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Brasil
Ano 9 - N° 455 - 6 de Março de 2016
DJAIR DE SOUZA RIBEIRO
djribeiro@uol.com.br
Santo André, SP (Brasil)
 


Divaldo Franco: “Todos nós erramos, exceto Jesus”

 O conhecido orador ministrou em São Paulo, a um público numeroso e interessado, o seminário “Liberta-te do Mal”

A metrópole se agita. É sexta-feira, dia 19 de fevereiro, e as pessoas de todos os cantos da capital de São Paulo se preparam para o fim de semana. O trânsito, normalmente caótico se intensifica ainda mais. Contudo, os corredores e saguões do Hotel Jaraguá, no centro da cidade, vive outro ambiente. Os executivos e turistas que regularmente são seus hóspedes foram substituídos por uma população muito diferente. Alegres e joviais como os são os turistas, mas com o semblante respeitoso como os dos executivos.

O encontro inicial: 19 de fevereiro

Essa massa de mais de 300 almas encarnadas busca no subsolo do prédio o salão de convenções. São os participantes do seminário organizado pelo Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes, de Santo André (SP) que em 2016 abordará o tema “Liberta-te do Mal”.

O local previamente preparado por incontáveis trabalhadores abnegados e anônimos da Espiritualidade Amiga recebe em uma psicosfera de paz, harmonia e serenidade a todos os encarnados os quais se acomodam e aguardam com controlada expectativa o início do estudo do Evangelho.

Um exemplar de O Evangelho segundo o Espiritismo é aberto no seu capítulo 12 (Amai os Vossos Inimigos), baseado nas palavras de Jesus e registradas pelo evangelista Mateus no capítulo 5, versículo 20: “Aprendestes que foi dito: Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos”.

Uma voz feminina se levanta e com contida emoção lê o trecho escolhido: “Os inimigos desencarnados”: “Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom...”

Acompanhada atentamente pela plateia silenciosa, a leitura segue pelos itens 5 e 6.

Divaldo convida, então, seis integrantes do público para comen-

Divaldo Franco durante o evento

Público presente

Momento de autógrafos

Livraria do evento

Voluntários que ajudaram no evento

tarem o texto evangélico. Revezam-se na tribuna Dr. Sergio Henrique Lourenço, depois a Sra. Luiza Leontina Andrade Ribeiro (Federação Espírita do estado do Mato Grosso), seguida da escritora e conferencista mineira de Juiz de Fora, Sra. Suely Caldas Schubert, e ainda do ex-prefeito de Campinas e atual colaborador do Centro Espírita Allan Kardec, Sr. Lauro Péricles Gonçalves, que é seguido depois pela presidente do Spiritist Group of New York (USA), Sra. Jussara Korngold e, por fim, o radialista da Rede Boa Nova e dirigente da Fraternidade Cristo-Redentor e apresentador do programa Fraternidade, o enfermeiro Sr. Antonio Carlos Laferreira.

Cada um, a seu turno, forneceu sua interpretação do texto evangélico lido. Apesar das nuances diferenciadas naturais de cada interpretação a caridade e o perdão foram as abordagens que permearam todos os comentários.

Divaldo, assumindo a tribuna, emociona a todos narrando a história de Ilse, um caso registrado pelo renomado psicanalista americano Dr. James Hollis e publicado no livro “Os Pantanais da Alma” (editado no Brasil pela Paulus Editora – Título no original: Swamplands of the Soul).

Ilse era uma jovem polonesa e cristã que no ano de 1942, enquanto fazia compras, foi equivocadamente tida como judia e levada como prisioneira para o terrível campo de Sobibor na própria Polônia. Em nada resultou seu protesto e apresentação de documentos comprovando não ser ela judia.

Chegando ao campo de concentração, foi empurrada para a fila de triagem de onde seria enviada para a câmara de gás ou para o barracão de prisioneiros. À sua frente estava uma mulher frágil acompanhada de duas filhinhas muito pequenas. Antecipando seu destino que seria a morte pelo gás, tentou a enfraquecida mãe deixar com Ilse ambas as meninas para que pudessem escapar da morte terrível pela asfixia.

Temendo ser envolvida naquela situação – o que fatalmente resultaria na sua morte – Ilse empurrou com forças as criancinhas na direção da senhora que já se afastava em direção à execução. O nazista, compreendendo o que ocorria e a tentativa da verdadeira mãe de salvar as filhinhas, com requintes de crueldade e impiedade, removeu as meninas para junto da verdadeira mãe, destinando-as todas à morte.

Ilse jamais pôde esquecer o olhar da mulher que, fragilizada física e emocionalmente, lhe direcionou naquele momento. Ilse jamais se esqueceria das lágrimas que verteram daqueles olhos entristecidos e desesperados.

Mais alguns anos e finalmente o campo de concentração foi liberado pelos aliados. Ilse estava entre os sobreviventes e mais tarde mudou-se para os EUA. Jamais se perdoara. Recusava-se ao casamento, pois não se considerava digna de ser mãe nem merecia ser amada. Não lograra obter a paz para sua consciência. Peregrinara por diversas religiões, mas em nenhuma conseguira encontrar o que tanto almejava: o perdão de sua covardia moral, que resultara na morte de mãe e filhinhas.

Finda a narrativa, Divaldo relata que em suas mais profundas reflexões em torno do drama considera que o sofrimento de Ilse faz lembrar a todos a ação dos inimigos desencarnados (obsessores) que não perdoam nossos equívocos que contra eles cometemos. Na realidade não são obsessores. São pessoas que nós atiramos ao abismo da dor – física e moral – e que, por serem doentes, não nos compreendem nem nos perdoam.

Mas com quais meios podemos combater a obsessão?

Partindo de O Livro dos Médiuns em cujo capítulo 23 - Da Obsessão - são apresentados os tipos de obsessão, bem como suas causas e os meios de a combater,  Divaldo deixa claro que a forma mais eficaz de neutralizar a obsessão é a aplicação do amor, a oração, a paciência e a misericórdia para com aqueles que não nos perdoaram.

E, coroando a noite de bênçãos, Divaldo transporta as recomendações de O Livro dos Médiuns para a prática e narra a todos o caso da perseguição que sofreu por 40 anos de um Espírito que era identificado por Divaldo como o Máscara de Ferro e que finalmente o perdoou pelas ações do passado quando Divaldo tomou em seus braços uma criança recém-nascida abandonada às portas da Mansão e passou a dedicar-lhe total atenção, carinho e amor.

Emocionado com o fato, o Espírito que o perseguira por todos aqueles anos pousou gentilmente a mão em seu ombro e falou-lhe:

– Divaldo, até agora tu não me convenceste. Venceste-me pela paciência. Contudo hoje já não tenho mais como te odiar. Essa criança que aninhas com tanto carinho entre teus braços abriga o Espírito de minha mãe que retorna ao plano físico.

Encerrando a noite, Divaldo afirma: “Todos nós erramos, exceto Jesus”. O mal é uma experiência que trouxe um resultado perturbador. O mal – filosoficamente – não existe: é o bem que enlouqueceu e que nos ensina a não mais fazer daquele modo. Por essa razão, estamos todos convidados a autoanálise para identificarmos nossas culpas. A Libertação do Mal tem início no tratamento de nossos complexos de culpa que insistimos em carregar conosco. 

O segundo encontro: 20 de fevereiro 

O convite ao autoperdão formulado na véspera ainda repercutia nas mentes e também nos corações que haviam participado do culto do Evangelho. Um novo ânimo luzia nos olhos expectantes de todos naquela manhã radiosa de verão.

Assumindo a tribuna, Divaldo estabelece o roteiro para a Libertação do Mal. A terapêutica será de natureza psicológica, a partir daquele que é maior adversário do nosso processo evolutivo: o egoísmo.

E é no Espiritismo que Divaldo inicia a compreensão e entendimento do real significado em nossas vidas do egoísmo e, para tanto, cita o questionamento de Allan Kardec aos Venerandos Espíritos identificados em O Livro dos Espíritos pela questão 913: Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?

E os Bons Espíritos respondem: Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. (Capítulo XII, Da Perfeição Moral.)

Fica claro: o egoísmo é, sem dúvida o maior inimigo de nossa plenitude.

Como a abordagem terapêutica será pela Psicologia, Divaldo busca equalizar os diferentes níveis de conhecimento existentes na plateia e resume didaticamente e de forma muito clara a trajetória das diversas psicoterapias surgidas e as histórias de seus principais protagonistas.

Inicia por Jean-Martin CHARCOT (1825-1893) que em 1880 busca tratar a histeria mediante a utilização do hipnotismo. Os resultados obtidos ganham visibilidade mundial, atraindo a atenção de um jovem médico neurologista de Viena: Sigmund Freud (1856-1939) que se desloca até Paris para aprender diretamente com Charcot a técnica.

A hipnose representou um grande passo para compreender a mente humana, mas era insuficiente para entender as razões de haver tantos doentes sem a manifestação de doenças.

Perseguindo seu objetivo de interpretar a criatura humana, Freud vai palmilhando os comportamentos humanos e finalmente logra identificar serem os conflitos no subconsciente os principais geradores dos distúrbio. Nasce a psicanálise e a notável contribuição de desmistificar o sexo, considerado pela Religião dogmática como imundícia.

Parafraseando Paulo de Tarso que na Epístola aos Romanos (14:14) anotou: Como uma pessoa que está no Senhor Jesus, tenho plena convicção de que nenhum alimento é por si mesmo ritualmente impuro, a não ser para aquele que assim o considera – para esse é impuro, Freud estabelece que o sexo somente é impuro para aquele que assim o igualmente considera.

A humanidade começa a sair das trevas da ignorância no tratamento dos conflitos e distúrbios psiquiátricos. O impacto da Psicanálise de Freud atrai a atenção do psiquiatra e psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), que se junta ao Pai da Psicanálise. Ambos, porém, se afastam irreconciliavelmente. Freud considerava Jung por demais místico, enquanto Jung considerava que nem todos os problemas decorriam da libido.

Jung formula novos conhecimentos e técnicas, e surge então a Psicologia analítica.

Nesse instante Divaldo passa a esclarecer e a definir o significado dos principais termos e expressões específicas da Psicologia (Consciente, Subconsciente, Inconsciente Individual, Inconsciente Coletivo, Ego e Self), com destaque para a expressão Arquétipos (marcas antigas) adotada por Jung para caracterizar os nossos conflitos, Dá-se conta Jung de que somos compostos por uma duplicidade: O Self (aquilo que somos) e o Ego (aquilo que aparentamos, a máscara).

Na realidade somos o Self, que agrega as experiências de todas as gerações, e que contém nosso inconsciente coletivo, denominado pelo Espiritismo de Perispírito. Já o Ego é a nossa personalidade, que o Espiritismo esclarece serem as nossas paixões negativas (o mal do qual devemos nos libertar).

Findo o esclarecimento sobre as ciências de interpretação da criatura humana e de suas terapias, Divaldo dá inicio ao entendimento de que devemos centrar nossas energias na transformação do Egoísmo em Altruísmo mediante o contínuo trabalho e esforço para nos libertarmos da escravização do EGO (aquilo que aparentamos) e dos seus malefícios, desenvolvendo a primazia do SELF (Ser profundo).

Para tanto, Divaldo referiu-se à obra “O Cavaleiro Preso na Armadura” (editora Record) do escritor e roteirista americano Robert Fischer, citando a dificuldade vivida pelo cavaleiro da fábula que busca livrar-se da armadura (EGO) em que vive preso.

O Espiritismo nos dá o caminho: “O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas”. (O Livro dos Espíritos, Editora FEB, questão 917.)

Para que essa conquista seja permanente, a transformação deve ser de dentro para fora. Mas como operacionalizar a reforma íntima preconizada por Jesus e enfatizada pela Doutrina Espírita?

Divaldo dá o roteiro buscando uma vez mais o repositório da Doutrina Espírita, O Livro dos Espíritos, em que Kardec indaga aos Espíritos Superiores na questão 919: Qual o meio prático e eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

A resposta sucinta dos Tarefeiros do Cristo não deixa margem alguma a dúvidas: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”.

Esta é a nossa prioridade: A viagem interior que nos auxiliará no reconhecimento das múltiplas imperfeições que aguardam serem, ainda, identificadas para depois, então, serem transformadas em virtudes, como também daquelas outras que, apesar de já reconhecidas, aguardam nossa decisão firme para sublimá-las.

Deixar o Ego e ser o Self, como fez Francisco de Assis, que diante da multidão que lotava a Catedral de Assis ouviu as acusações do pai e diante de todos desnudou-se das finas roupas que trajava e foi buscar no monturo de lixo um casaco ali atirado e vestiu-o, cingindo na cintura uma corda à guisa de cinto. Mostrava por esse gesto a luta que ele travava com o Ego.

Fazia-o não para afrontar o pai, mas por ser essa a forma de simbolizar a separação do Ego. Desnudou-se pelo anseio da liberdade de encontrar a Verdade.

“Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”, afirmou Leon Tolstói (1828-1910). Quem desejar, portanto, mudar o mundo mude-se em primeiro lugar. Não é o mundo que se muda. Somos nós que mudamos o mundo, mudando-nos. Francisco de Assis não recomendou a ninguém a necessidade de vestir-se de tal ou qual forma. Ele impôs isso a si mesmo.

O Caminho da Verdade na busca do autoconhecimento é muito difícil pelo fato de nós nos ignorarmos. A eliminação da ignorância de nós mesmos passa pela aquisição do conhecimento. Divaldo citou, então, o professor, sociólogo, médico psiquiatra e psicólogo Emilio Mira y Lopez (1896-1964) que entendia que, do ponto de vista psicológico, o ser humano é constituído de cinco elementos:

1. Personalidade (A máscara que afivelamos à face)

2. Conhecimento (São as aquisições intelectivas e formada pelas lições de aprendizagem)

3. Identificação (São as sintonias daquilo com o que nos afinizamos)

4. Consciência (Que atuando com o conhecimento forma a base do discernimento. A consciência possui níveis diferenciados como será abordado a seguir)

5. Individualidade (O elemento que o egoísmo procura defender a todo custo).

Divaldo aborda a seguir os níveis de consciência que vamos galgando nas sucessões das vivências e ilustrou cada um desses níveis permitindo a todos identificar aquele em que estagiamos, permitindo-nos, assim, estabelecer um programa pessoal de aperfeiçoamento:

1. Consciência de sono SEM sonhos

2. Consciência de sono COM sonhos

3. Consciência de sono ACORDADO (identificação)

4. Consciência de Si mesmo.

5. Consciência Cósmica.

A respeito do nível 5, lembrou a célebre frase de Paulo: Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim. (Gálatas 2:20.)

Para finalizar, Divaldo nos convida a não desistirmos da busca do autoconhecimento, não nos deixando arrastar pelas Ilusões, mas optando pelo enfrentamento da Realidade. Encorajando-nos a perseverar nessa busca, Divaldo cita vários exemplos de constância de propósito como o descobridor da lâmpada elétrica Thomas Alva Edson que, mesmo após mais de 700 experiências infrutíferas, não desistiu, permanecendo no laboratório até obter êxito.

Só amamos os outros quando nos amarmos... E o amor solucionará todos os problemas, por mais intrincados se apresentem.

Amar, como amou Francisco de Assis, que experimentou doenças que lhe despedaçavam o corpo frágil e afligiam a alma veneranda: malária em surtos contínuos com febre e dores estomacais, com o baço e o fígado comprometidos, não conseguira desanimá-lo

Ao lado dessas aflições lentamente desabrochou as primeiras rosas arroxeadas da hanseníase.

Diante das dores quase insuportáveis da conjuntivite tracomatosa, aceitou submeter-se ao tratamento especial contra o tracoma nas mãos do médico que aqueceu dois ferros até os tornar brasas vivas e o cegou. Francisco não reclamou, exclamando, confiante: Oh! Irmão fogo!... Sê bondoso comigo nesta hora...

Como se não bastasse, posteriormente, a fim de estancar a purulência dos ouvidos, novamente experimentou barras de ferro em brasa que os penetraram, sem que exteriorizasse um gemido único.

Francisco renasceu para sofrer – sem dever – e nos ensinar – a nós que temos dívidas – a arte sublime de dedicação a Jesus. Toda uma epopeia de sacrifícios e abnegação ficaria inscrita nas páginas da História demonstrando quanto se pode fazer e viver sob a inspiração do amor de totalidade. 

O encontro derradeiro, dia 21 de fevereiro 

Divaldo iniciou o terceiro e último dia do seminário, falando-nos das origens e causas da situação atual da sociedade. Evocou, então, o filósofo Francis Bacon (1561-1626) e sua afirmativa de que uma filosofia superficial leva o homem para o materialismo e que em contrapartida uma filosofia profunda leva a criatura humana à verdadeira religião. 

Lembrou, na sequência, Blaise Pascal (1623-1662), filósofo francês que firmou posição na questão que dominava a humanidade nos séculos XVI e XVII – O materialismo (ou Atomismo) versus Religião (existência de Deus). Cientista renomado, escreveu ensaios filosóficos que reuniu no livro Les Pensées (Os Pensamentos, Editora Martin Claret), em que aborda os temas de “le sprit de Géometrie” (o Espírito de Geometria a representar a razão calculatória, analítica, instrumental que se dedica a investigar e entender a matéria e as leis que a governam, que impulsionou o progresso  da humanidade e mudou a face da Terra) e “le sprit de Finesse” (o Espírito de Gentileza a representar  a razão cordial –- que apoiada pela logique du coeur, a lógica do coração – se dedica às relações sociais e humanas, a ciência a estudar a subjetividade da vida e do sentido e real objetivo da vida e da espiritualidade).

O Espírito da Razão e o da Gentileza não são antagônicos e excludentes; antes, pelo contrário,  ambos são necessários para a existência humana. Mas o Espírito da Razão passa a prevalecer e comandar os destinos da humanidade em detrimento da Gentileza a tal ponto que hoje vivemos a ditadura da Razão.

Assim passamos a eleger as metas imediatistas e materiais e a felicidade, falsamente elegida,  é TER em detrimento ao SER. Com isso, o homem perdeu o endereço de Deus. Como consequência, a humanidade colhe – pelas suas escolhas – o quadro da atualidade: violência, no âmbito doméstico e coletivo. A vida perde o seu significado transcendental. A religião passa a se assemelhar a um clube, para onde as criaturas vão somente em ocasiões sociais ou quando não possuem outra atividade prioritária.

Essa situação é brilhantemente ilustrada por Divaldo através da narrativa da vida da assistente social Eunice Weaver (1902-1969), que nos anos 50 do século XX altruisticamente se mobilizou para criar os Preventórios (albergues para cuidar das crianças saudáveis, filhos dos hansenianos e evitar que o convívio íntimo acabasse por contaminá-las), salvando assim milhares de vidas em todo o Brasil.

Eunice Weaver – cujo pensamento estava resumido na frase O Verdadeiro ideal é a Arte de Servir – morreu em 1969 e somente 84 pessoas compareceram ao seu velório. A imprensa quase nada noticiou. As manchetes abriam espaço para comentar em todos os detalhes a separação de Brigitte Bardot do playboy e multimilionário alemão Gunter Sachs.

Enfatizando o paradoxo da falsa felicidade que o TER nos proporciona, Divaldo narra a história do Rei Creso (séc. V antes de Cristo), da Lídia (parte da atual Turquia), tido como o homem mais rico do mundo em sua época e que se autointitulava o homem mais feliz pela fortuna. Sólon, um dos sete sábios da Grécia, porém, o alertou de que a felicidade somente pode ser avaliada ao final da existência. Orgulhoso e arrogante, Creso desprezou o ensinamento do sábio, mas os eventos da vida terminaram por ensiná-lo da verdade.

O Ego, a máscara que afivelamos à face e que luta por defender a qualquer preço nossa individualidade, nos escraviza, encarcerando-nos  no sofrimento e frustração de não lograrmos encontrar as metas vazias e imediatas. E aguarda a nossa decisão firme e resoluta de abandonarmos a armadura que nos impede de fruir a verdadeira felicidade.

Jesus,  por intermédio dos Tarefeiros de Seu Incondicional Amor,  aguarda a nossa decisão de enfrentar os desafios existenciais, com otimismo, com constância de propósito.

Quando erramos não devemos desistir. Scheilla - a sublime enfermeira alemã - ensinou Divaldo: Quando retornamos ao Plano Espiritual, Jesus não nos pergunta o que fizemos de ruim. Não interessa. Ele nos pergunta o que aspiramos de melhor, o que desejamos.

Para nos libertarmos do mal, pensemos no bem. Todas as vezes que surgirem pensamentos pessimistas, negativos, depressivos, devemos substituí-los por pensamentos positivos, otimistas, alegres e joviais.

Findo o seminário, todos saíram pensativos, mas felizes, e no âmago de cada um ressoava o ensinamento de Jesus: Onde estiver o vosso tesouro (os valores, os ideais) ali também estará o vosso coração.

Nota do Autor: 

As fotos que ilustram esta reportagem são de autoria de Sandra Patrocínio. 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita