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por Jane Martins Vilela

Amor em nós 


“... Crede que estas sábias palavras: ‘Amai muito, para serdes amados’ seguirão o seu curso. Essa máxima é revolucionária e segue uma rota firme e invariável. Mas vós já haveis progredido, vós que me escutais; sois infinitamente melhores do que há cem anos. De tal maneira vos modificastes para melhor, que aceitais hoje, sem repulsa, uma infinidade de ideias novas, sobre a liberdade e a fraternidade, que antigamente teríeis rejeitado...” (Sanson, em mensagem publicada em O Evangelho Segundo o Espiritismo.)


Nascidos para evoluir. Evoluir é amar. Amar sempre mais. Por que demoramos tanto? Por que nos é tão difícil desenvolver o amor em nós?

Egoísmo e orgulho são os dois grandes empecilhos do progresso moral da humanidade.

O amor é a lei do Universo e foi por amor que Deus criou os seres, segundo o nosso grande Léon Denis expressa com maestria. O amor é de essência divina e todos nós carregamos em nós essa centelha luminosa, que guia o progresso do ser humano.

É mais do que momento de nos vestirmos de coragem e partirmos para a nossa jornada com todas as forças e com toda a bravura! Caminhar para a luz. Caminhar para o amor. Por mais que já tenhamos aprendido a amar, o amor ainda é uma fagulha em nós. Somente sentiremos sua grandeza quando estivermos aptos à renúncia plena de nós mesmos pelos outros e à abnegação incessante. Assim fizeram os grandes espíritos que vieram antes de nós.

Jesus foi a exemplificação maior desse amor, que jamais vimos igual sobre a Terra. Como disse Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico Xavier, o Cristo veio trazer à Terra os fundamentos eternos da verdade e do amor.

Sua palavra mansa e generosa reunia todos os infortunados e todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misericordiosa beleza. Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor.

Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a lei antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra, profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção.

Jesus exemplificou o amor e mudou a história da Terra. O ser humano, caminheiro da luz, precisa acender o archote da esperança e fazer luzir em sua estrada o mais puro amor.

Jesus exemplificou a simplicidade, a verdade e a coragem. Deve ser ele o nosso guia de todas as horas.

Os grandes espíritos não se dão conta do amor que vive neles e o exemplificam o tempo todo, naturalmente, pois vivem nele. Quando vemos essas manifestações de puro amor, elas nos emocionam. Somos aprendizes. Um dia teremos a plenitude desse sentimento em nós e que grande dia será! A paz e a felicidade então viverão em nós.

Podemos ver exemplos de amor em toda a parte, basta que tenhamos olhos para ver.

Há alguns dias, visitamos uma senhorinha de 93 anos de idade. Linda! Lúcida, pele bem morena e os olhos resplandecentes, de um profundo azul! Nem se vê ruga em sua face. Parece ter uns trinta anos a menos. Tranquila, serena, não caminha mais. Sem uma queixa! O mais lindo, no entanto, é o amor de seu neto por ela. Ficamos ali imaginando o passado. Que amor secular une esses dois seres!

O neto de cerca de 34 anos de idade, um moço bonito, ainda jovem, renunciou à sua vida para cuidar da velhinha amada. Ela também cuidara dele. Sua mãe morreu quando ele tinha por volta de 5 anos de idade e a avó assumiu sua criação. Amou-o, educou-o. Agora, ele trabalhava e estava bem em seu trabalho. Mas deixou tudo para cuidar de sua avó. Deixou sua vida por amor a ela. Cuida o tempo todo, na simplicidade.

Disse-nos ele que ganhava bem no trabalho. Vive agora com sua avó, da aposentadoria dela, ajudando sempre, pois não há mais ninguém que possa fazê-lo. As irmãs dela estão tão idosas quanto ela.

É muito bonito ver isso. O cuidado dele com ela. Dá-lhe do melhor alimento que pode conseguir. Dá banho nela.  Leva-a para tomar um pouco de sol. Dá-lhe as medicações de que ela necessita. Preocupa-se em passar hidratante em sua pele, recomendado pelo médico, para a pele não secar demais.

A velhinha não tem nenhuma escara. O carinho dele com ela é demais! Imaginamos um espírito que por amor veio a este mundo cuidar dela quando ela precisasse dele. Que ligação afetiva enorme de um passado que ambos trazem consigo, pois o amor é imortal!

Não é comum vermos tanto cuidado assim. Que bênção! Ela merece. Vivenciou o amor e agora o recebe de volta.

O amor é nossa destinação. Por isso estamos aqui.

Anônimos, como esse jovem e sua avó. São exemplos na pequena área onde moram, onde há tanta violência, tanta droga, tanta dificuldade, mas existe ali uma centelha brilhante de amor, uma faísca de esperança na Terra. Como eles, há milhares que nos passam despercebidos, mas que, com certeza, são vistos por Deus.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita