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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

A experiência do “Bom Prato”


Nossos noticiários jornalísticos exibem diariamente uma longa lista de fatos e acontecimentos com alto teor negativo e comprovando os tempos dificílimos que ora enfrentamos. Desde o nosso despertar somos bombardeados por relatos macabros, tragédias terríveis, assim como por toda sorte de informações, análises e comentários que primam por derrubar o nosso estado de ânimo e paz interior. Mas quando ouvimos ou assistimos algo alvissareiro ficamos – sem exagero – surpresos, pois esse não é, definitivamente, o padrão vigente. Muito longe disso.

O fato é que estamos vivendo numa espiral de violência, desilusão e frustração sem precedentes, que dá a impressão de nos engolir um pouco mais a cada dia. Nesse cenário sombrio, parece que as coisas (a vida, enfim) não entram mais nos eixos devido à falta de contrapartidas. 

Entretanto, e felizmente graças a misericórdia divina, nem tudo é tempestuoso. Nós que abraçamos a proposta renovadora apregoada pelo espiritismo sabemos, perfeitamente bem, que nada acontece por acaso. Posto isto, não raro somos defrontados por desafios que visam essencialmente testar a nossa capacidade de realizar atos fraternais e de mostrarmos uma face mais altruística e generosa, enfim. Portanto, ninguém está impedido de disseminar a bondade do seu coração. Ademais, como bem observou Kardec, “Fora da caridade não há salvação”.

A realidade contemporânea – marcada por graves problemas e mazelas sociais – oferece vasto campo à realização de tais ideais enobrecedores. Assim sendo, há, sim, coisas positivas ocorrendo, mas é preciso observá-las, às vezes, apenas mudando o nosso olhar exageradamente pessimista. De modo geral, tendemos – não sem razão – a olhar de soslaio para tudo que parte do meio político. Contudo, há coisas boas também sendo implementadas. Reconhecê-las e destacá-las é também o nosso dever.

Refiro aqui, especificamente, ao programa social Bom Prato adotado pelo Governo do Estado de São Paulo. Criado em de 28 de dezembro de 2000 pelo então governador Geraldo Alckmin (e mantido pelos seus sucessores, cabe frisar), o programa visa “oferecer refeições saudáveis e de alta qualidade a um custo acessível à população em vulnerabilidade social” por um valor extremamente modesto.  Outra louvável marca dessa medida é que, há exatos 22 anos, o valor das refeições permanece inalterado – ou seja: almoço e jantar são servidos por apenas R$ 1,00 e café da manhã a R$ 0,50.

Segundo os boletins informativos oficiais do governo de São Paulo, o programa abrange atualmente 107 unidades instaladas no estado, sendo 73 fixas e 34 móveis. Os restaurantes fixos estão distribuídos da seguinte forma: 24 na Capital, 19 na Região Metropolitana de São Paulo, 21 no Interior e 9 no Litoral. Recentemente, o atendimento foi ampliado e 21 unidades passarão funcionar também em fins de semana e feriados. No geral, cumpre destacar que tal iniciativa está inserida, conforme propalada pelo estado, num conjunto maior de medidas que objetivam combater a fome e a insegurança alimentar em São Paulo. Desde o início do programa, as unidades já serviram mais de 166 milhões de refeições. É importante ainda mencionar que são servidas por dia mais de 93 mil refeições aos frequentadores mais necessitados que sobrevivem, por sinal, com extrema dificuldade.

Num país onde há tanta miséria, haja vista o crescente contingente de pessoas vivendo nas ruas e sem perspectivas de que esse quadro venha a melhorar tão cedo, qualquer ajuda de caráter humanitário é muito bem-vinda. O Bom Prato poderia, aliás, ser uma iniciativa aplicada no país como um todo para minorar a fome e a desesperança que grassam na nação. (Francamente, desconheço a existência de outros programas similares sendo implementados no país na escala do acima referido).

Portanto, cultivemos o “bom prato” da solidariedade, empatia e fraternidade para com tudo e com todos. Afinal de contas, tais disposições d’alma se encaixam perfeitamente no sagrado ideal de cultivar amor ao próximo preconizado por Jesus aos humanos.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita