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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 419 - 21 de Junho de 2015

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 


A fé é uma expressão
de coragem

O Evangelho é uma escola onde aprendemos as doçuras do Amor

“Cada criatura vale o que logra, não o que lhe falta.” - Dr. Carneiro de Campos[1]

 
Não raro, ouvimos queixas de pessoas que permaneceram por um tempo nas hostes espiritistas e desistiram de continuar sendo espíritas por terem testemunhado certos deslizes de seus confrades...  Ora, na verdade, quem age assim, quer mesmo é um “bode expiatório” para “maquiar” a má vontade em seguir os postulados espiritistas que estimulam o equilíbrio, atitude essa conflitante para quem ainda se compraz com algumas viciações, para ele indispensáveis.  

Para nossa orientação com relação a esse tipo de ocorrência, instruamo-nos com a sabedoria de Yvonne do Amaral Pereira[2], que um dia escreveu para o periódico da Federação Espírita Brasileira, “Reformador”, um artigo intitulado “A Grande Doutrina dos Fortes”, no qual ela afirma: < (...) temos procurado reconfortar, quanto possível, esses delicados irmãos chamando-lhes a atenção para determinados pontos da Doutrina Espírita, capazes de explicar essa particularidade em torno dos maus adeptos. E isso para que os queixosos não se dobrem ao desânimo, fazendo periclitar a própria fé, o que é sempre possível aos adeptos que se atenham a uma fé sorvida no que ouviram outros adeptos dizerem, em vez de se dedicarem aos livros da legítima Doutrina Espírita e às observações daí consequentes, indispensáveis sempre à boa instrução de cada um. O estudo eficiente do Espiritismo esclarece de tal forma os assuntos gerais da vida, como a situação dos espíritas, que, a ele nos dedicando devidamente, não mais surpresas nem vacilações nos chocarão em qualquer setor. Seremos, então, espíritas preparados para os entrechoques das múltiplas facetas da existência... E saberemos que o Espiritismo e o próprio Evangelho exigem que, para servi-los, sejamos realmente fortes, capazes de enfrentar quaisquer situações difíceis, seja no ardor das próprias provações, nas lutas do trabalho em geral, ou diante das fraquezas e imperfeições dos irmãos em crença.

Meditando sobre o Evangelho, vamos observar que, para podermos praticá-lo, deveremos, acima de tudo, ser vigorosos de ânimo, corajosos a toda prova. Os primeiros discípulos do Nazareno e os primeiros cristãos foram Espíritos fortes por excelência, idealistas audazes, práticos e não místicos, caracteres de ação, porque a tarefa a realizar seria volumosa demais para os ombros de um contemplativo.

Um caráter tíbio, por exemplo, como romperia ele com as tradições milenárias do Judaísmo ou do Paganismo, para renovar totalmente as próprias convicções? Como enfrentaria, o tímido, a necessidade de se curvar à palavra revolucionária de Jesus, palavra que arrojaria por terra antigos preceitos de domínio e até de crueldade, para aceitar a união das criaturas através do Amor, quando a força era que ditava as leis? E como suportaria o indeciso a ordem divina de compreender num mendigo, num leproso, numa pecadora, num publicano ou num samaritano o irmão a quem deveria amar e proteger, quando o ódio de casta ou de raça e o desprezo pelos pequeninos eram recomendações seculares?  Como se haveria o impressionável, sob o imperativo de morrer pelo amor do Cristo à frente da espada dos herodianos ou nas arenas dos Circos de Roma, dando-se como repasto às feras? Sem a coragem da própria fé – porque a fé é uma expressão de coragem –, como poderiam apor as mãos sobre um endemoninhado, um paralítico ou um leproso e curá-los em nome do Senhor?    E ainda sem a fortaleza do ânimo, como acreditariam eles na vitória daquela estranha Doutrina saída de uma obscura província dominada pela águia romana, Doutrina que eles próprios deveriam espalhar pelo mundo, onde só a força, o egoísmo e o orgulho lavraram as leis?... Jesus, expondo a Sua Grande Doutrina, lança sentenças impressionantes, que seriam ordenações irretorquíveis: “seja o vosso falar, sim, sim; não, não”; “aquele que ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. E aquele que não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo”; “Em verdade te digo que ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”; “Eu não vim trazer paz à Terra, mas a espada; vim separar de seu pai o homem, de sua mãe a filha, de sua sogra a nora; e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. Vim lançar fogo à Terra e desejo que ele se acenda”; “Se o teu olho ou a tua mão te servem de escândalo, corta-os e lança-os fora de ti; porque melhor te é que se perca um ou dois dos teus membros do que todo o teu corpo vá para o inferno”; “se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra; e àquele que tirar a tua túnica, larga-lhe também a capa”; “amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”; “porque, se vós não amais senão os que vos amam, que méritos haveis de ter?”; “Se a vossa justiça não for maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus”; “assim, luza a vossa luz diante dos homens, que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus”; “Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito”.

Como vemos, são ordens de comando revolucionário, impelindo paladinos para a grandiosa batalha de encontrar Deus em si próprios!   

O Evangelho, pois, se é uma escola onde aprendemos as doçuras do Amor, é onde também encontraremos as atitudes corajosas do herói do ideal divino.

Nas mesmas condições encararemos os espíritas: os caracteres fracos, tímidos, indecisos demorarão a se integrarem nos embates fornecidos pelo Espiritismo. Também este é Doutrina para os fortes, ou seja, para aqueles que, em migrações terrenas do pretérito, tanto erraram, e no Além-Túmulo tanto sofreram por isso, que agora se dispuseram através do Espiritismo a efetuar uma reforma geral do próprio caráter.  

Com efeito!... Combater as próprias imperfeições diariamente, não ignorando que, se não o fizer, desonrará a própria Doutrina a que se julgou filiar; socorrer necessitados sem possuir recursos suficientes para o mandato, confiante no auxílio do Mestre Nazareno; medicar enfermos sem haver cursado Medicina; subir a uma tribuna diante de assembleia numerosa, que espreita pronta à crítica, a fim de defender a Verdade, sabendo que esse é um dever a que não poderá fugir; porque ainda ontem, em existências transatas, deprimiu a mesma verdade; enfrentar os obsessores e fazê-los recuar dos abismos do mal para as suaves trilhas do amor e do perdão, certo de que é apenas intérprete das forças do Céu, porque não possui virtudes para tão alto feito; investigar o Invisível com a própria fé e as forças do coração, porque sabe não ser anjo nem sábio; arvorar-se em secretário de Entidades aladas para a produção de compêndios de Moral, de Filosofia ou de Ciências transcendentes, e apresentá-los ao mundo impiedoso com suas críticas, não sendo escritor e tampouco possuindo diplomas universitários; sobrecarregando-se, dia a dia, das mais pesadas responsabilidades perante os homens e os Espíritos; ser levado, por amor a Jesus, a perdoar e esquecer os ultrajes que lhe ferem o coração e conturbam o espírito; renunciar a cada dia, às vezes até mesmo às mais doces aspirações do coração, morrendo para si mesmo a fim de ressurgir para Deus, e, acima de tudo filiar-se às falanges dos discípulos de Jesus e dos baluartes da Terceira Revelação – não será dispor de forças supremas na Terra, não será corajoso por excelência? E convenhamos que é desses tais que Jesus precisa agora, como ontem precisou dos pecadores, dos mendigos, dos malvistos pela sociedade para a propaganda da Sua Doutrina, únicos indivíduos que, apesar das imperfeições que portavam, estiveram à altura de compreender e executar os sacrifícios necessários à difusão da Grande Nova que surgia.

Muitos de nós, realmente, ainda não somos verdadeiros espíritas nem verdadeiros cristãos. Mas também já não seremos homicidas, nem roubadores, nem traidores, nem devassos, nem ébrios, nem adúlteros, nem suicidas...   Observaremos, então, que nosso progresso dentro do ensino espírita há sido fabuloso, pois ainda ontem fomos tudo isso, não obstante alguns deslizes que mais ou menos ainda praticamos. Devemos, portanto, ver uns nos outros Espíritos valorosos que lutam contra as próprias imperfeições, sob a redentora proteção do Consolador enviado pelo Cristo de Deus! Não vejamos em nossos irmãos de crença, ainda imperfeitos, espíritas indesejáveis, mas pupilos de uma Doutrina Celeste, recém-libertados de terríveis correntes malignas. E se, por nossa vez, nos julgamos harmonizados com os esplendores da verdade, estendamos até eles nossos afetos, auxiliando-os quanto possível a se integrarem na verdadeira essência da Doutrina Espírita, que é poderosa bastante para reeducar os necessitados de forças renovadoras e de luzes espirituais.  

Todo esse trabalho, que fomos chamados a executar, será labor para Espíritos fortes..., porquanto, tal como aconteceu aos primeiros discípulos do Nazareno, também teremos de desenvolver lutas árduas para o estabelecimento das verdades celestes sobre a Terra – supremo ideal daqueles que já conseguiram predisposições para a comunhão com a Força suprema do Eterno Bem>.

Sem dúvida alguma que todo esse raciocínio de nossa inolvidável Yvonne Pereira nos leva a entender melhor a frase do Dr. Carneiro de Campos, quando afirma: “cada criatura vale o que logra, não o que ainda lhe falta” para atingir a perfeição.

Tenhamos em apreço os conselhos dos veneráveis Espíritos[3]: José, Espírito Protetor; João, bispo de Bordéus e Dufêtre, bispo de Nevers: “(...) Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. Lembrai-vos d’Aquele que julga em última instância, que vê os movimentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena as que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes – anátema –, tereis, quiçá, cometido faltas mais graves.

(...) Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor usará de indulgência para convosco, como de indulgência houverdes usado com os outros.

(...) Espiritismo!... Doutrina consoladora e bendita! Felizes dos que te conhecem e tiram proveito dos salutares ensinamentos dos Espíritos do Senhor!   Para esses, iluminado está o caminho, ao longo do qual podem ler estas palavras que lhes indicam o meio de chegarem ao termo da jornada: caridade prática, caridade do coração, caridade para com o próximo, como para si mesmo; numa palavra: caridade para com todos e amor a Deus acima de todas as coisas, porque o amor a Deus resume todos os deveres e porque impossível é amar realmente a Deus, sem praticar a caridade, da qual Ele fez uma lei para todas as criaturas”.

Lembremo-nos de todas essas memoráveis lições quando testemunharmos deslizes de nossos irmãos que necessitam não de nossa condenação, mas sim, de nossa indulgência, essa grande e esquecida virtude. 


 

[1] - FRANCO, DIVALDO. Trilhas da Libertação. 2. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1997.

[2] - PEREIRA, Yvonne do Amaral. À Luz do Consolador. Rio [de Janeiro]: FEB, 1997, p. 42 em diante.

[3] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. X, itens 16 a 18.


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita