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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 452 - 14 de Fevereiro de 2016

VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, SP (Brasil)

 


Maria, a Nossa Senhora


Obras literárias maiores trazem poemas e relatos sobre Maria, considerada como Mãe das mães, Mãe Santíssima, enaltecendo sua peregrina passagem pelo chão do planeta desde os tempos da fuga para o Egito, na África.

Não vemos, contudo, com a frequência que deveria, qualquer tipo de manifestação de sentimento voltado para a Senhora dos Anjos, como também é lembrada a virtuosa Maria, a que foi, na Terra, a responsável por receber Jesus quando aqui encarnou, há dois mil anos. E esse comportamento está presente em outros credos, igualmente cristãos, onde seus seguidores dizem que nunca nada ouviram a respeito de Maria, chegando alguns a afirmar que nem a conhecem.

Recordemos o Evangelho. Já fazia seis meses que Isabel estava grávida(1) quando sua prima Maria surpreendeu-se com a visita do anjo Gabriel, da parte de Deus, falando-lhe sobre o nascimento de um menino, a ser gerado em seu ventre, o qual deveria chamar-se Jesus.

‒ "Salve agraciada, o Senhor é contigo! Bendita és tu entre as mulheres."

A aparição desse mensageiro divino foi em razão do anúncio feito à Maria de que conceberia por aqueles dias.

Francisco Cândido Xavier (1910-2002) foi um ativo médium que exerceu seu sacerdócio com extremado empenho ao longo de seus 92 anos de vida e manifestava-se com reverência, quando falava de Maria. Ajoelhava-se e, de mãos postas, fazia suas homenagens através de orações.

Mas esse sentimento de amor e respeito deveria estar mais disseminado em todo o nosso meio. Afinal, foi de sua pureza e grandeza de espírito que Maria de Nazaré abrigou em seu seio Aquele que ofereceu à humanidade lisura em padrão de conduta, cuja ascensão vertical o coloca na condição de Guia e Exemplo moral maior, em cujo manto eterno e protetor todos os cristãos anseiam encontrar abrigo.

No final do ano de 1940, Humberto de Campos (1886-1934) nos trouxe, através da pena de Chico Xavier, a descrição dos últimos momentos de Nossa Senhora(2) neste Vale de Lágrimas a que chamamos Terra.                            

"Então, num crepúsculo estrelado, Maria entregou-se às orações, como de costume, pedindo a Deus por todos aqueles que se encontrassem em angústias do coração, por amor de seu filho.

Aragens suaves sopravam do oceano, espalhando os aromas da noite que se povoava de astros amigos e afetuosos e, em poucos minutos, a lua plena participava, igualmente, desse concerto de harmonia e de luz.

Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte.

‒ Minha mãe! ‒ exclamou o recém-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho. ‒ Venho fazer-te companhia e receber a tua bênção.

Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele caminhante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas consolações. Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa?!  Que emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta carícia? Seus olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade.

Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor:

‒ “Minha mãe, vem aos meus braços!”

Nesse instante, fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e, instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou também aí as úlceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais. Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria:

‒ “Meu filho! meu filho! As úlceras que te fizeram!...”

E precipitando-se para ele, como mãe carinhosa e desvelada, quis certificar-se, tocando a ferida que lhe fora produzida pelo último lançaço, perto do coração.

Suas mãos ternas e solícitas o abraçaram na sombra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlcera que tantas lágrimas lhe provocara ao carinho maternal. A chaga lateral também lá estava, sob a carícia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo. Num ímpeto de amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso transporte:

‒ “Sim, minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos”.

Maria cambaleou, tomada de inexprimível ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus; mas o corpo como que se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os ecos suaves da saudação do Anjo, qual se a entoassem mil vozes cariciosas, por entre as harmonias do céu.

No outro dia, dois portadores humildes desciam a Éfeso, de onde regressaram com João, para assistir aos últimos instantes daquela que lhes era a devotada Mãe Santíssima.

Maria já não falava. Numa inolvidável expressão de serenidade, por longas horas ainda esperou a ruptura dos derradeiros laços que a prendiam à vida material”.

Que este sequente sentimento, como ato de extrema grandeza, permaneça redivivo em nossos corações, uma vez que Jesus, embora Ungido pelo Criador e dirigente Maior da Terra, mas na condição de filho Daquela que o trouxe ao mundo, se lhe ajoelhou aos pés e beijou-lhe as mãos em gesto de profundo respeito.

Muita paz a todos nós.

 

(1) Dessa gravidez nasceria João Batista – (Lucas, 1, 13, 60 e 63). A exemplo de Jesus, também João Batista teve seu nome anunciado previamente pelo mesmo mensageiro, anjo Gabriel. Como seu pai Zacarias, sacerdote na Judeia, questionou o mensageiro acerca de sua idade avançada e de Isabel, foi punido com a mudez, até o nascimento, sendo-lhe então suas condições físicas restauradas. Foi nessa oportunidade que o anjo Gabriel anunciou que João Batista viria, em espírito e poder de Elias – (Lucas, 1: 13-20).

(2) Boa Nova, de Humberto de Campos, por Chico Xavier - Ed. FEB.


 

 


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