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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 418 - 14 de Junho de 2015

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 

 

Idosos e reconhecimento


Nem tudo que diz respeito ao país é negativo, especialmente nesse momento delicado em que as máscaras caem e as individualidades se revelam por inteiro. Felizmente, há também fatos alvissareiros que merecem ser destacados. Um deles trata da emenda constitucional que eleva o limite de idade – de 70 para 75 anos - para aposentadoria obrigatória dos membros do Supremo Tribunal Federal. Embora tal mudança possa parecer apenas uma pequena extensão na carreira dos juízes ali alojados, ela também pode ensejar alterações similares em outras áreas do funcionalismo público.

Com efeito, destituir um cidadão do seu cargo só porque ele tenha atingido certo limite etário é algo que agride o bom senso, especialmente se considerarmos a sua capacitação, o aumento da longevidade humana e o crescimento da taxa de envelhecimento da população (ver, a propósito, outro texto relativo a essa temática de nossa lavra em: http://www.oconsolador.com.br/ano8/391/anselmo_vasconcelos.html).  Nesse sentido, as normas e leis devem ser mais flexíveis, de modo a abrigar as acentuadas mudanças demográficas ora em curso.

Um cidadão mais velho, desfrutando de boa forma física e mental, tem ainda muito a contribuir para a sociedade. A sua experiência, conhecimento e sabedoria podem ser extremamente úteis no enfrentamento de certos problemas e dilemas, bem como na orientação aos mais jovens (particularmente como mentores). Aliás, as pesquisas científicas indicam, no geral, que o indivíduo mais velho perde com os anos certa dosagem de inteligência fluída (que envolve a capacidade de aprendizagem, compreensão, abstração e solução de problemas), memória de curto prazo e velocidade de cognição; em contrapartida o raciocínio lógico e a expertise profissional provavelmente aumentam. 

Basicamente, o cidadão mais longevo tende a ser portador de considerável inteligência cristalina, isto é, de capital humano geral, de know-how, de habilidades linguísticas e ortográficas, de estratégias de pensamento, de inteligência prática, de competência social e de habilidade de ambivalência. Grosso modo, a inteligência cristalina (que é fortemente estribada no capital humano geral e conhecimento) estabelece a fundação da sabedoria. Portanto, é louvável e inteligente dar espaço para a cooperação/colaboração de membros desse grupo. Afinal, eles têm muito ainda a oferecer.

No entanto, a sociedade brasileira não costuma dar demonstrações eloquentes de apreço e consideração para esses, digamos, talentos maduros. Por exemplo, um dos maiores bancos do país, o Itaú, tem enfrentado problemas para achar um substituto para o seu presidente, que está chegando ao limite estabelecido para o cargo de apenas 60 anos. Ou seja, no mundo do trabalho contemporâneo, um profissional nessa faixa etária já está sujeito a ser alijado em termos de oportunidades e reconhecimento.

Outro exemplo chocante dessa realidade é dado pelas estatísticas das 150 melhores empresas para trabalhar no país. A percentagem de empregados com idade superior a 40 anos trabalhando para essas destacadas empresas privadas não ultrapassa sequer os 23,4%. Tal resultado denota simplesmente que o indivíduo mais maduro não encontra campo suficiente para mostrar as suas qualidades. Cumpre lembrar ainda que o valor pago pelo Estado para aposentadorias são extremamente irrisórios diante do altíssimo custo de vida. Por conseguinte, poucos conseguem ter condição de desfrutar de uma velhice digna e verdadeiramente compatível com as suas necessidades básicas. 

Não é por outra razão que se observa muitos idosos nas grandes metrópoles ainda trabalhando em atividades de baixíssima remuneração tais como entregar panfletos ou vender doces, salgados e bebidas em cruzamentos de avenidas e ruas, entre outras ocupações modestas. N’ O livro dos Espíritos (questão 685) encontramos interessante apontamento sobre essa problemática social que vale a pena mencionar – ou seja:   

“Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. [...]. Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos” (ênfase nossa).

Seja como for, o passo dado significa um preâmbulo de mudança de mentalidade que pode ser disseminada para todas as instituições. No final, o capital humano mais maduro poderá ser mais valorizado e reconhecido.   


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita