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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 436 -18 de Outubro de 2015

JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)   

 


Armas de fogo e Evangelho
não combinam entre si


A imprensa noticiou que estudantes dos EUA lutam pela liberação do porte de armas dentro das universidades americanas. Desde 2006, quando a Corte de Utah aprovou a lei que garante aos estudantes, professores e funcionários de todas as universidades públicas do Estado o direito de portar armas de fogo no campus, o revólver passou a fazer parte do material escolar de cada aluno. Parece trecho de um texto de ficção, mas, infelizmente, não é. Atualmente, 48 Estados americanos têm amparo legal para que se ande armado em locais públicos, como cinemas, teatros, igrejas e shoppings. Desse total, 16 Estados proíbem, explícita e terminantemente, o uso de armas em instituições de ensino, enquanto os demais Estados deixam que a decisão fique a cargo das próprias universidades - que, em sua grande maioria, opta pelo veto, graças a Deus! Utah é o único Estado que consente portar armas de fogo nos campus de suas universidades públicas - nove, no total.

O movimento (criado no dia seguinte ao ataque mais letal a instituições de ensino dos EUA, que deixou um total de 32 mortos) conta com mais de 30 mil simpatizantes, espalhados em 44 Estados americanos. A rigor, fazer das universidades áreas livres, para porte de armas de fogo, no uso defensivo, não as torna lugares mais seguros. Recentemente, 15 Estados americanos deram início a discussões sobre possíveis alterações na legislação que rege o controle de armas em seus territórios.

A liberalização do porte de armas nos campus, principalmente, causa-nos tristeza e muita preocupação, sobretudo, porque não resolverá o problema da violência. Muito pelo contrário, estimulará, na vida acadêmica, que adolescentes pratiquem atos infracionais de enorme intensidade e cada vez maiores, porque "as armas" foram criadas para "matar". Sabemos que a crueldade ocorre em todos os segmentos sociais, e sempre haverá uma combinação de eventos que pode consubstanciar-se numa carnificina. A solução, obviamente, terá de nascer de um esforço concentrado, envolvendo o Estado, psicólogos, estudantes e suas famílias.

Apesar de a sociedade estadunidense ter erigido parte de seus valores sob a mira de espingardas, metralhadoras e pistolas, e a despeito dessas armas simbolizarem a "autonomia" do cidadão e as "liberdades individuais" perante o Estado, as armas, nos EUA, projetaram essa nação ao ranking de a mais violenta do mundo, pelos índices de criminalidade apontados.

Alguns definem o homem como um autômato, uma máquina, composto de engrenagens complexas, dinâmicas, harmônicas, e que pode, ao mesmo tempo, ser contraditório. Essa contradição pode remeter o homem a fugir dos padrões sociais e arrojá-lo a uma alienação. (1) André Luiz em Conduta Espírita admoesta: Esquivar-se do uso de armas homicidas, bem como do hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja qual for o processo em que se exprimam. Pois o servidor fiel da Doutrina possui, na consciência tranquila, a fortaleza inatacável. (2)

Os espíritas cônscios acreditam, obviamente, que uma das soluções para a criminalidade seja a proibição da venda de armas de fogo em todo o território nacional, ressalvada a aquisição pelos órgãos federais de segurança pública, os estaduais, os municipais, e pelas empresas de segurança privada, regularmente constituída na forma prevista em lei. A Pátria do Evangelho é grande produtora de armas, contrastando com o compromisso espiritual. Por isso, cremos que a sua comercialização no mercado interno, principalmente, é prática abominável, pois torna a violência cada vez mais letal.

Temos outra preocupação: Estatísticas demonstram que armas armazenadas em casas de família ou locais de trabalho, por civis, acabam sendo furtadas e/ou utilizadas por malfeitores, até mesmo contra seus proprietários em ações criminosas. Outro número significativo é o dos acidentes domésticos, envolvendo, principalmente, crianças e adolescentes, que, ao manejarem armas de fogo, sem qualquer habilidade, acabam disparando-as acidentalmente, provocando lesões graves ou homicídios. Há estudos internacionais que apontam as armas de fogo como responsáveis por 65% dos homicídios nos fins de semana, sendo que, aproximadamente, 28% dessas armas provêm de "homens de bem". Há dois mil anos Jesus ensinou: Haveis aprendido o que foi dito aos Antigos: Vós não matareis, e todo aquele que matar merecerá ser condenado pelo julgamento. Mas eu vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão merecerá ser condenado pelo julgamento; que aquele que disser a seu irmão Racca, merecerá ser condenado pelo conselho; e que aquele que lhe disser Vós sois louco, merecerá ser condenado ao fogo do inferno. (3)

No Brasil, cremos que a criminalidade tem seus fulcros na desigualdade social, no elevado índice de desemprego, na urbanização desordenada e, de modo destacado, na difusão incontrolada da arma de fogo, sobretudo clandestina, situações essas que contribuem, de forma decisiva, para o aumento do crime. Consterna-nos saber que, ao lado dos EUA, a "Pátria do Evangelho" é um dos líderes mundiais em casos de mortes produzidas com a utilização de armas de fogo. A sociedade brasileira precisa buscar soluções efetivas para o problema da violência urbana. Por sólidas razões, cremos ser falsa ou perfunctória a "proteção" oferecida pelas armas dentro de casa, especialmente considerando o potencial de alto risco do uso da arma por familiares inabilitados, que podem causar efeitos danosos irreparáveis na vida doméstica dos seus familiares.

A cada dia sucumbem muitos jovens e adolescentes que são comercializados para o mercado do tráfico de armas, algemados nos ambientes regados por alucinógenos e profunda violência, onde são perpetrados crimes inconcebíveis sob o estímulo da miséria moral e da obsessão. Acreditamos que quaisquer investimentos de recursos em armamentos são inúteis e desnecessários. Evidentemente, não somos tão ingênuos ao ponto de pensar que a restrição (proibição) do uso de armas de fogo equacione, definitiva e imediatamente, o problema da violência social. Sabemos, porém, que as armas de fogo podem ser substituídas por outras, talvez não tão "eficientes" quanto a eliminar o próximo, mas, sobretudo, quanto a preservá-lo das práticas de extermínio.

Na ausência de estrutura da aparelhagem repressora e preventiva do Estado, as armas de fogo continuarão chegando às mãos dos indivíduos descompromissados com o bem e fazendo suas vítimas. Por isso, urge meditar que devemos aprender a desarmar, antes de tudo, nossos Espíritos. Isso só será possível pela prática do amor e da fraternidade, onde a paz será a consequência. Quando falamos em paz, a personificação deste conceito tem em Mahatma Gandhi sua melhor identificação. O Iluminado da Índia conseguiu libertar os hindus do tacão do império inglês, sem permitir o disparo de um só tiro de arma de fogo, em face da sua magna filosofia de não violência.

 

Referências bibliográficas:

1. Fuga da própria realidade. Pode ser definida como uma vivência no imaginário. O imaginário se torna uma realidade para o alienado, porém esta é distorcida da verdadeira realidade.

2. Vieira, Waldo. Conduta Espírita, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2003, cap. 18.

3. Mateus, 21 e 22. 


 

 


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