WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 438 - 1° de Novembro de 2015

CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 


Mesmice espírita


Dois episódios recentes divididos com leitores durante o período de lançamento do meu último romance espírita, Regente, a Música Além da Vida, que conta a vida do autor espiritual numa colônia peculiar voltada à aplicação diversificada das Artes em benefício da vida humana, vieram demonstrar o que já foi dito em artigos nossos anteriores sobre a necessidade do entendimento de que vida espiritual é processo em modificação e evolução permanente- o que não possibilita, em nenhuma hipótese, que se comece a fazer do Espiritismo uma reprodução do erro cometido n’outros setores filosóficos e religiosos, ao se tentar confinar a verdade das coisas na letra contida num, ou n’alguns livros, sem a compreensão de que esta verdade se acha na dinâmica maior das realidades da existência.

Num deles, durante o bate-papo de autores da editora FEIC com o público presente num dos auditórios do evento da Bienal Internacional do Livro, uma leitora de faixa etária mais jovem, conquanto estudiosa sincera dos temas espíritas, pediu nossa opinião sobre sua visão – justíssima – de que os leitores do Espiritismo de gerações mais recentes se ressentem, muitas vezes, da mesmice repetitiva nos atuais livros e palestras, que tendem a sabatinar temas exaustivamente expostos pelos autores consagrados do Espiritismo, sem nenhum acréscimo de esclarecimento às necessidades dos avanços de compreensão dos tempos que correm, de pessoas que têm a seu dispor os postulados científicos mais avançados, convergindo para cenários já insinuados pelos Espíritos em seus ensinamentos contidos nos livros do Pentateuco.

Fala-se, portanto, por doutrinadores e evangelizadores, em Lei de Causa e Efeito, reencarnação, carma, fenômenos mediúnicos, pluralidade dos mundos habitados, mas de maneira enfadonha, distanciada da aplicação prática no cotidiano comum; ou, n’outras tantas vezes, com oratória demais para conteúdo de menos; ou então, percebe-se o mesmo em livros ou romances rasos de significado útil às melhorias íntimas e de compreensão de que se ressente o ser humano vivente numa atualidade com outras peculiaridades. Obras que nada acrescentam aos que desejam, e já possuem condições de compreender mais um pouco das lições que a Espiritualidade nos reserva para esses tempos posteriores aos do advento dos livros basilares da Codificação.

Tomei a palavra para enfatizar minha concordância com sua visão, e expor a respeito com um exemplo detalhado no segundo e seguinte episódio.

Ao assistir a uma de minhas palestras em vídeo, na qual faço menção à mencionada colônia onde o autor da obra – e meu mentor desencarnado– reside hoje, uma senhora fez seu comentário por escrito: “mas em Allan Kardec não se fala em lugares como colônias, com música, uso de instrumentos musicais etc.”. Ao que busquei oferecer-lhe o esclarecimento, citando o contido no próprio Pentateuco, e também nas palavras de Emmanuel, como se pode verificar nos excertos abaixo:

O Livro dos Espíritos - III – Encarnação em Diferentes Mundos

172. Nossas diferentes existências corpóreas se passam todas na Terra?

— Não, mas nos diferentes mundos. As deste globo não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais (grifo meu) e distanciadas da perfeição.

181. Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?

Sem dúvida que têm corpos, porque é necessário que o Espírito se revista de matéria para agir sobre ela; mas esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que determina as diferenças entre os mundos que temos de percorrer (grifo meu). Porque há muitas moradas na casa de nosso Pai, e muitos graus, portanto. Alguns o sabem e têm consciência disso aqui na Terra, mas outros nada sabem.

Ainda temos na narrativa seguinte o complemento à elucidação deste trecho d’ O Livro dos Espíritos, segundo as palavras de Emmanuel, mentor de Chico Xavier:

Na histórica noite de 28 de julho de 1971, diante das luzes das câmeras da TV-Tupi, na cidade de São Paulo, no programa Pinga-Fogo, assistido por milhões de brasileiros, em todo o País, tendo, como entrevistadores, católicos, protestantes, espíritas, ateus, materialistas, céticos e elementos de outras confissões religiosas ou filosóficas, Emmanuel – em legítima simbiose mediúnica com o médium Francisco Cândido Xavier, respondendo a entrevistador, que pedia esclarecimento sobre o livro Cartas de uma Morta, do Espírito Maria João de Deus (editado em 1945 pela LAKE)*, no qual é afirmado que o Planeta Marte é habitado por civilização superior à da Terra; isto em divergência com as sondagens procedidas por cientistas americanos que comprovam que Marte é um planeta deserto como a nossa lua, e cuja composição atmosférica inviabilizaria a vida como a existente na Terra – faz as seguintes ponderações, que transcrevemos em resumo, e que, no nosso entendimento, equacionam devidamente o problema levantado, o qual, aliás, tem motivado alguma estranheza, principalmente, aos estudiosos do Espiritismo:[4]

“(...) nós sabemos que o espaço não está vazio, conquanto as afirmações da Ciência e as sondas possam trazer respostas negativas do ponto de vista físico, nós precisamos compreender que a vida se estende em outras dimensões (grifo meu). E nós estamos no limiar de tempos novos em que a Ciência descortinará para todos nós um futuro imenso diante do Universo. Então, será́ necessário esperar que a Ciência possa compreender e interpretar para nós outros, os filhos da Terra, a vida em outras dimensões, em outros campos vibratórios.Allan Kardec, nas perguntas e respostas de números 56 e 57, se a memória não me está falhando, em O Livro dos Espíritos explica que a Natureza dos mundos e a Natureza material ou física dos habitantes desses outros mundos podem ser muito diferentes dos habitantes da Terra”(grifo meu).

(Excerto de http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/3565-a-pluraridade-dos-mundos-habitados-sob-a-optica-do-espiritismo-e-da-ciencia.)

Portanto, amigos leitores, tendo em vista o considerado, e com base em observações constantes ao longo dos anos, se faz necessário que dirigentes, expositores espíritas e espiritualistas, médiuns psicógrafos sérios, envolvidos no trabalho de parceria com mentores desencarnados na divulgação das realidades da vida nas dimensões extracorpóreas, atentem à verdade de que esses ensinamentos visam, sobretudo, ao esclarecimento progressivo da humanidade reencarnada – mas em concomitância com o dinamismo da evolução em ambas as esferas da vida.

De nada adianta, assim, bater e rebater temas com base em contextos anacrônicos para com as realidades do homem do século XXI, que já conhece e convive com conceitos científicos novos e com realidades sociais diferentes. Não ajudará aos Espíritos reencarnados sedentos do auxílio dos benfeitores,habitantes das dimensões mais sutis, o dogmatismo inútil dos que pretendem confinar a dinâmica progressiva da mensagem originada nos mundos invisíveis a leis que dizem mais respeito às vaidades hierárquicas das agremiações religiosas da Terra, do que aos propósitos daqueles que querem nos esclarecer com utilidade,para vencermos os embates sempre renovados da vida material, com o devido entendimento de que somos, nós mesmos, os criadores de nossos próprios destinos a cada dia, e no porvir após a transição.

Não seduz o leitor interessado com sinceridade em saber sobre as verdades espirituais livros rasos de conteúdo, ou somente repetitivos da boa oratória e de meras coletâneas do que já foi exposto exaustivamente nas obras basilares, e nas mais despretensiosas palestras espíritas proferidas em Centros espalhados no país. Soam adocicados demais, inócuos,desinteressantes, romances que massacram repetidamente descrições amorosas e familiares cheias de dramas sofridos, sem ilustrar, pelo uso da lógica raciocinada, os cenários do além após a vida na matéria, com a riqueza das consequências que nos aguardam, e as devidas considerações racionais, bem como as explicações dos entrelaçamentos cármicos entre os fatos criados pelos reencarnados e os resultados nos ambientes dimensionais do porvir, a exemplo do que André Luiz nos ofereceu magnificamente pela mediunidade iluminada de Chico Xavier - assim como, hoje, não se aplica mais produzir filmes sobre a vida de Jesus sem exibir o rosto do ator, ao modo do que, com base em certos tabus religiosos, se fazia antigamente, numa iniciativa que hoje seria totalmente destituída de utilidade prática na dramaturgia.

Paremos, assim, quanto antes, com a postura arrogante, dogmática, censora, de nos arvorarmos em arautos da verdade absoluta, reprimindo sem critério tudo o que supostamente “Kardec não disse”, em obras literárias atuais, e nas exposições de tarefeiros bem assessorados pela Espiritualidade, atuando de boa vontade na lide espírita!

Não é possível que se cogite que os únicos Espíritos passíveis de nos auxiliar sejam estritamente os que se comunicaram pela Codificação, ou pela mediunidade dos autores consagrados pela mídia, e que tenham, esses, naquelas épocas, esgotado um tema essencialmente vital e dinâmico, se nos próprios tópicos espíritas se ensina que todo aquele que reencarna tem seu mentor e grupo de Espíritos benfeitores, que o assessoram da vida invisível, com coisas importantes a dizer.

Insensato o se pretender estancar o serviço benfeitor da incansável Espiritualidade assistente aos reencarnados dos tempos que correm, com o resultado indesejável de se estagnar, por este modo, a área literária espírita, com base no erro de se não analisar com bom senso as obras sérias atuais, que não fazem mais do que dar continuidade, ilustrar e enriquecer muitos tópicos que o próprio Pentateuco já preconizava inicialmente, embora em linhas gerais.

Não condiz com o bom senso da fé raciocinada que se queira eternamente restringir o estudo espírita, em pleno contexto de atualidades linguísticas e factuais do século XXI, unicamente aos conteúdos ricos em valor das obras basilares e dos autores consagrados; é indiscutível – mas, por vezes, de vocabulário e enfoque obscuros ao entendimento claro de gerações preparadas para reencarnar num mundo, hoje, informatizado e sincrônico com situações sociais inéditas e com novos avanços científicos.

Porque, na grande maioria das vezes, e sob a visão acurada de um analista desapegado, experiente e de bom conhecimento prático e teórico dos postulados espíritas e espiritualistas, descobre-se que, em muitos tópicos descritos e narrados nos bons livros atuais, o que acontece é uma ilustração enriquecida, não do que “Kardec disse”, mas do que os Espíritos da Codificação, por seu intermédio e de fato, transmitiram!

Trata-se, assim, nas iniciativas honestas dos expositores e trabalhadores das lides espiritualistas atuais, do desenvolvimento natural dos assuntos que, lá atrás, não encontravam ainda no psiquismo humano ambiente propício à semeadura apropriada. Foram, portanto, e em obediência às orientações superiores, somente sugeridos, com o devido respeito pelo que o alcance do entendimento e da evolução humana permitia, em cada período da História em que mentores e benfeitores desencarnados se fizeram presentes, de um ou de outro modo, para nos apoiar e instruir.

Tudo no Universo tende à transformação, aperfeiçoamento e evolução, nas várias e infindáveis dimensões da Vida.


 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita