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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 447 - 10 de Janeiro de 2016

FELINTO ELÍZIO DUARTE CAMPELO
felintoelizio@gmail.com
 
Maceió, Alagoas (Brasil)

 


A pedinte


Manhã fria de rigoroso inverno. Quitéria, menina de oito anos de idade, abandonada pelos pais, ignorada pela sociedade, atormentada pelo frio e pela fome, mendigava à porta de tradicional colégio de aristocrático bairro da cidade.

Poucos notavam-lhe a presença, ninguém se compadecia de sua desventura.

Bem nutrido, ricas roupas de lã, acompanhado por um senhor de semblante austero, Audálio desceu de luxuoso carro importado, num gritante contraste com a pobre aparência da magricela Quitéria.

Estavam ali, frente a frente, a opulência e a miséria.

Cruzaram-se os olhares de Audálio e de Quitéria que, triste, mãos estendidas, suplicou:

– Piedade, tenho fome e frio!

Com um gesto brusco, o Sr. Alcântara impediu Audálio de entregar à faminta o seu lanche.

– Pai, eu estou alimentado, ela tem fome. Deixe-me socorrê-la.

– Não. Não nos devemos imiscuir com esse tipo de gente. A responsabilidade é do governo; para isso pago pesados impostos.

– Ela tem frio, permita-me ao menos cobri-la com meu casaco.

– Nunca! Seu casaco custou-me trezentos e cinquenta reais! Quer jogá-lo fora? Quer porventura arruinar-me com suas penas desmedidas? Ademais, sem ele, você poderia apanhar um resfriado. Entre imediatamente.

Após reiteradas recomendações ao diretor da escola para não permitir a Audálio transpor o portão do colégio em momento algum, Alcântara saiu em disparada, indiferente ao sofrimento da menina, preocupado somente com os milhões que lucraria no negócio a ser consumado naquela manhã.

Audálio, porém, armou um plano para fazer chegar sua merenda às mãos de Quitéria. A coleguinha Júlia seria a intermediária; o porteiro, o cúmplice. Tudo combinado, o esquema foi posto em execução.

Estava escrito, o infortúnio visitaria a alma do pequeno Audálio. Na hora do recreio, duas notícias vieram magoar aquele coração sensível. Quitéria, resignadamente, partira do mundo material antes de receber o alimento salvador; seu pai, vitimado por acidente de trânsito, falecera blasfemando em lastimoso estado de revolta.

Passados alguns meses, certa noite, Audálio sonhou que entrava no paraíso. Recebido por Quitéria que parecia radiante, emoldurada por suave luz azulada, comentou:

– Fico alegre por vê-la sem as marcas da adversidade, tão bela, tão feliz, contudo, preocupo-me com meu pai. Onde e como estará seu Espírito?

– Meu bom amigo, por isso mesmo, você foi chamado a vir ao meu encontro. Seu pai padece no umbroso vale dos desesperados a dor daqueles que se descuraram dos deveres cristãos, levado pela vaidade e ambição sem limite.

– O que posso fazer para salvá-lo?

– Precisamos ajudá-lo. Pedi e foi-me concedida a oportunidade de, em breve, reencarnar. Do nosso consórcio, nascerá o Sr. Alcântara, filho que amaremos e a quem deveremos conduzir pela trilha do reajustamento espiritual. Aceita?

– Sim, tudo farei por meu pai. Além do mais, unir-me a você pelo matrimônio é uma dádiva divina! Amei-a à primeira vista, parece inexplicável!

– Oh! Que tolice achar inexplicável o seu súbito sentimento! É muito natural que tenha ocorrido, pois, há séculos, estamos ligados por um afeto fraternal, em múltiplas reencarnações. Na verdade, houve apenas um reencontro.

Audálio despertou em pranto. Não se lembrava detalhadamente do sonho; sabia, entretanto, que se encontrara com a pedinte da porta do colégio, que seu pai recebera o perdão incondicional daquela menina que, na Terra, vira apenas uma vez e, mesmo assim, a amou profundamente e que um pacto de amor havia sido selado sob a égide do Senhor.

Ela voltaria, ele esperaria.

Assim, Audálio sentia manifestar-se a sabedoria e a bondade de Deus.


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita