiza conforme as necessidades de evolução, portanto é um empréstimo a fim de que o ser aproveite a oportunidade da reencarnação e desenvolva e aprimore a moral”. E acrescenta: “a existência somente tem sentido profundo quando o indivíduo descobre a arte de auxiliar, tornando-se célula pulsante e valiosa do conjunto social”.

O zelo pelo corpo físico impõe-se para que as atividades do Espírito sejam realizadas visando o seu progresso dentro de um padrão disciplinar.  Importante ressaltar que esse trabalho não deve ser interrompido antes do tempo aprazado na programação reencarnatória, seja qual for o excesso cometido. Essa responsabilidade nos será cobrada!

Sendo a vida corpórea finita, quando desencarnamos o corpo sofre a desagregação que o destrói e o Espírito prossegue seu caminho incansável à busca do aperfeiçoamento. Com essa inquestionável comprovação que nos chega através do Espiritismo, coadjuvado pelas inúmeras pesquisas cientificas, não podemos deixar de nos valer desse conhecimento, e pelo bom senso, não devemos nos vincular de forma excessiva aos bens materiais, menosprezando os bons propósitos que nos levarão à conquista dos valores da imortalidade Espírito.

Sabemos que para a outra dimensão nada de material levamos, como bem disse Divaldo Pereira Franco: ”O que temos nós deixamos. O que somos nós levamos”.

Não nos esqueçamos, também de que ao nascermos nada trazemos... Aqueles que priorizam os bens materiais sem se aperceberem de que nossa passagem pelo Orbe terrestre é um “estágio” de aprendizado, experiencias e conquistas, sofrerão a frustração pela vivência que terão na erraticidade. Consideremos, também, que de fato “nada possuímos”, visto que a qualquer momento poderemos deixar o mundo material. Nenhuma atitude poderemos adotar para impedir esse imperativo da Lei Divina. Assim, o sentimento de posse deságua no vazio...

Devemos atentar, ainda, para o tempo que temos no envoltório carnal, que é ínfimo, se considerarmos a eternidade. Caso contrário, na verdadeira pátria espiritual iremos lamentar o tempo que desperdiçamos, quando não demos a devida importância ao que jamais deixaremos de ser: Espírito. A falta dessa percepção levar-nos-á ao desapontamento, já que, não estando preparados, iremos enfrentar uma realidade bem diferente daquela que experimentamos na vida física, visto que não teremos os bens materiais que fixamos na mente. Daí, resultará o sofrimento... 

No cap. 29 do livro Desperte e Seja Feliz, psicografia de Divaldo Pereira Franco, autoria de Joanna de Ângelis, pg. 126, temos: ”Viva cada ser com elevação e desprendimento, treinando a libertação e, adaptando-se mentalmente, aguarde a hora feliz do retorno à pátria de onde veio para breve aprendizagem terrestre”.

Esse estado de elevação espiritual será conquistado aos poucos, em razão das experiências vivenciadas e do discernimento quanto à real finalidade da vida. Entender e ter convicção de tudo isso demanda tempo e reflexão, para superarmos esses desafios próprios das nossas imperfeições.

Em O Livro dos Espíritos, questão 895, lemos:

“Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o sinal mais característico da imperfeição?

Resposta: “(...) O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”

Segundo o budismo, todos os fenômenos são impermanentes e nada no universo perdura para sempre, tudo se transforma continuamente e caminha para a própria dissolução. Consequentemente, é indicado não nos apegarmos demais às coisas, pois, afinal, tudo é temporário. O apego levará inevitavelmente ao sofrimento, dado que nada perdura para sempre. (O desapego é um caminho de libertação.)


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita