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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 455 - 6 de Março de 2016

MARCELO TEIXEIRA
maltemtx@uol.com.br
Petrópolis, RJ (Brasil)

 

 

Quando a gente vira dogma


Um conhecido político estava sendo acusado de ter cometido várias irregularidades. Outro político de igual envergadura saiu em sua defesa e disse que tais acusações eram injustas e que o colega, por ter uma folha de serviços de mais de 30 anos na política brasileira, deveria ser respeitado. À época, o jornalista Arnaldo Jabor disse, de forma brilhante, que folha corrida não é desculpa, isto é, o fato de a pessoa estar há anos na política não a isentava de ser investigada por irregularidades e ser responsabilizada caso as suspeitas se confirmassem.

Desde que ouvi o que o Jabor disse, tento trazer para a vida cotidiana o fato de que folha corrida não é desculpa.

O político acima descrito julgava-se acima do bem e do mal por causa do currículo que apresentava. Tornou-se, assim ele pensa, um dogma.

Dogma é uma palavra interessante. Significa ponto fundamental ou indiscutível de uma crença. Na Igreja Católica, um dogma é uma verdade absoluta, inquestionável, definitiva em torno da qual não pode haver dúvidas. Segundo a enciclopédia virtual Wikipédia, uma vez proclamado solenemente, nenhum dogma pode ser revogado ou negado, nem mesmo pelo Papa ou por decisão conciliar. Por isso, os dogmas constituem a base inalterável de toda a Doutrina católica, e qualquer católico é obrigado a aderir, aceitar e acreditar nos dogmas de uma maneira irrevogável.

O catolicismo possui vários dogmas. Entre eles, a virgindade de Maria. O católico tem de acreditar que Maria concebeu sendo virgem e ponto final. Não se discute.

A Doutrina Espírita não possui dogmas. Possui princípios básicos. Por que não são dogmas? Porque ninguém é obrigado a aceitar isso ou aquilo sem discutir. Quem estuda o Espiritismo é levado a entender tudo à luz da razão, da lógica. Tudo é explicável, tudo tem um por quê. Só para ilustrar, tais princípios básicos são a existência de Deus, a existência e sobrevivência do espírito após a morte, a pluralidade dos mundos habitados, a pluralidade das existências – mais conhecida como reencarnação – e a comunicabilidade dos Espíritos.

Mas voltando à questão do dogma e da observação do Arnaldo Jabor, é interessante notar como determinadas pessoas se portam como se fossem dogmas, ou seja, são incontestáveis, sempre estão certas, nunca erram. Se criticadas, evocam os anos de serviços prestados.

Pessoas assim são fáceis de achar. É o pai ou mãe que não admite receber críticas construtivas dos filhos adultos. Isso é mais comum do que se pensa. Quando os filhos são crianças, estão sob a total tutela dos pais. Quando adultos, têm uma visão de mundo diferente e podem ensinar muito aos pais. Só que há pais que não admitem isso. Acham falta de respeito. Notem que não estou falando em críticas pesadas, grosseiras, destrutivas. Estou falando em tentativas que os filhos fazem de abrir os olhos dos pais para que vejam a vida sob outro ângulo. Em vão. A mãe – ou pai – se sente desrespeitado, faz chantagem emocional, alega que se sacrificou, perdeu noites de sono por causa do filho e que não merece, depois de anos de dedicação e sofrimento, ser tratado com tamanho desrespeito e ingratidão. Só que ninguém é infalível por ser pai ou mãe. Genitores também cometem falhas, e compete aos filhos adultos, muitas vezes, alertar os pais. Afinal, mãe e pai também têm muito a aprender com os filhos; basta não se portarem como dogmas.

O mesmo acontece em empresas. Há pessoas que não admitem estar erradas, são avessas a mudanças e se julgam donas da empresa porque lá trabalham há 20 ou 30 anos. Além de estarmos sempre abertos ao novo, devemos tomar cuidado quanto a tal postura no ambiente de trabalho. Empresa não é família. Família não manda os filhos embora em situações de crise financeira.

Há também muitos dogmas em forma de gente no movimento espírita. É a turma que, como dizem por aí, não larga o osso. Claro que devemos ter cuidado para preservar a integridade doutrinária. Mas, às vezes, pessoas bem-intencionadas chegam com ideias novas e são rechaçadas. Daí, vemos a turminha de sempre na direção do centro. Se questionados, alegam que deram sangue, suor e lágrimas para construir a casa espírita, que sacrificaram a vida em família e as horas de lazer e repouso em prol da Doutrina. Enfim, estão sempre certos, nunca erram. Os outros é que estão errados, até obsidiados. Usam a folha corrida para dizer que são incontestáveis e inquestionáveis. Aí vem o tempo, a desencarnação e a inevitável dança das cadeiras que a vida faz. Tudo para nos levar a rever conceitos e sermos mais flexíveis.

Creio que, em todos esses casos, uma boa dose de humildade faz um grande bem. Além disso, devemos ter em mente que nada nos pertence. O centro espírita, a empresa, o Senado, o Congresso, os filhos, muito menos a verdade. Treinemos, portanto, o desapego, a começar pelo desapego à verdade absoluta que julgamos possuir.         


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita