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por Cláudio Bueno da Silva

 

As tragédias naturais são respostas


Podemos dizer que a natureza age com agressividade impondo as catástrofes que se vê no mundo atualmente? Ou devemos reconhecer nossa incapacidade de compreender os mecanismos de atuação das leis naturais sobre o mundo e os seres?

Assim como o corpo humano sofrerá com as doenças se atacado anos a fio por vícios e excessos materiais e mentais, assim a Terra – organismo vivo – reage ao bombardeio que o homem lhe impõe há pelo menos um século.

Se acatarmos a lei física de Ação e Reação, propondo que, para cada ação haverá uma reação contrária e de igual intensidade, podemos perguntar: – Como pretendemos que o planeta reaja diante das agressões contínuas aos oceanos, com lixo, esgoto de embarcações, óleo de vazamentos colossais, pesca predatória, dizimação de espécies marinhas; depois de termos poluído rios, córregos, lagos, fontes, com detritos industriais e domiciliares; depois de termos arrasado áreas imensas de vegetação; depois de termos envenenado a atmosfera com emissões cada vez maiores de gases poluentes e produzido, em escala inimaginável, bens e produtos que os geram; depois de termos invadido áreas próprias dos leitos de rios, represas e costas marítimas; depois de ocuparmos espaços inviáveis para habitação, numa expansão urbana e imobiliária cobiçosa e irresponsável, muitas vezes com a conivência do poder público; depois de eliminarmos, sob vários pretextos, inumeráveis espécies animais e vegetais, desencadeando dor e extinção?

Que tipo de reação esperar da natureza depois disso e de tantos outros comportamentos lamentáveis ao longo de muitas décadas, na construção apressada de um modelo de desenvolvimento civilizatório que fez desequilibrar o meio ambiente?

A resposta das forças naturais, traduzida nas calamidades, não é de agressividade e sim o resultado das ações humanas equivocadas e permanentes. Se a reação é forte, ela é proporcional à intensidade das forças destrutivas criadas pelo homem no afã de progresso e comodidade (?!).

Não há como responsabilizar uma nação ou povo, unilateralmente. A humanidade produziu esse estado de coisas e dela se espera a atitude de conscientização para revertê-lo.

É bom acrescentar como causa simultânea dessas catástrofes de ordem física na Terra, as revoluções naturais próprias da transformação evolutiva do globo que, se não têm mais o caráter de modificação estrutural, estão sujeitas a perturbações locais, conforme explica Allan Kardec, em A Gênese, capítulo IX, “Revoluções do Globo”.

Mas como superar isso? No que toca ao trabalho do homem, creio que será agindo de modo contrário ao que tem feito até aqui. Revendo séria e urgentemente suas estratégias de progresso, excessivamente calcadas no materialismo consumista. Esse modelo de vida está exaurido. Em síntese: mudando a atitude mental e comportamental, com determinação.

Deus não odeia, não agride. A natureza é o meio criado por Ele para o desenvolvimento do Espírito e cumprimento dos Seus desígnios. A agressividade está em nós.

As reações da natureza estão propondo ao homem que reveja sua trajetória para, enfim, encontrar o caminho que lhe está destinado.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita