WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 440 - 15 de Novembro de 2015

JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, DF (Brasil) 

 


 
Pena de morte - uma suprema irracionalidade humana


Dentre os escritos do Velho Testamento, encontramos a seguinte passagem: "O que ferir qualquer dos seus compatriotas, assim como fez, assim se lhe fará a ele: quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; qual for o mal que tiver feito, tal será o que há de sofrer". (1) Disposições punitivas em flagrante contradição com a ordenação maior do mesmo Velho Testamento no Decálogo - "Não matarás" (2).

A imprensa noticiou que o Governo cubano anunciou, recentemente, que todos os prisioneiros condenados à morte no país terão suas penas revistas, exceto alguns poucos condenados por "terrorismo". A deliberação de comutar a pena dos condenados à morte, segundo o governo de Havana, não foi tomada por conta da pressão internacional, mas por razões "humanitárias". Porém, lamentavelmente, a pena capital continuará existindo em Cuba.

No Brasil, pesquisas indicam que a maioria dos brasileiros é favorável à implantação da pena de morte. Na condição de espírita, temos convicção de que o argumento das pesquisas não é legítimo. Até porque, o respeito pelos direitos humanos nunca deve depender da opinião pública, sujeita a muitas instabilidades. E, mais ainda, a experiência tem mostrado que a pena de morte tem sido aplicada (nos países que a adotam) contra as minorias sociais e contra os pobres, aos quais sempre se associa a imagem da violência.

Segundo Chico Xavier, - "a pena deveria ser de educação”. A pessoa deveria ser condenada, mas, a ler livros, a se educar, a se internar em colégios ainda que seja, vamos dizer, por ordem policial. (3) O Estado de Nova Jersey - EUA tornou-se o primeiro Estado americano a abolir a pena de morte por decisão legislativa, desde que a Corte Suprema do país restituiu a prática, em 1976. Houve 53 execuções em 2006 nos EUA, menor número em dez anos.

Durante a Idade Média, muitos pensadores foram excomungados pela Igreja e, com o aval ou o silêncio do monarca, condenados à morte. Com a chegada do séc. XIX e o advento dos filósofos iluministas, o movimento contra a pena de morte conheceu um período de franco apogeu. Portugal foi o país pioneiro na abolição dessa execrável instituição; em 1852, para os crimes políticos, e em 1867, para os crimes civis. Paulatinamente, muitos países seguiram a trilha dos compatriotas ibéricos, abraçando essa conquista dos direitos humanos sobre a barbárie, tornando-se abolicionistas. Porém, com o eclodir das duas Grandes Guerras mundiais no século XX, holocaustos e revoluções, fundamentalismos e purgas, a tendência começou a se inverter, infelizmente. No Brasil, esta pena foi abolida para os crimes comuns em 1979. Mas a pena capital foi largamente utilizada e aplicada no País até a segunda metade do século XIX.

Sobre a Pena de morte, "a aprovação definitiva, pela Assembleia Geral da ONU [formada por 192 estados membros], teve 99 votos a favor, 52 contra, 33 abstenções e 08 ausências. A resolução abre caminho para a abolição da pena de morte e a proteção dos Direitos Humanos no mundo". (4) Lamentavelmente, 99 países ainda continuam a matar "legitimamente", ou seja, mais da metade. A pena de morte dita "limpa", herdeira da guilhotina da Revolução Francesa, faz parte do rol de costumes que, hoje, todos os verdadeiramente civilizados tendem a considerar bárbaros.

Nos países islâmicos as execuções continuam a ser públicas. No Iraque, as famílias dos condenados são obrigadas a pagar o custo da execução, tal como na China, onde a conta dos projéteis (balas) é enviada para a casa do condenado. Na Arábia Saudita, Qatar, Iémen e Emirados Árabes Unidos, os condenados têm o sádico "privilégio" de serem decapitados com uma cimitarra (5)... de prata!

Dois mil anos passados após a mensagem consoladora e educativa do Cristo, Ele próprio vítima dessa nefasta instituição, continua-se assassinando. Na era do espírito, da informação e da conquista do espaço, a persistência neste arcaico expediente, consistindo em dar aos Estados o direito de levar a termo a sua própria vingança, é, no mínimo, degradante e ignorante, demonstrando a falta de ética e evolução desses povos.

Allan Kardec indagou aos Espíritos se desaparecerá, algum dia, da legislação humana, a pena de morte. Os Benfeitores responderam que "incontestavelmente, desaparecerá, e a sua supressão assinalará um progresso da humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos a pena de morte será completamente abolida da Terra. Não mais precisarão os homens de ser julgados pelos homens". (6)

Na pergunta 761 de "O Livro dos Espíritos", acerca do tema, questionando se o homem tem o direito de matar, eliminando, assim, da sociedade, um membro perigoso, os Espíritos superiores respondem: "Há outros meios de ele (o homem) se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso abrir e não fechar aos criminosos a porta do arrependimento". (7)

Com a pena de morte, julga o homem, na sua ignorância das leis da vida espiritual e da reencarnação, ter solucionado o problema social da violência. O que acontece é bem diferente, pois o condenado irá forçado para o plano espiritual, mas, voltará, inevitavelmente, à Terra, para prosseguir o seu plano de crescimento espiritual. Quando assumimos - segundo os melhores juristas do mundo - a posição de juízes, e decretamos a pena de morte, demonstramos o nosso ódio e o nosso fracasso.

Matar criminosos não resolve: eles não morrem. Eliminar o corpo físico não significa transformar as tendências do homem criminoso. Seus corpos descerão à sepultura, mas, eles, Espíritos imortais, surgirão vivos e ativos, pesando, negativamente, no ar que respiramos. O criminoso executado ganha o benefício da invisibilidade e passa a assediar pessoas com tendência à criminalidade, ampliando-a, causam estragos no psiquismo humano, na medida em que as pessoas se mostrem vulneráveis, psiquicamente, à sua influência.

Ouçamos a admoestação do Espírito Emmanuel - "Desterrai, em definitivo, a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás dos quadros de vossa penalogia, e oremos, todos juntos, suplicando a Deus nos inspire paciência e misericórdia, uns para com os outros, porque, ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, será possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino Mestre, condenado à morte sem culpa: "Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!"(8)

Perante todas essas considerações, é necessário que tomemos, urgentemente, um posicionamento definitivo contra a pena de morte, até porque, a violência gera violência. A educação, a instrução religiosa, aliada à fé raciocinada, garantem a solução para os problemas sociais. Recorrer às práticas primitivas é, no mínimo, retroceder no tempo, e já deveriam fazer parte apenas do arquivo da história da humanidade.

 

Notas e referências bibliográficas: 

1. Levítico, 24:17, 19 e 20.

2. Deuteronômio, Cap. 5:17.

3. Xavier, Francisco Cândido. Mandato de Amor, MG: Ed. União Espírita Mineira, 1992.

4. Documento publicado pela ONU (16.11.2007).

5. A cimitarra é uma espada de lâmina curva mais larga na extremidade livre, com gume no lado convexo, utilizada por certos povos orientais, tais como árabes, turcos e persas, especialmente pelos guerreiros muçulmanos.

6. Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, perg. 760.

7. Idem, pergunta 761.

8. Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos, Ditado pelo Espírito Emmanuel, cap. 50, Rio de Janeiro: ed. FEB, 2001.


 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita