Artigos

por Bruno Abreu

 

Estamos a perder o jogo connosco próprios!


Mais uma vez, encontramo-nos a um passo de uma Guerra Mundial, agora com “brinquedos” mais destruidores.

O jogo na Terra é uma dança entre o nosso interior e o ser superficial apegado aos desejos terrenos, que a Psicologia caracteriza de Ego.

De um lado a nossa consciência mais profunda que nos vai orientando para o desapego, como par, o Ego que se alimenta de desejos, problemas, conflitos, emoções fortes, poder etc.

Como Dalai Lama os chamou numa pequena história, o lobo mau e o lobo bom que vivem dentro de nós.

O Mestre Jesus, muito resumidamente, diz-nos que o caminho é o Amor. Este Amor de que Ele fala não é a paixão de dois namorados, mas um amor sereno que existe nos seres de luz, que é espalhado por todo o planeta. Este faz parte de quem somos como filhos de Deus, é a nossa essência, por isso o sentimos de vez em quando, em especial nas atividades de caridade feitas com amor.

Embora o sintamos de vez em quando, este não é mantido vivo em nossos corações por darmos a nossa atenção ao outro par da dança, O Ego que é construído pelo conhecimento terreno, com um enorme sentido de individualidade, estruturando a nossa forma de ser Egoica, que é o mesmo que dizer Egoísta, Orgulhosa, Vaidosa, Agressiva etc.

Este ser faz-nos acreditar em uma forma de vida destruidora, por isso, toda a confusão que acontece na Terra, ou acham que a confusão vem de outro local senão a mente humana?

A causa de toda a tribulação humana acontece pela crença cega que temos nesta formação psíquica e energética do Ego. A grande motivação a esta crença são os doces imediatos do Poder, da Importância, as más tendências que Allan Kardec nos aconselha a combater e não o fazemos por nos serem tão gostosas emocionalmente no momento.

A maioria das pessoas, pelo enorme apego à personagem, acreditam que irão conseguir juntar os dois, acreditando que são os dois, o que não é possível, pois quando se dá força a um se diminui no outro. Jesus diz-nos que não podemos agradar aos dois senhores, a Deus e a Mamon, que vivem através dos bailarinos que estão a dançar em cada um de nós.

Lembram-se da história do Dalai Lama sobre os Lobos? Um discípulo pergunta-lhe – Mestre, qual ganhará? – Surge a resposta – Aquele que tu alimentares.

Não conseguimos ver esta realidade de forma clara, pois somos movimentados pela mente a uma velocidade de pensamento tal, que tudo se tornou automatizado. O maior problema é que não conseguimos perceber este automatismo, a ilusão é impressionante.

O Mestre fala-nos sobre esta, dizendo-nos que um dia iremos conhecer a verdade e que esta nos libertará.

É fácil percebermos que somos nós que causamos os conflitos na Terra e todos os problemas nela existentes. Logicamente, teremos de ser nós a não o fazer. Os conflitos nascem da importância que damos às coisas erradas, através de uma forma pensamento que nos constitui. Voltamos ao tal Ego.

Os conflitos terrenos, interno e externos, são uma consequência dos quais somos a causa. Essa causa é uma consequência de uma estrutura a que chamamos de caracter e a psicologia chama de Ego. Colocamos sempre a hipótese de alterarmos nossas ações, mas elas são uma consequência de uma estrutura, tal como a luz é consequência de acender uma lanterna. Se ação é errada a sua causa não pode ser certa. Se o que causamos é o caos, nós temos de ser por dentro o caos, por isso as doenças psíquicas e todas as consequências desta forma de viver.

Para termos um planeta paradisíaco sem problemas, temos de alterar a nossa estrutura interna, abandonando, ou desapegando, o que nos constitui psiquicamente, o Ego.

Sei que surge a questão se é possível? Claro, apenas estamos confusos por não termos consciência do seu funcionamento e vivermos comandado por esta forma mental.

Todos temos tempos de paz em que não pensamos em nada, no entanto o corpo, o filho do homem, é muito ativo em suas tarefas.

Este ser terreno é extremamente inteligente, ele não faz parte do Ego mas é manipulado por este.

Vou tentar dar alguns exemplos para que fique mais simples.

Quando estamos a ler, não pensamos em mais nada. Podemos ver o ser terreno em funcionamento numa tarefa que requer inteligência. Se surgir o pensamento, perdemos a concentração. Vemos o que Cristo chamou de o filho do homem a ler e o pensamento ou Ego a perturbar, são dois seres diferentes.

Quando fazemos uma ação de caridade em silêncio mental, podemos ver o funcionamento do filho do homem,  quando surge em nossa mente o pensamento de que fomos bondosos, podemos ver o orgulho do Ego.

O Filho do Homem, falado pelo Mestre, e o Ego, são dois seres diferentes, embora para nós pareçam os mesmos.

Poderia continuar com uma lista enorme de exemplos, como conduzir, que é uma tarefa inteligente feita em silêncio pelo filho do homem e o falar interminável mental, pelo Ego, através do pensamento.

O Ego é construído pelo apego, e dele nascem as más tendências, o filho do homem é uma inteligência silenciosa que vive no presente. Quando o Ego se cala, aproximamo-nos do Filho de Deus, ou da nossa natureza espiritual, que ainda é mais silenciosa do que o filho do homem.

O único barulhento nesta história, que nos leva à construção dos problemas, que nos coloca nas depressões, que alimenta os ódios e as raivas, que se constrói com os conflitos e guerras, é o Ego. O mais engraçado é que nem sequer é um ser verdadeiro, por isso, ele muda constantemente ao longo da vida.

Estamos a ser vencidos e a destruir o mundo em nome de uma enorme ilusão, um ser construído pelo apego às más tendências, que nem sequer é real.

Acontece por não seguirmos o concelho do Mestre para vigiarmos assiduamente. Se o fizéssemos, acabaríamos por nos aperceber de que a voz que nos comanda (o pensamento constante sobre o passado, o futuro, os ideais, os problemas, etc…), o Ego, é algo frívolo, sem qualquer interesse, que nos encaminha às más tendências e aos conflitos connosco e com os outros.

Esta consciência o arrancaria pela raiz, libertando-nos do hipnotismo condicionador que nos tem dirigido.

Mantemos a crença de que o Ego somos nós, onde incluímos o corpo, por nunca a colocarmos em causa de forma séria, mesmo depois de aparecerem ciências, como a Física Quântica, a dizer que não somos o pensamos ser.

 

Bruno Abreu reside em Lisboa, Portugal.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita