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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 409 - 12 de Abril de 2015

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
bartolo.profuniv@mail.pt
Venade - Caminha
,
 Viana do Castelo (Portugal

 


Páscoa: festa da alegria
e da esperança


Cada evento comemorativo tem sempre uma determinada carga simbólica, e é dedicado a um acontecimento na vida de uma pessoa, de uma família, de uma organização, de um país ou a nível mundial. Participar em tais eventos é uma atitude que, salvo determinações impositivas, por instituição competente, fica ao critério de cada pessoa, da sua sensibilidade, valores, sentimentos e das tradições culturais em que está integrada.

Tal como acontece com os denominados dias “Nacionais”, ou “Internacionais”, ou ainda, “Mundiais”, sobre um qualquer fato, ou valor, a exemplo de diversos festejos: Natal, Carnaval, entre outros, também a Páscoa tem o seu simbolismo, considerando-se a festa da alegria, para os crentes da religião católica, a ressurreição de Jesus Cristo, em toda a sua glória e esplendor.

Na cultura e tradição portuguesas, a Páscoa ainda é festejada com imensa alegria e imenso respeito e, entre diversos rituais, como a “queima do Judas”, a visita pascal às residências dos crentes católicos tem o seu ponto alto e de profunda confraternização, quando a comitiva pascal saúda os donos da casa, asperge a água benta e dá a beijar a Cruz de Cristo crucificado, a todos os presentes.

Nas aldeias portuguesas, designadamente no Minho, a tradição do compasso pascal vai-se cumprindo, eventualmente, aqui e ali, com menos entusiasmo e alegria, até porque a situação econômico-social de milhares de pessoas e de famílias é horrível, na medida em que vivem no limiar da pobreza, com “rendimentos” abaixo do limite mínimo da dignidade humana, e sem que se vislumbre uma oportunidade para melhorarem a sua qualidade de vida e dos respectivos dependentes.

E se é certo que em determinados setores da vida nacional, as estatísticas alimentam alguma esperança, no sentido da melhoria das condições gerais de vida, como por exemplo: o desemprego, cuja percentagem tem vindo, lentamente, a baixar; por outro lado, também é verdade que milhares de pessoas que, aos quarenta e mais anos de idade, saíram do mercado de trabalho, agora não conseguem entrar e que destas, dezenas ou centenas de milhares não recebem qualquer apoio oficial.

É claro que, para este leque de centenas de milhares de pessoas, não se poderá dizer que a Páscoa é a festa da alegria, deixando-se, porém, prevalecer a esperança em “melhores dias” para todos, porque neste período que corresponde à ressurreição de Cristo, tem de haver mais confiança, porque Ele não pode defraudar os seus filhos, obviamente, na perspectiva dos crentes.

O tempo pascal poderá ser utilizado como um período de reflexão profunda, precisamente, entre os dois extremos da existência humana – nascer e morrer – e, neste percurso de vida, analisar: o que foi feito para o bem; o que foi para o mal; o que pode ser melhorado; o que deve ser corrigido e o que tem de se evitar, para se conseguir obter um equilíbrio nas relações interpessoais, envolvendo nestas os princípios, valores, sentimentos e emoções próprios das pessoas bem formadas, generosas e civilizadas.

Viver a Páscoa como uma festa meramente consumista, com alguma ou mesmo muita ostentação do TER, em vez da exigência do SER – enquanto pessoa visceralmente humana – é uma atitude que não alimenta os comportamentos essenciais da esperança; que ignora a fé em relação a um Cristo protetor e amigo das pessoas.  A Páscoa deve ser festejada com muito entusiasmo, também com grande humildade e respeito pelos outros, nossos iguais.

Naturalmente que pelo fato de existirem milhares de pessoas e famílias, só em Portugal, no limiar da pobreza; centenas de milhares de desempregados, sem auferirem qualquer ajuda oficial para terem uma subsistência, minimamente, condigna; de no curto período de três anos, centenas de milhares de jovens, altamente qualificados, bem como imensos adultos, terem de emigrar; haver milhares de pessoas “sem-abrigo”, a Páscoa não deve deixar de ser celebrada, justamente, sem exibicionismos de quem quer que seja, mas sim com moderação, sem magoar aquelas pessoas que o infortúnio da vida tanto as tem fragilizado.

Durante o período da Quaresma, que decorre de quarta-feira de cinzas até o domingo de aleluia, da ressurreição de Cristo, há muito tempo para se refletir sobre o que em Portugal tem estado mal e o que possa merecer uma avaliação positiva. É tempo de recolhimento, de meditação em vários domínios e contextos, desde logo: religioso, político, social e econômico, os quais constituem quatro grandes pilares, entre outros, para se avaliar a qualidade de vida da população e, a partir desta análise, tomarem-se as medidas necessárias para se corrigir o que tem estado errado e melhorar o que de bom possa ter acontecido.

É, justamente, apesar de todas as dificuldades, que nos deveremos mobilizar para, em conjunto com as entidades competentes, resolvermos alguns problemas mais delicados; apoiarmos, inequivocamente, dentro das nossas possibilidades e capacidades, quem mais precisa; porque a Páscoa também é um tempo de solidariedade, de coesão fraterna e de pensamento em Cristo ressuscitado, como único Salvador da Humanidade.

Quando vivenciamos a Páscoa como uma festa da alegria, obviamente que nos colocamos num registo otimista, com pensamentos positivos e determinados a não nos deixarmos abater pelos insucessos, pelas faltas de solidariedade, pelas deslealdades, pela doença e pela falta de trabalho, bem pelo contrário, assumindo atitudes de esperança e confiança no futuro, que todos temos de ajudar a construir, independentemente da situação pessoal de cada um.

É nesta perspectiva de confiança, de acreditar que é possível sermos melhores uns para os outros, que a imaginação criativa da pessoa humana, a sua inteligência e a determinação em construir um mundo mais tranquilo, mais solidário e mais fraterno, conseguem nos fazer sair de muitas “crises” que atualmente sufocam em muitos países o povo humilde e trabalhador, que não é responsável por tais situações injustas que outros criaram devido à ganância, ao desejo incontrolado de Poder e de Ter.

Páscoa, enquanto festa para todos, não de pobres nem de ricos, embora estes, materialmente, tenham melhores condições e motivos para “festejar” o evento, com abundância, por vezes, estragando e deitando fora tantos produtos que saciariam a fome e agasalhariam centenas de milhares de pessoas, só em Portugal.

Hoje, segunda década do século XXI, mais do que nunca, torna-se extremamente aconselhável passar-se à prática, desde a concepção de medidas favoráveis à erradicação das situações de miséria, à consequente aplicação ininterrupta das mesmas: para que todos os dias possam ser Páscoa; para que em todos os dias haja solidariedade, amizade, fraternidade; para que em todos os dias haja saúde, trabalho, justiça social, paz e felicidade.

Nesta Páscoa de 2015, alguém tem de lançar algumas sementes de esperança, para que as pessoas e as famílias portuguesas, em particular, e as restantes por esse mundo afora continuem a acreditar que: não estão abandonadas; que existe uma saída; que os jovens têm futuro; os desempregados terão trabalho; os idosos serão respeitados e não voltarão a ser vítimas da espoliação dos parcos rendimentos que lhes são devidos e para os quais contribuíram com uma vida inteira de trabalho e, finalmente, para que quem trabalha possa vir a receber o justo e devido salário, sem cortes nem impostos tão brutais.

Vamos acreditar que a Páscoa deste ano será o início de um longo e brilhante futuro, para todas as pessoas sem exceção e que, querendo os responsáveis – financeiros, políticos, empresários, religiosos e trabalhadores –, não mais haverá fome nem miséria; os cuidados de saúde hão de chegar a toda a população; a educação e a formação, ao longo da nossa existência, nos prepararão para enfrentar a vida; a justiça nos protegerá e ajudará a restabelecer a honra, bom nome e dignidade, seja dos inocentes, seja dos arguídos, seja dos condenados.

Comemora-se, uma vez mais, a ressurreição de Jesus Cristo e, com este acontecimento, devemos acordar para as diversas realidades da vida; para o incentivo de colaborar nas tarefas solucionadoras de variadíssimas situações anormais, injustas, irregulares e ilegítimas. Ressuscitemo-nos, também, para os grandes princípios, valores, sentimentos e emoções que caracterizam e dignificam a pessoa verdadeiramente humana.

Páscoa com Aleluias, com cantares jubilosos, com esperança no futuro da humanidade para o Bem, para a Concórdia, para a Liberdade, para a Igualdade, para a Fraternidade e para a Paz. Páscoa de Cristo e em Cristo, Páscoa da Humanidade; Páscoa da Vida Redentora.


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