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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 416 - 31 de Maio de 2015

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 



Controvérsias & caridade

A unidade se produzirá do lado em que o bem jamais
esteve de mistura com o mal
 

“Se é certo que entre os adeptos do Espiritismo se contam os que divergem de opinião sobre alguns  pontos da teoria, menos certo não é que todos estão de acordo quanto aos pontos fundamentais.”-  Allan Kardec[1]


Tanto no Brasil quanto no exterior, podemos notar diferentes níveis de interpretação acerca de alguns pontos, mormente quanto ao “modus operandi” e enfoques nas atividades do movimento espírita, pendendo alguns para um lado, outros para outro... Mas, se observarmos bem, vamos ver que as diferenças são superficiais, não chegando às bases doutrinárias, visto que, com relação aos pontos fundamentais do Espiritismo, o consenso é geral, e não poderia ser de outra forma...

Então, por que as continuadas e infrutíferas campanhas de recíprocos anátemas?!

Há pouco, coincidentemente, por aqueles “acasos” da vida, testemunhamos o diálogo entre dois “espíritas”, que não conhecemos e que não nos conheciam, visto que estávamos em outra cidade que não a nossa.  Apanhamos a conversa no seguinte pé: “fulana precisa compreender que o Espiritismo não é só estudo sistematizado, e você precisa tomar cuidado com a sua cunhada porque ela está do lado da fulana”.

Compreendemos, então, que o Espiritismo naquela cidade havia se bipartido em facções políticas inimigas. Tinha o “lado da fulana” e o “outro lado”, e ambos lançando-se mútuos anátemas, odiando-se “fraternal” e reciprocamente...

Na verdade, ficou claro que existia ali, naquela cidade um “Papa” e uma “Papisa” do Espiritismo, intransigentes, ciosos de poder, de autoridade, de personalismo acentuado, ânsia de dominação e, evidentemente cada qual com a sua coorte de partidários fiéis. (Não fiéis a Jesus, infelizmente.)

Não existe Espiritismo do lado de fulano ou do lado de beltrano.  Só existe Espiritismo do lado de Jesus e Kardec. Evidentemente ambas as facções laboram em erro.  Está acontecendo ali (tirando-se o aspecto cruento) uma guerra fratricida entre confrades, à semelhança da que existe na Irlanda do Norte entre cristãos da facção católica e cristãos da facção protestante!... (Para gáudio dos obsessores.)

Há muito serviço a ser realizado para se ficar perdendo tempo com tais desgastantes e estéreis discussões... Isso seria a revivescência do antigo farisaísmo do tempo de Jesus que Kardec[2] não descuidou de nos mostrar, do seguinte modo: “(...) os doutores fariseus envolviam-se em discussões intermináveis, as mais das vezes sobre simples questões de palavras ou de formas, no gênero das disputas teológicas e das sutilezas da escolástica da Idade Média. Daí nascerem diferentes seitas, cada uma das quais pretendendo ter o monopólio da verdade, detestando-se umas às outras, como sói acontecer...

(...) Sob as aparências de meticulosa devoção ocultavam muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação.

(...) Jesus, que prezava, sobretudo, a simplicidade e as qualidades da alma, que, na lei, preferia o espírito, que vivifica, à letra, que mata, Se aplicou, durante toda a Sua missão, a lhes desmascarar a hipocrisia, pelo que tinha neles encarniçados inimigos. Essa a razão por que se ligaram aos príncipes dos sacerdotes para amotinar contra Ele o povo e eliminá-lO”.

Provavelmente, já prevendo essas tristes e lamentáveis beligerâncias intestinas no movimento espírita, o ínclito Mestre Lionês teve o cuidado de encerrar o Livro Maior1 do Espiritismo com o seguinte discurso dos Benfeitores Espirituais: “(...) os Espíritos sempre disseram que nos não inquietássemos com as divergências e que a unidade se estabeleceria. Ora, a unidade já se fez quanto à maioria dos pontos e as divergências tendem cada vez mais a desaparecer...

(...) Se o vosso mundo fosse inacessível ao erro, seria perfeito, e longe disso se acha ele. Ainda estais aprendendo a distinguir do erro a verdade. Faltam-vos as lições da experiência para exercitar o vosso juízo e fazer-vos avançar. A unidade se produzirá do lado em que o bem jamais esteve de mistura com o mal; desse lado é que os homens se coligarão pela força mesma das coisas, porquanto reconhecerão que aí é que está a verdade.

Aliás, que importam algumas dissidências, mais de forma que de fundo! Notai que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e vos hão de unir num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Quaisquer que se suponham ser o modo de progressão ou as condições normais da existência futura, o objetivo final é um só: fazer o bem.

Ora, não há duas maneiras de fazê-lo. Se é certo que, entre os adeptos do Espiritismo, se contam os que divergem de opinião sobre alguns pontos da teoria, menos certo não é que todos estão de acordo quanto aos pontos fundamentais. Há, portanto, unidade. Os outros pontos são secundários e em nada comprometem as bases fundamentais. Não deve haver seitas rivais umas das outras. Antagonismo só poderia existir entre os que querem o bem e os que quisessem ou praticassem o mal. Ora, não há espírita sincero e compenetrado das grandes máximas morais ensinadas pelos Espíritos que possa querer o mal, nem desejar mal ao seu próximo, sem distinção de opiniões. Se errônea for alguma destas, cedo ou tarde a luz para ela brilhará, se a buscar de boa-fé e sem prevenções.  Enquanto isso não se dá, um laço comum existe que as deve unir a todas num só pensamento; uma só meta para todas. Pouco, por conseguinte, importa qual seja o caminho, uma vez que conduza a essa meta.

Nenhuma deve impor-se por meio do constrangimento material ou moral e em caminho falso estaria unicamente aquela que lançasse anátema sobre outra, porque então procederia evidentemente sob a influência de maus Espíritos.

O argumento supremo deve ser a razão. A moderação garantirá melhor a vitória da verdade do que as diatribes envenenadas pela inveja e pelo ciúme”.

Eis os conselhos do Espírito Santo Agostinho: “por bem largo tempo, os homens se têm estraçalhado e anatematizado mutuamente em nome de um Deus de paz e misericórdia, ofendendo-O com semelhante sacrilégio. O Espiritismo é o laço que um dia os unirá, porque lhes mostrará onde está a verdade, onde o erro... Durante muito tempo, porém, ainda haverá escribas e fariseus que o negarão, como negaram o Cristo. Quereis saber sob a influência de que Espíritos estão as diversas seitas que entre si fizeram partilha do mundo? Julgai-o pelas suas obras e pelos seus princípios.

Jamais os bons Espíritos foram os instigadores do mal; jamais estimularam os ódios dos partidos, nem a sede das riquezas e das honras, nem a avidez dos bens da Terra. Os que são bons, humanitários e benevolentes para com todos, esses os seus prediletos e prediletos de Jesus, porque seguem a estrada que Este lhes indicou para chegarem até Ele”.

Estas palavras de Santo Agostinho referem-se à convivência ideal entre as diversas titularidades religiosas, mas podemos perfeitamente aproveitá-las no assunto em tela no qual abordamos a incompreensível luta de facções entre confrades espiritistas.

Prestemos bastante atenção e reflitamos com profundidade nessas assertivas do Espírito de Verdade[3], vinda a lume em Paris em 1862: “(...) aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado... Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!

Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Clamarão: “graça! graça!”, mas o Senhor lhes dirá: “como implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos e que vos negastes a estender-lhes as mãos, que esmagastes o fraco, em vez de o amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal qual a quisestes. Nada mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são para os que não tenham buscado as recompensas da Terra”. 

Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo.

Sabiamente afirmou Fénelon[4]: “(...) não vos canseis, pois, de escutar as palavras de João, o Evangelista. Como sabeis, quando a enfermidade e a velhice o obrigaram a suspender o curso de suas prédicas, limitava-se a repetir estas suavíssimas palavras: ‘meus filhinhos, amai-vos uns aos outros’.

Amados irmãos, aproveitai dessas lições; é difícil o praticá-las, porém, a alma colhe delas imenso bem. Fazei o sublime esforço que vos peço: ‘amai-vos’ e vereis a Terra em breve transformada num Paraíso aonde as Almas dos justos virão repousar”.

Sigamos, pois, o lúcido e oportuníssimo conselho do Mentor André Luiz: “(...) ante as normas que nos indiquem elevação para a Vida Superior, recebamo-las respeitosamente afeiçoando-nos a elas e seguindo adiante na base do dever retamente executado e da consciência tranquila.  

Pratiquemos a regra de ascensão espiritual segura e verdadeira: sempre um tanto menos com os nossos pontos de vista pessoais e, a cada dia que surja, sempre um pouco mais com Jesus”.


 

[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, Conclusão – Tomo IX.

[2] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, Introdução (Notícias Históricas).

[3] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. XX, item 5.

[4] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. XI, item 9, § 5º e 6º.


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita