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por Maria de Lurdes Duarte

 

Que crianças são estas?


II – Grandes oportunidades


Publiquei, faz algum tempo, um artigo com este mesmo título “Que crianças são estas?”, cuja parte I incidia sobre o surgimento na sociedade terrena de grupos de crianças que se destacam por serem portadoras de um conjunto de valores, tendências e conhecimentos de algum modo diversos daquilo a que estávamos acostumados a observar nas gerações anteriores. Tentei também fazer um paralelo entre o momento que estamos a viver atualmente, que podemos considerar, segundo informações do Plano Espiritual, de preparação para a transição da Terra de Mundo de Provas e Expiações para Mundo de Regeneração, e o surgimento destas crianças.

Deixei, no referido artigo, uma interrogação, para reflexão futura numa II parte da abordagem desta questão, que julgo necessitar de um maior aprofundamento.

Sem dúvida que, num momento de tal gravidade para o nosso futuro como comunidade planetária, serão muitos os Espíritos que estarão a reencarnar com as mais variadas tarefas, nessa imensa seara de Jesus, com vista a impulsionar o progresso intelectual, moral, nas artes, nas ciências, na tecnologia e nos mais diversos setores da atividade humana. Muitas dessas crianças, estamos convictos disso, serão Espíritos de escol que estão entrando no nosso seio familiar, nas nossas escolas e sociedades, em cumprimento de missões sublimes, de acordo com planos traçados na Espiritualidade, sob supervisão do Mestre Jesus, nosso Irmão Maior e Sublime Governador Planetário. Não será muito difícil imaginar que serão, certamente, Entidade Evoluídas que nos têm acompanhado e inspirado desde Planos mais altos e que, agora, se aprestam a descer ao nosso meio para trabalhar connosco mais de perto, dando o seu contributo para que a Terra ascenda à nova posição no concerto dos Mundos, de acordo com os desígnios do Criador.

 Segue daí que apenas Seres Superiores estarão reencarnando atualmente? Ainda não. O estágio atual do nosso Mundo ainda não comporta exclusivamente a presença do Bem. Na evolução espiritual, seja ela individual ou planetária, não há saltos. Toda a evolução é feita paulatinamente, à medida do nosso esforço, do nosso empenho e merecimento. O Bem, para se instalar em definitivo, ainda irá exigir muito trabalho, muita renúncia, muito esforço em vencer tendências de que estamos imbuídos milenarmente. Não podemos esquecer que o Bem não é a ausência do Mal. O Bem é um estado de alma específico em que o Espírito está totalmente embrenhado e em que envolve tudo e todos na energia benéfica que espalha em seu redor. Estado de alma esse que inclui não só as suas ações, mas também os desejos, os sentimentos, os pensamentos e anseios. Mas, se sabemos que estamos ainda longe desse Bem que apenas “visualizamos” por um esforço de imaginação, sabemos, porque o Espiritismo nos traz esse conhecimento, que somos seres eternos em crescimento, estamos a caminho, e impreterivelmente, quer queiramos quer não, haveremos de chegar a um estado de perfeição, porque assim o destinou o Criador, Deus de Suprema Sabedoria e Infinita Bondade, que não deixa nenhum dos seres da Sua Criação para trás.

O que sabemos, por enquanto, é que os tempos anunciados por Jesus estão chegados. Tempos de mudança, tempos de, tal como Ele nos preveniu, “separar o trigo do joio”, porque, isso é um facto bem explanado em diversas comunicações espirituais, nem todos os Espíritos atualmente afetos à Terra estão preparados para continuar a habitá-la, quando a época de transição terminar e, enfim, o Planeta passar a Mundo de Regeneração. Separado o trigo do joio, e afastado o joio para os lugares com que melhor se afinize, o Bem poderá espalhar-se mais rapidamente, porque os habitantes desse Novo Mundo terão em comum a aspiração de o semear e fazer crescer.

Basta  olharmos com alguma atenção em redor e darmo-nos ao trabalho de refletir sobre os acontecimentos atuais, apercebemo-nos de que esses acontecimentos estão a ser pautados por dois tipos de sentimento bem marcantes: por um lado, a dor, o sofrimento, o mal que parece estar a querer persistir, como se quisesse agarrar-se a todo o custo, ao “sentir” que é o seu último combate; e, por outro lado, a solidariedade perante os que sofrem, os sentimentos de partilha, de cooperação, de ajuda mútua, que crescem como nunca. E as crianças de que falamos nesta nossa reflexão, as que nos trazem a mudança, ou que vêm com o intuito de nos ajudar neste combate que irá acelerar a mudança, vêm imbuídas destes sentimentos que são notórios porque marcam desde cedo a sua personalidade. Para além de outros aspetos dessa personalidade, nota-se uma não compactuação com velhas atitudes, que parecem nem entender, e o desacordo com tradições, formalidades e regras fúteis que não aceitam, que se concretizam numa renitência em obedecer sem primeiro entender as razões, numa teimosia em levar as suas ideias e intenções adiante e, até, em muitos casos, numa rebeldia mais ou menos acentuada.

Estas caraterísticas da personalidade das nossas crianças são mais ou menos comuns às que são Espíritos evoluídos que reencarnam para trabalhar pelo progresso da Terra e às que, pelo contrário, pela Bondade Infinita de Deus, reencarnam numa tentativa de que aproveitem da melhor forma as últimas oportunidades de evolução neste Mundo em transição. Não podemos esquecer que nem todos os espíritos afetos à Terra estão reencarnados no Plano Físico. Muitos, a grande maioria, transita pelos espaços, ainda materiais, mas como desencarnados. Dizíamos, há pouco, que a evolução não dá saltos. Se, por vezes, assim nos parece, é, precisamente, porque se dá em dois Planos diferentes: O Físico e o Espiritual. Um é o seguimento do outro, num eterno ciclo em que a Vida não cessa nem se interrrompe. Não poderia o Grande Mestre, Governador Planetário, planear eventos que façam ascender o Planeta que, em nome do Pai, governa, sem prover a oportunidades que a todos impulsionem à libertação e ao crescimento, de modo a que se tornem merecedores de habitar um lugar que será de maior ventura. Cabe a cada um fazer-se merecedor das oportunidades que lhe estão a ser facultadas. Possivelmente, muitos dos atuais habitantes terrenos não reencarnarão de novo aqui, pelo menos nos próximos tempos, por não terem sabido aproveitar essas oportunidades.

Para terminar, podemos concluir que dois géneros de crianças estão reencarnando entre nós, através deste renovar de gerações. As que vêm com tarefas de renovação do Planeta e as que vêm com tarefas de se autorrenovarem, para que possam beneficiar de aqui continuar a sua caminhada evolutiva. De qualquer modo, numa e noutra circunstância, a grande tarefa é a de crescer sempre, renovar-se sempre, pelo trabalho em prol de si mesmo e da comunidade, e pelo refazimento de valores, sentimentos e atitudes, pondo em prática os ensinamentos de Jesus, que são roteiro certo para a construção de um Mundo Melhor.


    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita