Joias da poesia
contemporânea

Autora: Irene Ferreira de Souza Pinto

 

Não julgues


Não julgues o companheiro

Por desumano e insensato

Porque te não busque o trato,

Nas rosas de teu jardim.

Entende, ampara primeiro…

Não digas, em contrassenso:

— “Decerto, isso é como eu penso,

Deve aquilo ser assim…”

 

Muita vez, quem vai ausente,

Do conforto que te afaga,

Mostra o peito aberto em chaga,

A golpes de provação.

E enquanto o Céu te consente

A paz das horas seguras,

O pobre irmão que censuras

Traz fogo no coração.

 

De outras vezes, quem se isola,

Longe de falas e festas,

Não tem o mal que lhe emprestas,

Nem delibera fugir.

Apenas vive na escola

Do dever e da constância,

E se respira, a distância,

É para melhor servir.

 

Não vasculhes lodo e jaça,

Mirando a alheia conduta.

Quase sempre há dor e luta

Onde vês passo infiel.

Frequentemente, na taça

Que aparenta vinho oculto,

O pranto cresce de vulto,

Tisnado de angústia e fel.

 

Se ensinas a caridade,

Ouve Jesus que nos chama!

Não guardes vinagre e lama

Sob a fé que te conduz.

Acende a luz da bondade,

Porquanto também um dia

Mendigarás simpatia

Nas sombras da própria cruz!

 

Do livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita