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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 9 - N° 448 - 17 de Janeiro de 2016
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 


Tormentos da Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 14)

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Tormentos da Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 2001.

Questões preliminares 

A. Quais as causas das agruras e humilhações sofridas por Leôncio no plano espiritual?

Elas lhe foram produzidas por inimigos que ele arregimentara em reencarnações anteriores, quando se tornou membro-soldado do Exército de Jesus e impusera a crueldade como instrumento de conversão religiosa. Agora, ao reencontrá-lo, desforçavam-se com inclemente perversidade, arrastando-o para regiões inferiores onde ele experimentou as mais rudes humilhações e desacatos de outros mais arrogantes adversários, até que o apóstolo de Sacramento o retirou do abismo, recambiando-o para o Hospital em que agora se encontrava. (Tormentos da Obsessão, cap. 7 – A amarga experiência de Leôncio.)

B. Em que e por quê, mesmo conhecendo a Doutrina Espírita, Leôncio tornou a fracassar?

Leôncio realmente experimentou a dádiva do conhecimento espírita, mas lhe faltaram os recursos morais, que, embora vicejassem no íntimo e o orientassem de alguma forma, não eram suficientes para superar as tendências em predomínio no ego: a vaidade exacerbada, o temperamento agressivo e soberbo, a presunção do conhecimento acadêmico, a ambição por exercer um ministério missionário. Foi nessa deficiência do Espírito que se abriram as brechas para as agressões imprudentes dos seus adversários pessoais, bem como aqueloutros do ideal libertador. O conhecimento intelectual nem sempre oferece discernimento emocional, e não são poucos aqueles que, possuidores de grande cultura, falham em questões pertinentes ao sentimento, ensoberbecendo-se e mantendo distância mental das pessoas que consideram inferiores. Há, pois, uma distância significativa entre conhecer e vivenciar, ensinar e sentir, compreender e amar em profundidade, ajudando sempre e sem cessar. (Tormentos da Obsessão, cap. 8 – Indagações esclarecedoras.)

C. Citado nesta obra, que desmandos são atribuídos a Tomás de Torquemada?

Nomeado um dos inquisidores da fé, no ano de 1482, homem culto e perverso, Torquemada logo se reuniu com os legistas João de Chaves e Tristão de Medina, de imediato redigindo as Instruções e Ordenanças dos Inquisidores que, somente por ele, pessoalmente condenaram à fogueira 8.800 pessoas e mais 96.504 que experimentaram outras punições. Graças a ele, os Reis católicos Fernando e Isabel expulsaram do país mais de um milhão de judeus que de lá fugiram a fim de escapar às hediondas perseguições. Os frutos amargos dessa era de terror ainda se encontram na árvore dos remorsos de incontáveis criaturas e continuam pesando na economia moral de cada um. Leôncio foi apenas uma dessas pessoas. (Tormentos da Obsessão, cap. 8 – Indagações esclarecedoras.)

Texto para leitura 

75. Causas das agruras e humilhações sofridas por Leôncio – Leôncio novamente aquietou-se ante o respeitoso silêncio de todos. E, enquanto a genitora lhe acariciava a cabeça, como a estimulá-lo a prosseguir, ele assim o fez: “Fui arrastado por antigos asseclas, inimigos que eu arregimentara em reencarnações anteriores, quando me houvera tornado membro-soldado do Exército de Jesus, e impusera a crueldade como instrumento de conversão religiosa... Agora desforçavam-se com inclemente perversidade, arrastando-me para regiões inferiores onde experimentei as mais rudes humilhações e desacatos de outros mais arrogantes adversários. O meu sofrimento era tão atroz e a consciência de culpa tão severa, que não me recordava das blandícias da oração, nem da intercessão divina sempre ao alcance de todos os calcetas e criminosos. Por fim, depois de excruciantes sofrimentos, recordei-me de Jesus, e passei a suplicar-Lhe misericórdia e compaixão. Essa atitude porém, era reflexo das intercessões de minha mãe e de minha esposa, então recuperada das dores que lhe houvera infligido e que me perdoara todos os delitos que eu cometera, apiedadas das minhas refregas e dos meus sofrimentos superlativos. Desse modo, em uma das excursões realizadas pela Rainha Santa Isabel, de Portugal, às regiões de supremo desconforto e dor, o apóstolo de Sacramento me retirou do abismo prendendo-me numa das redes magnéticas atiradas sobre o paul de degradação e vergonha, recambiando-me para este Abrigo, onde permaneci longamente em recuperação, libertando-me dos pesadelos que me continuaram afligindo”. Admitindo que ainda permaneciam nele as reminiscências dos erros e a amargura do insucesso, Leôncio disse que, apesar de tudo, a esperança do futuro lhe acenava com oportunidades de reparação. (Tormentos da Obsessão, cap. 7 – A amarga experiência de Leôncio.) 

76. Mais se pede a quem mais recebe – Quando Leôncio silenciou, o suor porejava-lhe na face pálida e as lágrimas corriam-lhe em abundância silenciosa e depuradora. Dona Matilde então revelou que a jovem que fora o pivô do seu fracasso, por haver sido vítima da própria ignorância e insensatez, foi amparada devidamente em outro pavilhão daquele Hospital. Quanto a Leôncio, ela declarou: “Conforme os amigos podem depreender, mais se pede àquele que mais recebe, de acordo com o ensinamento sábio de Jesus, e a responsabilidade do nosso Leôncio é muito grave em razão do seu profundo conhecimento do Espiritismo, que não soube aplicar como recurso e combustível para a autoiluminação, preocupado como se encontrava em combater os outros, esquecido de si mesmo... Mas, como tudo acontece conforme a vontade de Deus, haverá tempo para recomeço e trabalho, alegria e serviço, reparação e crescimento interior. Hoje vivemos alegres, porque a minha nora querida tem estado conosco, e os filhos que ambos deixaram na Terra, felizmente conseguiram superar os traumas sofridos, não havendo, portanto, maiores danos como consequência da deserção ao dever”. Comentando consigo mesmo o caso Leôncio, Manoel P. de Miranda lembra-nos quanto é grave o comportamento de querer mudar o mundo sem a preocupação de realizar mudanças internas, fundamentais, para que, assim, o mundo venha a tornar-se melhor. É sempre mais fácil exigir dos demais, impor ao próximo, vigiar os atos alheios, do que voltar-se para si mesmo, sendo exigente consigo e contemporizador com as deficiências que registre nas demais pessoas. (Tormentos da Obsessão, cap. 7 – A amarga experiência de Leôncio.) 

77. Em que e por que Leôncio fracassou – Explicando os motivos da queda de Leôncio, portador de tantos recursos e conhecimentos da Doutrina Espírita, Alberto teceu os seguintes comentários: “Caro Miranda, a existência terrestre, como sabemos, é sempre inçada de perigos, que repontam do passado delituoso e das atrações que se multiplicam exuberantes ao calor das paixões que remanescem dos instintos e são imperiosas no seu cerco à lógica, à razão. Reencarnado, o Espírito perde temporariamente parte da lucidez que possui, a fim de que aprimore os sentimentos e engrandeça-se nos testemunhos. Não obstante, no fragor das lutas renhidas, envolve-se com entusiasmo ou desinteressa-se de levar adiante os objetivos para os quais retornou ao proscênio terrestre, quando sofre injunções difíceis. Invariavelmente, os primeiros tentames de crescimento se fazem com relativa facilidade, tornando-se desafiadores à medida que se expande o campo de ação e se dá o reencontro com as experiências pretéritas que ficaram interrompidas, mas as personagens que delas participaram continuam vivas e atuantes... É nessa fase que irrompem as lembranças, agora transformadas em sentimentos e emoções, sem claridade de entendimento, conduzindo a comportamentos que surpreendem pelo inesperado da circunstância. Nosso caro Leôncio experimentou a dádiva do conhecimento espírita, mas lhe faltaram os recursos morais, que embora vicejassem no íntimo e o orientassem de alguma forma, não eram suficientes para superar as tendências em predomínio no ego: a vaidade exacerbada, o temperamento agressivo e soberbo, a presunção do conhecimento acadêmico, a ambição por exercer um ministério missionário... Foi nessa deficiência do Espírito, que se abriram as brechas para as agressões imprudentes dos seus adversários pessoais, bem como aqueloutros do ideal libertador”. Após ligeira pausa, Alberto prosseguiu: “O conhecimento intelectual nem sempre oferece discernimento emocional, e não são poucos aqueles que, possuidores de grande cultura, falham em questões pertinentes ao sentimento, ensoberbecendo-se e mantendo distância mental das pessoas que consideram inferiores. Infelizmente, os preconceitos de toda ordem sempre surgem na utópica superioridade daqueles que se atribuem valores que realmente não possuem. Afirma-se com certa sabedoria, que Deus pôs o conhecimento na cabeça, para bem conduzir o indivíduo através da razão, porém o sentimento foi colocado no coração, para que a ardência das emoções possa derreter o gelo da inteligência. Há, desse modo, uma distância significativa entre conhecer e vivenciar, ensinar e sentir, compreender e amar em profundidade, ajudando sempre e sem cessar”. (Tormentos da Obsessão, cap. 8 – Indagações esclarecedoras.) 

78. Raízes fincadas no amor – Focalizando ainda o caso Leôncio, Alberto ponderou: “O Espiritismo é dirigido à lógica e à razão, porém tem as suas raízes fincadas no amor, o que permite que todos os indivíduos o assimilem pelo entendimento e pelo sentimento, quando desvestido das linguagens complexas com que, não poucas vezes, alguns dos seus profitentes o revestem, em exibicionismos literários desnecessários e de resultados negativos. Há muita facilidade em dizer coisas simples de maneira interpolada, mas é muito difícil exprimir temas complexos de forma fácil, o que resulta em possuir mais do que o conhecimento, mas sim, a sabedoria. O nosso confrade tornou-se duelista da palavra, esgrimindo o verbo com terminologia aguçada como lâmina para ferir, esquecendo-se de que a nossa é a proposta de ajudar sempre, porquanto Jesus e Allan Kardec sempre se conduziram dessa forma. Mesmo quando assumiram postura austera, jamais recorreram à violência ou ao desrespeito acusador em relação aos seus adversários. O Espiritismo é a grande luz que predominará um dia no arquipélago de estrelas do conhecimento, orientando e iluminando mentes e corações para o autoencontro e a plenitude.” (Tormentos da Obsessão, cap. 8 – Indagações esclarecedoras.) 

79. O Exército de Jesus e seus desmandos – Leôncio havia dito, em sua narrativa, que tinha sido membro-soldado do Exército de Jesus. O que desejou dizer? A essa pergunta feita por Manoel P. de Miranda, Alberto esclareceu: “Devemos recordar-nos de que nos séculos 15 e 16, na Espanha, dois acontecimentos graves na área da religião assinalaram toda uma época de terror para a Humanidade. A primeira teve lugar quando o monge dominicano Tomás de Torquemada foi nomeado um dos inquisidores da fé, no ano de 1482. Homem culto e perverso, logo se reuniu com os legistas João de Chaves e Tristão de Medina, de imediato redigindo as Instruções e Ordenanças dos Inquisidores que, somente por ele, pessoalmente condenaram à fogueira 8.800 pessoas e mais 96.504 que experimentaram outras punições. Ainda, graças a ele, os Reis católicos Fernando e Isabel expulsaram do país mais de um milhão de judeus que de lá fugiram a fim de escapar às hediondas perseguições. O segundo foi a criação da Companhia de Jesus, pelo também dominicano Inácio de Loyola que, após o insucesso como cavaleiro, renunciou às batalhas, mergulhou o pensamento na história da vida dos santos e tornou-se peregrino, trocando a sua pela indumentária de um mendigo. Posteriormente visitou a terra santa, ordenou-se monge e criou a referida Ordem que, se de um lado sensibilizou homens notáveis para o ministério da evangelização dos povos, como José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, por outro submeteu os silvícolas do Novo Mundo a arbitrariedades inimagináveis, inclusive, quase destruindo-lhes a cultura e a fé primitiva... Juntando-se a esses dois visionários, que nos merecem respeito, mas que exorbitaram no comportamento religioso a que se entregaram, muitos homens se ofereceram para servir a Jesus, desde que não abandonassem, naturalmente, o mundo nem os seus bens, motivando desgraças inomináveis, cujos frutos amargos ainda se encontram na árvore dos remorsos de incontáveis criaturas... O nosso caro Leôncio fez parte das hostes desses soldados de Jesus, que se permitiam todas as arbitrariedades sob o amparo da justiça religiosa e apoio da secular igreja, contraindo dívidas inumeráveis, que continuam pesando na economia moral de cada um”. (Tormentos da Obsessão, cap. 8 – Indagações esclarecedoras.) (Continua no próximo número.)


 


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