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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 408 - 5 de Abril de 2015

ALMIR DEL PRETTE
adprette@ufscar.br

São Carlos, SP (Brasil)

 

 

Outra leitura sobre a resposta do papa à criança


Foi amplamente noticiada nas redes sociais a resposta ou a falta de resposta do papa Francisco a uma criança em sua visita às Filipinas. Comentou-se bastante a fala do Sumo Pontífice, não faltando elogios à sua sensibilidade e carinho em relação à menina. Pelo seu estilo direto, arrojado e algumas vezes carinhoso, dependendo da situação, este papa, ao contrário de seu antecessor, vem surpreendendo aos católicos e, também, aos adeptos de outras denominações religiosas. Observa-se, portanto, uma expectativa positiva sobre suas ações no mundo, não apenas sobre as questões de religiosidade, mas, também, sobre questões políticas mais delicadas, principalmente em favor do diálogo entre as nações e dos direitos humanos daqueles a quem se nega o acesso a uma vida minimamente decente. Entretanto, é exatamente sobre as questões religiosas ou filosófico-religiosas onde, como seu antecessor, o papa Francisco parece encontrar maiores dificuldades. O papa Bento, em seu pontificado, deparando-se com as barbaridades cometidas pelo nazismo e diante de interlocutores que esperavam dele algo construtivo, inquiriu, à guisa de resposta, o que parecia indicar mais fragilidade na fé do que confiança: - Onde estava Deus, ao permitir tamanho absurdo?

A pergunta/resposta soou estranha, pois afinal, segundo a doutrina católica, o papa é representante de Deus na Terra. Logo ele deveria saber onde Deus estava ou, em outras palavras, por que permitira tais acontecimentos. Essa mesma incerteza é utilizada por aqueles que não creem na existência divina e pretendem fazer proselitismo, engrossando as fileiras do ateísmo. Agora, em um quesito semelhante, quanto de uma suposta permissão de Deus ao sofrimento, o papa Francisco opta por dizer que não sabe responder a pergunta da garotinha.

Qual foi a pergunta? Por que é uma pergunta difícil de ser respondida?

"Hay muchos niños rechazados por sus padres, hay muchos que se convierten en víctimas y les pasan muchas cosas horribles, como la droga o la prostitución. ¿Por qué Dios permite que pasen estas cosas, aunque no sea culpa de los niños? Y, ¿por qué hay tan pocas personas que nos ayuden?", le preguntó Gljzelle Palomar, de 12 años, al papa.

Esta foi a pergunta, mantida na língua em que foi traduzida ao papa para preservar o contexto, quando de sua visita a Manilha. Observe o leitor que a fala da menina contém uma afirmação de caráter irrefutável, porque baseada na observação pública, e duas perguntas. Segue-se, então, a resposta do sumo pontífice.

“Não sei responder à sua pergunta, não existe uma resposta: somente quando formos capazes de chorar sobre as coisas que você disse, seremos capazes de responder a esta pergunta: por que as crianças sofrem?”

Esta foi a resposta que o papa teria dado. Sensibilizar-se com o sofrimento dos jovens e crianças, expressar amor e empatia, conclamar todas as pessoas para cerrar fileiras em benefício de uma infância saudável e esperançosa, exigir dos governos que todas as crianças sejam respeitadas, alimentadas, protegidas e educadas, longe dos artefatos bélicos, mesmo os de brinquedos e, ainda, que ninguém negue a elas o direito a ter respostas para as suas dúvidas e aspirações de conhecimento, são tarefas impostas a todos os adultos.

Aquela criança, e todas as crianças que desejam saber o porquê do destino e da dor, têm o direito a esse conhecimento. Que se ponham os sábios e os líderes religiosos em assembleia a conversar sobre a questão. No entanto, o problema que a criança traz é simples e, salvo engano, possui apenas quatro alternativas mais prováveis de respostas, de acordo com o conhecimento produzido no mundo: (a) Deus não existe e essa ideia de um Criador é uma ilusão para manter as pessoas submissas e dominadas; (b) Deus existe, mas não se importa com esses acontecimentos, por isso os permite; (c) Deus existe e se importa com o sofrimento das crianças, porém deu ao homem o livre-arbítrio e, por isso, só pode agir no futuro, no dia do julgamento, quando fará a separação entre os bons e os maus e, certamente, abrirá para as crianças as portas do paraíso; (d) Deus envia Espíritos evoluídos com a tarefa de ensinar a humanidade a compreender o porquê da dor e alcançar a felicidade, porém essa é uma aquisição resultante de esforço de cada um em muitas reencarnações, até que ocorra uma transformação mais ampla e, então, os homens se sentirão responsáveis por todas as crianças.

Obviamente, independente da alternativa escolhida, aquele que responde a essa questão deveria apresentá-la de maneira didática e delicada à criança. É possível supor que o papa saiba a resposta para o problema do ser, do destino e da dor, trazido pela menina, mas evitou uma resposta direta para não abordar questões teológicas relacionadas ao dogma da vida única, aceito pela Igreja. A criança expressou a dúvida de centenas de milhares de crianças no mundo todo: como conciliar a presença de Deus com esses sofrimentos? Todos os educadores espiritualistas (e o papa é um deles) devem assegurar às crianças que Deus, nosso Pai, e Jesus, nosso irmão, não são os responsáveis pelos sofrimentos delas. O sofrimento é resultado direto da condição de inferioridade espiritual que ainda vivemos e, quando tivermos avançado na edificação do “Reino de Deus”, como Jesus um dia nos asseverou, estaremos vivendo as bem-aventuranças prometidas.

Contudo, as bem-aventuranças não são gratuitas. Elas são condicionais a várias aquisições espirituais como, por exemplo, mansidão, amor à justiça, coragem diante da perseguição etc. O Reino de Deus está dentro de nós e não o veremos (edificaremos) se não nascermos (reencarnarmos) novamente (João 3:1/15). Situações semelhantes a que viveu o papa Bento ou perguntas, como as que foram feitas pela menina de Manilha ao papa Francisco, continuarão causando embaraços, enquanto persistir a doutrina de uma vida única.

 

 


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