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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 423 - 19 de Julho de 2015

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 

  

A cegueira do farisaísmo

O verdadeiro poder é o daquele que faz o bem

“Também nós somos cegos?” - Os fariseus.  (Jo., 9:40.)


Do alto pedestal da empáfia em que se colocavam, os fariseus estavam desconcertados!... Onde já se vira coisa igual?! Nunca antes alguém fizera tal prodígio: devolver a visão a um cego de nascença!...

Os fariseus atingiram o paroxismo do ódio e da intolerância quando o ex-cego falou em alto e bom som[1]: “(...) é de espantar que não saibais donde Ele é e que Ele me tenha aberto os olhos!”.

A frase, por demais contundente, feriu de morte o orgulho e a vaidade dos fariseus que nada admitiam fora do âmbito estreito de suas mentalidades tacanhas...

O ex-cego estava mais admirado pela perplexidade demonstrada pelos fariseus (que diziam ser e eram tidos como sábios) do que com o insofismável fato da própria cura da cegueira. A perplexidade era tamanha que causou dissensões entre eles, conforme podemos observar no registro de João, 9:16.

Segundo Allan Kardec[2], o episódio do cego de nascença é “(...) uma cena da vida real apanhada em flagrante. A linguagem do cego é exatamente a desses homens simples, nos quais o bom senso supre a falta de saber e que retrucam com bonomia aos argumentos de seus adversários, expendendo razões a que não faltam justeza, nem oportunidade.

O tom dos fariseus, por outro lado, é o dos orgulhosos que nada admitem acima de suas inteligências e que se enchem de indignação à só ideia de que um homem do povo lhes possa fazer observações. Afora a cor local dos nomes, dir-se-ia ser do nosso tempo o fato”.

O final do diálogo foi assim: “que te fez Ele e como te abriu os olhos?”.  

 Respondeu o homem: “já vo-lo disse e bem o ouvistes; por que quereis ouvi-lo segunda vez? Será que queirais tornar-vos Seus discípulos?” — Ao que eles o carregaram de injúrias e lhe disseram: “sê tu Seu discípulo; quanto a nós, somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, ao passo que Este não sabemos donde saiu”.

O homem lhes respondeu: “ora, sabemos que Deus não exalça os pecadores; mas àquele que O honre e faça a Sua vontade, a esse, Deus exalça. Desde que o mundo existe, jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se esse homem não fosse um enviado de Deus, nada poderia fazer de tudo o que tem feito”.

O jovem, com a lógica contundente de sua argumentação realçou a obtusidade dos fariseus que, irados e perdendo as estribeiras, disseram-lhe: “tu és todo pecado, desde o ventre de tua mãe, e queres ensinar-nos a nós?”. E o expulsaram!...

Os fariseus de ontem e de hoje têm ânsia de poder, de supremacia... Mas Jesus provou que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem, pois Seu objetivo era ser útil e não satisfazer a curiosidade dos indiferentes por meio de coisas extraordinárias e muito menos submeter-se ao talante de ordenações puramente humanas e sem sentido como aquela de guardar o sábado.

O diálogo estabelecido entre o jovem curado da cegueira e os fariseus só serviu para “pulverizar” o orgulho farisaico, não restando a eles alternativa senão apelar para a ignorância (aliás, a única coisa que eles tinham de sobra: a ignorância), a fim de tentar – inutilmente, bem se vê – minimizar a própria perplexidade e tornar menos fragorosa a derrota moral sofrida: “(...) e o expulsaram...”.

BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

Aprendemos também com o nobre Mestre Lionês[3] que: (...) por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos Céus e não para os orgulhosos.

Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de lhes merecer a atenção. Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa tendência, de se acreditarem superiores a tudo, muito amiúde os leva a negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem governá-lo. Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem.

Consideram sem apelação as sentenças que proferem. Se se recusam a admitir o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja fora do alcance; é que o orgulho se lhes revolta à ideia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se e que os faria descer do pedestal onde se contemplam. Daí o só terem sorrisos de mofa para tudo o que não pertence ao mundo visível e tangível. Eles se atribuem espírito e saber em tão larga escala, que não podem crer em coisas, segundo pensam, boas apenas para gente simples, tendo por pobres de espírito os que as tomam a sério.

Entretanto, digam o que disserem, forçoso lhes será entrar, como os outros, nesse mundo invisível de que escarnecem. É lá que os olhos se lhes abrirão e eles reconhecerão o erro em que caíram. Deus, porém, que é justo, não pode receber da mesma forma aquele que Lhe desconheceu a majestade e outro que humildemente se Lhe submeteu às leis, nem os aquinhoar em partes iguais.

Dizendo que o Reino dos Céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedido entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que d`Ele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais”.

A inconveniente e incompreensível atitude dos fariseus no episódio do cego de nascença e, em contrapartida, os conceitos de Jesus em torno da dinamização da humildade são por demais persuasivos para todos nós para que continuemos a acoroçoar a mesma empáfia que foi a causa da perdição do farisaísmo.

                                                          


[1] - Jo., 9:30.

[2] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. XV, item 25.

[3] - KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. VII, item 2.

 
 

 


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