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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 441 - 22 de Novembro de 2015

ELENI FRANGATOS
eleni.moreira@uol.com.br
Vinhedo, SP (Brasil)

 


WhatsApp 


A velocidade dos avanços tecnológicos em todas as áreas, mas muito em especial no que se refere aos aplicativos, é alucinante.

E, como tudo é dual, assim também o WhatsApp tem suas vantagens e desvantagens.

Dentro de suas múltiplas vantagens, citemos apenas algumas: comunicação rápida e de qualidade, disponibilidade de contatos e negociações profissionais, reuniões em grupo, uso de telefonia gratuita, fugindo aos custos absurdos praticados no Brasil, contatos gratuitos a longa distância e internacionais, cooperação com a polícia na procura e captura de bandidos e criminosos, seu uso como rápido e eficaz alerta, como informativo para movimento das rodovias, de acidentes, de pedidos de ajuda, de localização de desaparecidos, de divulgação de mensagens espirituais, de bem-estar e autoajuda, além do seu lado do humor que, quando sadio, é válido pela criatividade do ser humano e de como ele extravasa o seu descontentamento com nossos políticos e situações do dia a dia.

Mas, vamos agora ao lado negativo, ou seja, quando há mudanças negativas de comportamento individual e coletivo.

O ego inflado do ser humano sente uma enorme satisfação em mostrar aos outros com quem se relaciona que ele “está por dentro”, domina, conhece o que existe de mais recente – está atualizado, “updated”.

Triste que façamos de um aplicativo nossa razão de viver!

A verdadeira felicidade não é a turbulência da vida, não está num aplicativo que nos faz insanos e compulsivos. Mesmo que no rápido entra e sai de cada acesso, quando somados representam, por incrível que pareça, algumas preciosas horas do nosso dia.

O WhatsApp é o que chamo de cocaína virtual. Quanto mais se cheira, mais se quer cheirar – pelo menos é isso que dizem. Quanto mais se usa, mais se quer usar. É viciante e compulsivo.

A nossa atenção se dispersa com o sinal sonoro avisando que chegou mensagem. Paramos a conversa, ou o que estamos fazendo, o nosso foco passou a ser aquele sinal, como se fosse o reflexo condicionado de Pavlov! O nosso comportamento social mudou.

Outro aspecto que parece até exagero: a quantidade de atropelamentos e acidentes de trabalho aumentou, sendo um número já expressivo consequência do uso ininterrupto do celular na rua, no trânsito e no trabalho. Nas escolas, as crianças se rebelam contra os professores, chegando mesmo a agredi-los, quando o mestre, na tentativa de fazer com que o aluno preste atenção à aula e não ao celular e seus aplicativos, pede que desliguem os aparelhos, ou até mesmo os recolhe...

O lado ruim do WhatsApp é que vulgariza por demais as pessoas: as pessoas perdem sua interiorização, sua força magnética, sua intensidade pessoal, sua energia espiritual! Não há tempo para raciocinar, para meditar, para uma introspeção, principalmente quando fazemos parte de grupos e recebemos ou procuramos mensagens constantemente. Não há qualquer possibilidade de concentração! A atenção fica focada em acessar de minuto em minuto e de forma doentia e compulsiva o WhatsApp, entrando no horário de nosso descanso, perdendo até horas intermináveis de bom e profundo sono reparador.

Os relacionamentos conjugais ficam altamente comprometidos. É triste ver um casal, ambos voltados para seus celulares, ou apenas um deles, não compartilhando de conversa “olho no olho”, não se inteirando do dia de cada um, não sendo mais amigos, namorados, cúmplices, amantes. Quando um casamento chega ao ponto de se procurar exaustivamente contato pelo WhatsApp, creiam que esse casamento, digam o que disserem, terminou. Ou há acomodação, ou interesses financeiros envolvidos, mas seu término é bem visível: já era!

Também quem procura através do WhatsApp preencher sua vida não tem mais tempo para se concentrar em boas leituras, que elevam o espírito, em bons filmes, em visitar um bom amigo: sua vida se limita a polegares para cima, sorrisos, enfim... A verdadeira amizade – a verdadeira intimidade – vai para o brejo como se houvesse um medo grande de desvendar quem se é de verdade e não um estereótipo criado pela tecnologia moderna. Não existe mais a verdadeira intimidade. O que se diz a um, diz-se a todos, não há diferenciação. Parece que ser importante é ter muitos amigos dando bom-dia, mesmo que esse bom-dia seja automático, despersonalizado, igual para todos os outros do mesmo grupo..., um bom-dia que acaba até enchendo nossa paciência! E tem mais: as mensagens, não mais as guardamos para nós, não as preservamos docemente em segredo, como os antigos e discretos namorados e amigos, mas repassamos a todos os outros do mesmo grupo. A mensagem que nos foi mandada por alguém com carinho e intimidade é jogada na rede como banal. Casos há em que um deles recebe uma mensagem de um(a) namorado(a) e a repassa de imediato para outros(as) com quem mantém o mesmo tipo de relacionamento virtual, num avacalhamento de sentimentos e falta de caráter, para falar logo com todas as palavras. Não há mais ética. É a total desvalorização dos sentimentos, da intimidade, do relacionamento e do respeito humano. Informações e fotos são vazadas de qualquer forma. Não temos mais privacidade...

E o pior: são aqueles que dizem e apregoam que não gostam de exposição, defendem sua privacidade com unhas e dentes que, de repente, ali estão eles expostos, trocando informações e observações com pessoas que mal conhecem... numa total incoerência!

Certa noite, jantando com um bom amigo de longos anos, enquanto conversávamos e ríamos animadamente (ainda curtimos um bom papo, “olho no olho”), na mesa do lado estava um casal na faixa dos 40 e poucos anos, com dois adolescentes. Cada um deles acessava o seu celular e não havia qualquer conversa entre eles. Até que, de repente, o pai, sem tirar os olhos do celular, apontou para um dos dois adolescentes e disse em voz bem alta: “Viu? Mandei pra você agora no WhatsApp. Recebeu?” Deus seja louvado! A família estava interagindo uns com os outros via celular e WhatsApp, os quatro sentados a uma mesa para jantar!...

Vejamos também a parte da saúde: os médicos citam casos de dores e enfermidades causadas pela postura característica de quem acessa o celular durante horas e horas seguidas. A coluna se ressente, a visão é alterada, até a respiração é afetada, e com isso o raciocínio também, porque a oxigenação é imperfeita, a concentração existe apenas em relação ao celular e ao WhatsApp e aplicativos similares.

Também a pornografia e os tão na moda “nudes”, e sexo explícito com homens e mulheres mostrando seus órgãos sexuais, como se os valores da vida fossem esses. Quantos homens há que têm um “mulherão” dormindo no quarto ao lado, enquanto eles manipulam avidamente um aplicativo para, a distância, fugindo portando de qualquer intimidade, interagirem com outras mulheres que, por sua vez, têm seus companheiros dormindo também no quarto ao lado.

Isso é vida conjugal? Então, por que se casaram? É uma porta escancarada para mútua traição. E não venham argumentar que é virtual, que está na moda, portanto não é traição! É traição, sim!

Tenho mente aberta, mas a verdade é que a mulher e o homem não se respeitam mais. Como vão respeitar os outros?

E quantos casos há em que nossas crianças têm acesso a tudo isto com a concordância dos pais e são vítimas constantes de pedofilia via aplicativos desse tipo?

E vocês estão pensando que quem faz tudo isto são apenas os jovens? Não! Esse mesmo comportamento é seguido por profissionais de alto gabarito, homens e mulheres de meia-idade e mais velhos, que ninguém diria, mas fazem tudo o que está descrito acima...Tentam imitar o linguajar, a gíria dos adolescentes, no afã de se sentirem jovens ainda; criam nomes fictícios ou não, pensam que estão “abafando”, mas sempre há uma escorregada que mostra a verdadeira idade deles ou delas. No dia a dia, são profissionais, homens e mulheres íntegros, sérios, respeitados, responsáveis, aconselhando, cuidando, tomando decisões em grandes empresas, mas, na intimidade, são... Não sabem sequer o que é ter verdadeira intimidade com alguém, porque sua insegurança os faz fugir dela como o diabo foge da cruz. Porque a intimidade pressupõe um coração aberto, a exposição do que temos de mais íntimo, permitir que o outro tenha acesso pleno a quem somos na realidade.

Quando o pensamento se fixa no WhatsApp com fervor e total dedicação, temos o monoideísmo, que pode desembocar na obsessão. Assim como acontece com o usuário de cocaína, também o doentio uso do WhatsApp tem cura, mas quando o usuário de uma ou de outro se deixou dominar, a sua cura é muito mais difícil e, quando não há força de vontade real, a recaída, assim como na cocaína, é constante.

Antes de encerrar este artigo, preciso dizer que muitas das situações aqui descritas, eu mesma já as experimentei, como o constante e contínuo acesso ao WhatsApp. Quando vi que realmente esse não era um bom caminho, tomei algumas decisões, que muito me ajudaram. Não sou exemplo para ninguém, mas aqui vão algumas medidas que talvez possam ajudar:

1. Passei a acessar o WhatsApp em 4 horários pré-estabelecidos.

2. Saí de todos os grupos.

3. Saí de todos os aplicativos similares, apenas mantendo um.

4. Passei a manter contato com apenas as pessoas que realmente representam algo de bom para mim e com quem sinto verdadeira intimidade e empatia. Para esses há um toque especial, distinguindo-os para que eu saiba de antemão se me convém ou não acessar o WhatsApp.

5. Retirei todos os meus dados pessoais, mantendo certa privacidade.

6. Desligo o celular por períodos intercalados de uma hora. Quando não tínhamos celulares e WhatsApp, convivíamos bem com isso. (Faço aqui um parêntesis para contar sobre um amigo de Recife, empresário famoso e muito rico, que não tem sequer celular. Um dia, perguntei a razão de não ter acesso à moderna tecnologia e ele respondeu com aquele sotaque bem pernambucano, abrindo e rolando lentamente as vogais: “olhe, minha amiga, fiz minha fortuna todinha sem celular... Lá quero esse negócio? Não vou ter nem tempo para pensar... Quero não”.) Ninguém é tão importante que não possa fazer isto. E, se é tão importante e ocupado, como tem tempo para passar horas e horas acessando o WhatsApp em acessos inúteis?

7. À noite, desligo o aparelho e só assim passei a dormir melhor. Parei de dormir como os crocodilos: com um olho aberto e outro fechado.

8. Regressei a boas leituras, bons filmes, boa música, a olhar mais para cima do que para baixo, a reparar mais no encanto e magia da Natureza, a viver mais e com melhor qualidade de vida, a cozinhar amorosamente para quem quero, dizer sem medos “eu te amo, te quero bem”, ter o prazer de arrumar um vaso de flores, de dar um abraço na rua, de cuidar de minha parte espiritual de uma forma equilibrada e saudável, de sentir o cheiro e as cores das coisas, de escrever, enfim... Voltei a ser gente de novo e não um ser humano com um chip “whatsappiano” implantado no meu cérebro!

9. Ocupei-me com trabalho voluntário.

E, quanto aos pais, pois pensem bem nos filhos que estão criando. Não tenham receio de impor limites e normas. Para isso, queridos pais, terão que ser, primeiro, o exemplo. Palavras são vãs. Ações são firmes guias de conduta. Seu filho hoje reclamará, vai chamá-los de ultrapassados, mas está provado que, mais tarde, ele vai agradecer, porque foram colocados limites na sua vida, entre eles o uso do celular e do WhatsApp e similares. Incentivem o filho a usar o poderoso computador que tem sobre os ombros: o cérebro humano. Abram leques de pensamento para que ele se desenvolva e se instrua acompanhando com equilíbrio o uso da tecnologia moderna, mas não esquecendo seu desenvolvimento e aperfeiçoamento espiritual: ser um homem do e para o bem! E a aprender que o tempo que nos é dado é muito rápido para ser desperdiçado inocuamente em acessos inúteis ao WhatsApp!

E, quando tiver dúvida se você deve ser moderninho ou coerente em relação a você mesmo, e principalmente em relação aos seus filhos, lembre-se:

Deus perguntará: Que fizeste do filho confiado à tua guarda? (Cap. XIV, item 9 – ESE).

E eu lhe pergunto: O que faz de sua vida que tão preciosamente lhe foi dada e que passa tão rápido?


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita