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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 413 - 10 de Maio de 2015

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
bartolo.profuniv@mail.pt
Venade - Caminha
,
 Viana do Castelo (Portugal

 



Construir a paz


Regra geral, toda a pessoa, verdadeiramente humana; as famílias; as instituições; as comunidades; as sociedades; os povos; as nações de todo o mundo perseguem objetivos, desejam alcançá-los e consolidá-los para viverem com a maior estabilidade possível, com qualidade de vida, com tranquilidade, na maior felicidade exequível, enfim, com Paz.

Na verdade, o Papa Paulo VI, em sua primeira mensagem para o dia de Ano-Novo, dizia: «Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de Janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro». (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Mundial_da_Paz, consultado em 25.11.2012.)

Muitos são os valores que acompanham a existência humana, ainda que as culturas, histórias e civilizações tenham, e pratiquem, os valores que consideram próprios de cada povo. Praticamente, é impossível conseguir adaptarem-se valores e as respetivas boas práticas, comuns a todas as pessoas, e embora se deseje acreditar que haverá valores que toda a gente gostaria de possuir e usufruir plenamente, como por exemplo: saúde, trabalho, família, solidariedade, justiça, felicidade e Paz, o certo é que não é seguro que assim seja.

A Paz não é apenas e/ou necessariamente a ausência de guerra. Ela envolve por si só outros valores, outras práticas, de tal forma que se não existirem e não forem fruídos, então a Paz será, tão só, uma condição em que se vive, mas que não traz à pessoa humana a tranquilidade para viver feliz, com entusiasmo, dinamismo e projetos de vida. A Paz, no conceito de ausência de guerra, é muito pouco. A Paz tem de comportar outras exigências, dimensões e realizações para que contribua para a dignidade humana.

É rigorosamente verdade que o mundo é um aglomerado de seres, de fenômenos, de mistérios. O ser humano é, porventura, no campo do que já é conhecido, o mais evoluído de todos, aquele que verdadeiramente constrói, desenvolve e desfruta de uma cultura, desde logo, na sua própria educação, formação ao longo de toda a vida, sem que alguma vez se sinta plenamente realizado, feliz, todavia, poderá encontrar alguma tranquilidade, uma sensação de bem-estar, de conforto material e espiritual.

Se assim for, então, parta-se da aceitação de que a Paz deve começar em cada pessoa e depois, qual vento circulante, expandir-se para as outras pessoas, cada uma destas, igualmente se esforçando por construir a sua própria Paz, continuando a envolver sempre mais pessoas, povos e nações. Resulta que a grande estratégia será a soma das Pazes individuais para se erigir a Paz mundial, porque é necessário o contributo de todos, em liberdade e com responsabilidade.

Com efeito: «A Paz é a prática da consciência plena, a prática de estar ciente dos nossos próprios pensamentos, das nossas ações e das consequências das nossas ações. A consciência plena é simultaneamente simples e profunda. Quando somos plenamente conscientes e cultivamos a compaixão da nossa vida diária, diminuímos a violência a cada dia que passa. Temos um efeito positivo na nossa família, nos amigos e na sociedade» (HANH, 2003:11).

Este valor inestimável, procurado pela esmagadora maioria das pessoas, povos e nações, encontra sempre imensos obstáculos, porque a Paz tem de começar a existir no espírito de cada indivíduo, é ele que tudo deve fazer para “contaminar” os outros, qual bola de neve.

Enquanto não forem erradicados objetivos individuais de puro egoísmo, do poder-pelo-poder, de domínio arrogante, prepotente, ditatorial e desumano; enquanto predominar o ter sobre o ser; a perseguição sobre a reconciliação; a vingança sobre o perdão; a hipocrisia sobre a lealdade; a ambiguidade sobre a solidariedade, a Paz é, praticamente, uma utopia.

Claro que toda a utopia, mais tarde ou mais cedo, ao longo da história da humanidade, pode-se tornar realidade, tudo dependendo da determinação de cada pessoa em “lutar” pela sua própria Paz e ajudar os seus semelhantes a conquistar e praticar este supremo bem.

É fundamental que se tenha a coragem e também a humildade de se autoavaliar, reconhecer que errou, e corrigir tudo o que intencionalmente, ou não, foi realizado para prejudicar outras pessoas, para humilhar, desconsiderar, magoar e desgostar. Enquanto esta situação perdurar em cada pessoa, ela não terá Paz consigo própria, logo, não está em condições de contribuir para uma verdadeira Paz alargada a toda a gente.

Portanto, é condição “sine qua non” que se comece por avaliar o grau de culpabilidade na ausência da Paz individual porque «A verdadeira culpa é o remorso que sentimos quando magoamos aqueles que amamos; ela nos faz ter vontade de corrigir as coisas no nosso relacionamento com os outros. A falsa culpa é o medo da punção que está mais ligada à necessidade de nos protegermos depois que fazemos algo errado. A falsa culpa raramente beneficia o nosso relacionamento com os outros. Na verdade, ela em geral nos prejudica e nos torna pessoas de convivência mais difícil» (BAKER, 2005:79).

Comemora-se mais uma efeméride relativa ao “Dia Mundial da Paz”, no início de cada ano, mais concretamente, no dia 1 de Janeiro, dia de Ano-Novo. Os apelos à Paz vêm de todos os quadrantes: religiosos, políticos, econômicos, empresariais. Considera-se, então, naquele dia, a Paz como um desígnio universal a alcançar e consolidar.

As promessas de tudo se fazer, a partir das mais altas instâncias, nacionais e internacionais, são uma atitude que se deve aplaudir e, com mais veemência, quando depois se concretizam no terreno. Mas a Paz que se deseja para todos será que existe em cada pessoa anônima e nas que fazem os apelos mais lancinantes, para que ela se concretize?

A realidade é bem diferente porque «Todos nós sonhamos com uma vida melhor, uma sociedade melhor. Contudo, tornou-se difícil passar um dia que seja sem nos desiludirmos, sem nos sentirmos desapontados, sem nos sentirmos sugados pelas pessoas mesquinhas e egoístas que nos rodeiam. Parece que uma grande maioria das pessoas só está interessada nos seus ganhos pessoais. Tornaram-se rudes e arrogantes, críticas e insensíveis. As suas ações não só nos deprimem como também nos fazem sentir que não podemos fazer nada para mudar este estado de coisas e que apenas os que estão no poder têm capacidade de fazer a diferença» (BRIAN, 2000:138).

Seguramente que a Paz é um bem supremo, um valor, um desígnio, enfim, eventualmente, o bem último a que o ser humano aspira e que persegue, incessantemente, até nas expressões mais simples como “Deixem-me em Paz” se confirma este desejo universal. Mas a Paz é um objetivo difícil de alcançar, não necessariamente porque o ser humano não tenha inteligência e meios para dela se aproximar, mas porque os conflitos internos em cada pessoa estão sempre latentes.

Evidentemente que nenhuma das posições individuais – pessimismo, otimismo –, quando exageradas, poderá conduzir, com segurança, à Paz, mas, provavelmente, um otimismo moderado, realista, racional, e também com um pouco de sentimento e emoção, ajuda imenso, pelo menos a acreditar, a ter fé na possibilidade da Paz, com todos os outros valores e oportunidades que ela proporciona no mundo.

A Paz interior, sempre em construção, sempre a melhorar, sempre a dar mais felicidade a quem por ela “luta”, será o rumo a seguir, objetivo a alcançar. Para o efeito aponta-se, de fato, uma atitude otimista, realista, com esperança, com determinação, com capacidade de adaptação, com serenidade e com sentido da realização do potencial de transformação.

Seguramente, não um otimismo santificado, ingênuo e “cor-de-rosa”, porque este pode levar ao desespero, na medida em que o mundo, indiscutivelmente, não é fácil, nem imutável, e, muito menos, girando à volta de cada pessoa, de cada interesse. O mundo tem “esquinas muito pontiagudas”, “espinhos venenosos” e “alçapões sem fundo”, por isso é importante ter-se em atenção esta e outras realidades.

A estratégia para a Paz passa, portanto, pelo otimismo racional, realista, com emoção, sentimento e entusiasmo e, nesse sentido, «Não nos detenhamos na imagem Épinal (Épinal é uma cidade situada no nordeste da França, capital do departamento de Vosges, na região Lorena. A cidade é atravessada pelo rio Mosela. Épinal é a cidade de nascimento de Émile Durkheim e de Marcel Mauss) do otimismo beato. Por trás desse clichê que gostamos de troçar, esconde-se um grande número de qualidades: a esperança, a determinação, a faculdade de adaptação, a lucidez, a serenidade e a força de caráter, o pragmatismo, a coragem e até a audácia, outras tantas qualidades que se encontram no soukha, a verdadeira felicidade» (RICARD, 2003:180).

Está identificado, a partir da determinação pessoal, o rumo a seguir para se chegar ao bom porto da Paz. Um rumo que será estimulante de se seguir, desde já com a força da solidariedade entre todas as pessoas de boa vontade, porque, afinal, a solidariedade deve ser «Entendida como sentimento de fraternidade, de adesão, de felicidade e de compreensão que nos impele a cuidar, apoiar e animar mutuamente, é uma força natural que incute confiança, segurança, esperança e fomenta uma perspectiva mais comunitária do mundo menos individualista» (MARCOS, 2011-122). Sim, a Paz é possível, assim a queiramos, todos unidos. Mãos à obra e Paz para todos.


Bibliografia:

BAKER, Mark W., (2005). Jesus, o Maior Psicólogo que já existiu. Trad. Cláudia Gerpe Duarte. Rio de Janeiro: Sextante.

BRIAN L. Weiss, M.D. (2000). A Divina Sabedoria dos Mestres. Um Guia para a Felicidade, alegria e Paz Interior. Trad. António Reca de Sousa. Cascais: Pergaminho.

HANH, Thich Nhat, (2004). Criar a Verdadeira Paz. Cascais: Pergaminho.

MARCOS, Luís Rojas, (2011). Superar a Adversidade, O Poder da Resiliência. Trad. Maria Mateus. Lisboa: Grupo Planeta.

RICARD, Matthieu, (2005). Em Defesa da Felicidade. Trad. Ana Moura. Cascais: Editora Pergaminho Ldª.

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