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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 443 - 6 de Dezembro de 2015

RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)

 

 

O bilhete azul


Vou citar algumas frases abaixo e você leitor (a) pense sobre a possibilidade de Chico Xavier ter sido alvo de alguma ou de muitas delas.

“De que te serve a fé para o caminho de tanta dor?”

“Se és médium com tarefa na caridade, onde estão os Espíritos protetores que te não aliviam as amarguras?”

“Se guardas confiança em Jesus, mostra-te livre dos obstáculos...”

“Se louvas o Espiritismo como Doutrina de luz, por que te demoras na sombra das aflições?”

E então, o que você acha? Teria ouvido Chico tais frases no início do século XX dos detratores do Espiritismo, ou não?

E nos dias atuais em pleno século XXI, transcorridos quase cem anos em que esse ódio gratuito contra a Doutrina atenuou, ouvimos nós essas frases ou somos compreendidos e aceitos em nossa opção filosófico-religiosa?

Não sei quanto a você, amigo leitor (a), mas eu já ouvi diversas vezes. Por exemplo: “Você faz isso ou aquilo e vai ao Centro Espírita?” “Você é assim ou assado e se diz espírita?”

Respondo que, felizmente, sou um doente da alma que, mesmo fazendo isso ou aquilo e sendo assim ou assado, procuro pelo hospital que a Doutrina me oferece. Pior seria se como enfermo fugisse ao tratamento.

Mas por que será que existe esse pensamento sobre quem possui uma religião de ser desobrigado de enfrentar problemas na vida atual? Muito simples: acredita-se que qualquer uma delas é um bilhete azul, um passe livre, um salvo-conduto para transitar pelo mundo sem dificuldades. O Chico Xavier não poderia ter dificuldade nenhuma por conviver intensamente com os Espíritos amigos que deveriam isentá-lo de todo e qualquer problema! Os católicos deveriam ter todos os santos e santas da Igreja em regime de plantão para socorrê-los! Os evangélicos deveriam ter em cada pastor um amigo à disposição para exorcizar e expulsar toda e qualquer dificuldade de suas existências! E assim por diante. Ocorre que não entendem dessa forma as Leis soberanas da Vida, o que já ficou bem claro nas palavras de Jesus quando Ele afirmou que a cada um seria dado segundo as suas obras! Ora, temos semeaduras que realizamos livremente pelos caminhos da evolução e que se frutificam em boas ou más colheitas. Dessa maneira, não podemos ter esse tão sonhado bilhete azul que nos isenta das dificuldades semeadas livremente por cada um de nós e que virão a ter em nossos braços com os respectivos resultados.

Por acaso Francisco de Assis, por renunciar ao mundo para servir a Jesus, se isentou dos problemas típicos da vida material? Sabemos que não. Foi desprezado pelo pai que não o compreendeu; padeceu fome e miséria material extremas; sofreu a enfermidade denominada vulgarmente de tracoma, o que levou a sua vista comprometida ser queimada com ferro em brasa, única opção para a época no tratamento dessa enfermidade; foi vitimado pela malária quando não existia nenhum rudimento para o tratamento dessa doença; e tantas coisas mais que não sabemos. Mas a conclusão é inevitável: não se isentou de dificuldades no mundo por servir ao Cristo! Da mesma forma podemos indagar se foi fácil a vida de Kardec quando trouxe até os homens as verdades da Doutrina Espírita no século XIX, onde a religião dominante reagia com ferocidade à intromissão dos ensinamentos dos Espíritos. A vida de Irmã Dulce, de Madre Teresa de Calcutá, foi um paraíso na Terra?

E o porquê de tudo isso? Responde-nos magistralmente Emmanuel no livro Palavras De Vida Eterna, no capítulo 25: Ensinarás com o teu exemplo que o Evangelho não é oficina de vantagens na experiência material, mas sim templo de trabalho redentor para que venhamos a consertar a nós mesmos, diante da Vida Eterna.

Que explicação magnífica do sublime Mentor de Chico! Diríamos mesmo que é perfeita.

Religião de ninguém é salvo-conduto para passarmos pelo mundo na ausência de problemas. A religião que prometer isso estará contrariando a afirmação de Jesus sobre o dar-se a cada um segundo as suas obras. Qual a religião que pode modificar uma Lei de Deus se o próprio Cristo, nosso Modelo e Guia, afirmou que não vinha alterar a Lei, mas dar-lhe cumprimento? De que adiantaria estarmos reencarnados se não tivéssemos que superar os obstáculos que repontam em nosso caminho evolutivo? Ninguém retorna para viagem de turismo. Se tal objetivo caracterizasse a nossa volta, melhor seria ficarmos no plano espiritual onde o bônus-hora não sofre com a dança inflacionária do dólar.

Se a Ele, o Divino Amigo, foi lançado o desafio – “Salva-te a ti mesmo e desce da cruz” – pela insensibilidade dos homens daquela época, o que não mereceremos ouvir no estágio atual da nossa evolução? Bilhete azul? Nem se pincelarmos a respectiva cor no trânsito da existência!
 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita