Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Pais e solidão

 

Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão. Mauro Santayana

 

Mães e pais precisam de tempo para ficar a sós, e os filhos, que ainda são crianças, também precisam viver essa experiência.

O fator complicador? Muitos pais dão a entender aos filhos que ter a necessidade de ficar sozinho é uma coisa “esquisita”. E isso não é uma verdade, pois todo mundo precisa, às vezes, cuidar de algumas tarefas mentais e só há um modo de fazê-lo: passar um tempo sozinho, e, no caso de pais, um momento da rotina sem os filhos.

No dia a dia familiar é importante nutrir o hábito de reservar um tempo para ficar a sós. Minha filha, por exemplo, desde pequena, sabe que todos os dias eu reservo um instante (às vezes alguns instantes) para ficar em contato com a natureza, em silêncio, contemplando uma árvore no quintal ou uma flor no meu pequeno jardim. E ela entende isso desde meninazinha e hoje, aos 12 anos, ela própria está acostumada a esse exercício contemplativo, solitário, e que nos ajuda a pensar melhor e a estar mais presente com as pessoas que amamos, mais assertivos no trabalho etc.

Alguns pais e mães me dizem: “quero ficar sozinho, mas  filho fica chateado.” Tudo bem seu filho sentir tristeza se você fizer isso, principalmente nas primeiras vezes. O importante? Esse desconforto, sentido pelo seu filho, é um impulso importante na direção do aprendizado do autocuidado, ainda que ele esteja temporariamente infeliz. Aprendem e ganham todos.

 

Notinhas

No geral, o tempo todo a mãe (ou quem cuida da criança) está lidando com gerenciamento de coisas que acontecem no dia num trabalho bastante invisibilizado pela sociedade – educar o filho e administrar a casa. Por isso é importante que cada pessoa encontre sua forma de passar um tempo sozinha sem os filhos: 1) atividades físicas ou contemplativas: praticar yoga, meditação ou passear por um parque; 2) visitar e sair com amigos: tomar um café com uma amiga no meio da semana é uma opção importante para desocupar a cabeça e fortalecer laços de amizade; 3) ler um livro: a literatura é uma ferramenta excelente para acalmar a mente. Estudos recentes, na Inglaterra, apontaram que seis  minutos de leitura diária ajuda a diminuir os níveis de estresse em cerca de 68%. Além disso, desligar-se do mundo real e mergulhar na narrativa do livro reduz o ritmo dos batimentos cardíacos e alivia as tensões; 4) Ouvir música: assim como aprender música ajuda a desenvolver nossas capacidades cognitivas, criatividade, expressão e expressividade, ouvir música tem também em muitas circunstâncias um efeito terapêutico, à medida que ela é capaz de aliviar o estresse, a ansiedade, melhorar o humor e os níveis de energia, principalmente músicas que nos deixem relaxados ou nos tragam emoções positivas. Da próxima vez que ouvir uma música, experimente focar realmente sua atenção na música, como se estivesse a ouvir pela primeira vez, e tente captar ritmos, alterações, padrões.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita