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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 424 - 26 de Julho de 2015

MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 


Os desafios de uma fé raciocinada


Vou começar contando uma história que me contaram recentemente... Em uma juventude espírita, certo dia surgiu um jovem com alto grau de ceticismo, e, no meio do estudo, ele começou a questionar os pilares da doutrina – Deus, imortalidade, reencarnação, mediunidade – com argumentos sólidos e bem construídos, de quem sabia do que estava falando.

A dirigente da Juventude, em uma demonstração de sagacidade, ao invés de reprimir o jovem “quizumbeiro”, deixou o barco correr para ver como os jovens iam se portar. Os jovens titubearam, e na argumentação não lograram sustentar as suas convicções frente a tantos questionamentos de interlocutor tão assertivo.

Obviamente, o menino cético sumiu na semana seguinte e a dirigente aproveitou, pelo princípio da oportunidade, o ocorrido de forma construtiva e, na próxima aula, trouxe a temática da fé raciocinada, em rica discussão que provocou os jovens.

Parabenizando essa lúcida orientadora de juventude, temos que esse caso nos leva a uma profunda reflexão... Como estamos construindo a nossa fé raciocinada? Estamos nos pautando pela lógica, pela pesquisa, pela reflexão e pelo estudo? Estamos construindo uma fé sólida, que convive com a razão e com a dúvida, ou nos acomodamos na postura do que é assim porque está escrito na pergunta tal de O Livro dos Espíritos?

A via das simplificações, dos livros sagrados, da pasteurização, dos resumos e superficialidades não resiste a uma ventania mais forte, como no exemplo de Jesus da casa construída na areia, ou ainda, no exemplo concreto trazido aqui, que é uma replicação do que passamos todos os dias na rua, no trabalho, diante dos jornais, nos quais a nossa convicção é posta à prova, não em um sentido do “eu acredito”, mas sim do “eu faço”.

Kardec, ao falar n’ “O Evangelho segundo o Espiritismo” da fé raciocinada, traz um trecho magistral quando diz: “A fé raciocinada, aquela que se apoia nos fatos e na lógica, é clara, não deixa atrás de si nenhuma dúvida. Acredita-se porque se tem a certeza, e só se tem a certeza quando se compreendeu. Eis por que não se dobra, pois somente é inabalável a fé que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade”.

Situação que ele exemplifica em vários momentos da origem do Espiritismo, em especial nos célebres debates com o cético e com o crítico, na obra “O que é o Espiritismo”, nos quais Kardec sustenta com argumentos e fatos suas convicções, situação que fazemos hoje em melhor posição, pois, no que tange à fenomenologia, por exemplo, avançou-se muito nos estudos sobre diversas situações que corroboram os postulados espíritas.

Note, estimado leitor, que não falamos aqui em se envolver em uma cruzada de tertúlias filosóficas na escola e no trabalho tentando angariar adeptos para as fileiras espíritas pela argumentação, em exercícios de maiêutica. Essa construção de convicção é para nós mesmos, para sustentar nossa fé e nossos exemplos, em especial nos momentos difíceis, e muito fáceis, que abalam a nossa fé, por ela confrontar a nossa conduta. Fé cega é uma faca amolada, já dizia o compositor Milton Nascimento!

E para construir essa convicção sólida, não vejo outro caminho que não o estudo disciplinado, a discussão em grupos, a luz de textos consistentes, em especial das chamadas obras básicas, ilustrado por outras obras respeitáveis, relacionando essas ideias ao cotidiano, por exemplos concretos, na articulação de teses e antíteses que constroem sínteses.

Um caminho longo, mas árduo, que sedimenta o conhecimento espírita, fugindo da sedução de visões simplistas, abordagens superficiais, resumos, palestras, romances, em conteúdos soltos e frágeis, que uma vontade mais determinada ou um problema mais sério derrubam como uma árvore podre na ventania.

A fé raciocinada é um grande desafio proposto pelo Espiritismo, e nos vacina de males antigos, como o fanatismo, o desânimo e a exploração religiosa. Ilumina a prática do bem, a ação mediúnica, sobrepondo a quantidade pela qualidade. Espíritas convictos, trabalhadores coerentes!

Fugir disso é o dogma, o conteudismo, o formalismo, e já assistimos a esse filme e já sabemos como ele vai terminar... Depois, nos restará o espanto diante de práticas estranhas, a importação de paradigmas, de causas, o assistencialismo, e as curiosas tentativas de se padronizar corações e mentes, ideias essas que ferem o cerne do Espiritismo.

A trinca de atividades – estudo-mediunidade-caridade – presente nas casas espíritas compreende todas as fontes de conhecimento, todos os estudos-ação, por causa da reflexão e da mudança de disposições íntimas que elas proporcionam. Tudo é estudo, em tudo se aprende! Mas o estudo tem a propriedade de fazer o “visgo” que relaciona no plano mental essas reflexões.

Como os jovens da história, terminamos pensativos sobre a fé raciocinada, nos perguntando em que base andam assentadas as nossas crenças, pois que devemos refletir sobre esse conceito trazido por Kardec, de uma fé adjetivada da luz da razão, que nos robustece em todas as épocas de existência como encarnados.


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita