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Correio Mediúnico
Ano 9 - N° 424 - 26 de Julho de 2015
 
 

 

Verdugo e vítima

Irmão X


O rio transbordava. Aqui e ali, na crista espumosa da corrente pesada, boiavam animais mortos ou deslizavam toras e ramarias. Vazantes em torno davam expansão ao crescente lençol de massa barrenta. Famílias inteiras abandonavam casebres, sob a chuva, carregando aves espantadiças, quando não estivessem puxando algum cavalo magro.

Quirino, o jovem barqueiro, que vinte e seis anos de sol no sertão haviam enrijado de todo, ruminava plano sinistro. Não longe, em casinhola fortificada, vivia Licurgo, conhecido usurário das redondezas. Todos o sabiam proprietário de pequena fortuna a que montava guarda vigilante. Ninguém, no entanto, poderia avaliar-lhe a extensão, porque, sozinho, envelhecera e, sozinho, atendia às próprias necessidades.

“O velho - dizia Quirino de si para consigo - será atingido na certa. É a primeira vez que surge uma cheia como esta. Agarrado aos próprios haveres, será levado de roldão. E se as águas devem acabar com tudo, por que não me beneficiar? O homem já passou dos setenta. Morrerá a qualquer hora. Se não for hoje, será amanhã, depois de amanhã. E o dinheiro guardado? Não poderia servir para mim, que estou moço e com pleno direito ao futuro?”

O aguaceiro caía sempre, na tarde fria. O rapaz, hesitante, bateu à porta da choupana molhada.

- “Seu” Licurgo! “Seu” Licurgo!

E, ante o rosto assombrado do velhinho que assomara à janela, informou: - “Se o senhor não quer morrer, não demore. Mais um pouco de tempo e as águas chegarão. Todos os vizinhos já se foram.” - Não, não... resmungou o proprietário, moro aqui há muitos anos. Tenho confiança em Deus e no rio... Não sairei...

Venho fazer-lhe um favor...

Agradeço, mas eu não sairei.

Tomado de criminoso impulso, o barqueiro empurrou a porta mal fechada e avançou sobre o velho, que procurou em vão reagir.

- Não me mate, assassino!

A voz rouquenha, contudo, silenciou nos dedos robustos do jovem.

Quirino largou para um lado o corpo amolecido, como traste inútil, arrebatou pequeno molho de chaves do grande cinto e, em seguida, varejou todos os escaninhos. Gavetas abertas mostravam cédulas mofadas, moedas antigas e diamantes, sobretudo diamantes. Enceguecido de ambição, o moço recolhe quanto acha.

A noite chuvosa descera completa. Quirino toma os despojos da vítima num cobertor e, em minutos breves, o cadáver mergulha no rio. Logo após, volta à casa despovoada, recompõe o ambiente e afasta-se, enfim, carregando a fortuna.

Passado algum tempo, o homicida não vê que uma sombra se lhe esgueira à retaguarda. É o Espírito de Licurgo, que acompanha o tesouro.

Pressionado pelo remorso, Quirino, o jovem barqueiro, abandona a região e instala-se em grande cidade, com pequena casa comercial, e casa-se, procurando esquecer o próprio arrependimento, mas recebe o velho Licurgo, reencarnado, por seu primeiro filho.

 

Do livro Luz no Lar, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita