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por Roque Roberto Pires de Carvalho

 

Testamento vital


Ao passar por uma banca de jornais para comprar um exemplar deparei-me com uma revista que reproduzia em sua capa em letras maiores e tom sensacionalista o título “Eu decido o meu fim”. Aprendiz da Doutrina Espírita, fiquei perplexo e por esta razão comprei um exemplar. (1)

Examinando seu conteúdo, em sete páginas, algumas coloridas, jornalistas faziam referências a uma Resolução do Conselho Federal de Medicina tratando do “Testamento Vital”. Em minha profissão trabalhei muitas vezes com alguns tipos de testamentos, mas este, acrescido de “Vital”,  obrigou-me no recesso da biblioteca a consultar os doutos no assunto e o que encontrei, em verdade, é que na Resolução supracitada havia sido concedida aos médicos “a faculdade de atuação para pacientes terminais ou portadores de doenças incuráveis, coma ou estado vegetativo – o oferecimento de todos os cuidados paliativos disponíveis e respeitar a vontade do paciente previamente registrada ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal”. Tal Resolução em comento, por ser humana e materialista, é suscetível de erros, não produziu estudos sobre as consequências visto que, há muito, está provada a imortalidade da alma, assim como as razões da vida em sua eternidade.

No pensamento comum da população germina sempre a ideia de se abreviar a dor de pacientes considerados terminais pela medicina tradicional; em verdade, se acreditando mesmo que para esses pacientes não há cura, acredita-se também que para esses casos a ciência médica fracassou e, com isso, aliviando os profissionais e familiares das angústias do evento morte lenta.

Ao longo dos séculos o homem ainda não abandonou a ideia de querer ser Deus!

Quando Allan Kardec em 1857 na França lançou o primeiro livro que contém os princípios básicos da Doutrina dos Espíritos, abriu-se o Portal da Nova Era a que Jesus tanto enfatizou em sua jornada terrena qual seja: “Amai-vos uns aos outros e ao próximo como a ti mesmo”.

Foi o momento histórico mais esclarecedor para a humanidade, quando o homem, já desenvolvido intelectualmente, a ponto de assumir a Fé raciocinada, conclui que ele não é nada se não obedecer às Leis Eternas e imutáveis do Criador. E o Criador faz o Homem, deposita-o numa esfera de evolução e o retira para Si, quantas vezes forem necessárias para que se realize o progresso moral a que todos somos fadados.

Só Ele, apenas Ele, Deus, Pai Universal, tem o poder sobre a Vida Eterna de cada ser que ele cria. As tentativas de forçar argumentos práticos e econômicos na introdução das Leis humanas civis que incitam ao ato covarde, contrariando as Leis de Deus, com a eutanásia como o suicídio assistido, trarão sérias consequências aos que sugerem a ideia e aos que a acatam, tresloucados, solitários e perdidos no materialismo que teima em hipnotizar os ignorantes e insensatos, para conseguirem seus objetivos de domínio, sob o poder das Trevas. (“As tribulações da vida são provas ou expiações – felizes aqueles que as suportam sem murmurar, porque serão recompensados!” – nº 946 d’O Livro dos Espíritos.)

O Testamento Vital de que se fala e escreve, elaborado para amparar a eutanásia ou o suicídio assistido, transfere o sofrimento para além da vida física e é um desrespeito às Leis do Progresso Universal, gerador da compulsoriedade do “Recomeçar, Reconstruir, resgatar e seguir em frente sem cessar”.

Para conseguirmos entender essa proposta do Cristo, teremos que adquirir cultura espiritual na “Literatura Espírita” – com Allan Kardec, Chico Xavier, Joanna de Ângelis”, Divaldo Franco e outros mais, em cujo bojo se percebe gradativamente que “Fora da Caridade não há salvação”.


(1)
 Revista VEJA – ed.2286, pg.98/106 de 12.9.2012.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita