WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 407 - 29 de Março de 2015

CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 

 

Tocar piano de ouvido...


Nalgum lugar ouvi dizer que Luiz Gonzaga, um dos nossos mestres da música nordestina, desconhecia teoria musical e, perguntado certa vez, se referiu às notas grafadas como “ah, aqueles desenhos”. Não sei se é verdade, mas não me surpreenderia. Quem possui o dom musical de nascença, aqueles que parecem ter vindo a este mundo predestinados a contribuir no universo das artes musicais com genialidade, muito certamente denotam um conhecimento prévio de tudo, e que, de maneira estranha, invertem a ordem lógica das coisas. E faz o conhecimento teórico musical, nestes casos, ocupar lugar diverso nas prioridades de desempenho - senão de maneira integral, para não parecer aqui absurda na minha assertiva, ao menos em relação àqueles rudimentos que todo estudante sério de música não ousa desconhecer. 

Todavia, numa sociedade orientada cada vez mais pelo avanço científico e tecnológico, que quer manter tudo sob controle, não é de admirar a não valoração e aceitação, pelos meios acadêmicos, da existência destes “dons”. Mas são eles que, de modo indiscutível, nos trazem, de tempos em tempos, alguns Mozarts e Luiz Gonzaga, que sabem fazer tudo antes de estudar a teoria, assim como a criança que aprende a falar antes de se alfabetizar - tocando “piano de ouvido”, por assim dizer –, o autêntico horror de muitos professores e teóricos no universo musical!  

O mundo contemporâneo valoriza rótulos e letras. Não importa muito se, depois, a prática, a vida viva e real fora dos livros, apostilas e cursinhos de enxerto, muito em moda nos dias atuais, desmentem tudo. Mas a experiência exaustiva de anos numa esfera qualquer de atividades provará que os imprevistos das vivências porão abaixo muitas hipóteses aparentemente comprovadas.  

A teoria, os postulados científicos nos oferecem a ilusão de que tudo permanece medido, pesado, conhecido, avaliado e dentro de um rígido controle, que não permitirá surpresas desagradáveis. Não obstante, trata-se de ilusão pura. E o cientista cônscio, aliás, conhece que não existe a certeza absoluta no avanço do conhecimento. Quantas teorias já foram desbancadas e suplantadas por outras, que se verificaram com o decorrer dos séculos? 

Mostra de arrogância, assim, é a pretensão de se reter a palavra definitiva para quaisquer realidades da vida. O insólito nos apanha de surpresa. Quando menos se espera, as certezas escorregam por entre nossos dedos. Prova de sabedoria, portanto, é não querer confinar tudo em cursos e títulos acadêmicos da moda, que pretensamente nos capacitam ao domínio absoluto de determinado assunto e, em muitos meios profissionais, colaboram, antes, para se desvalorizar a bagagem valiosa de experiências de trabalhadores antigos, em prol dos que oferecem meramente os requisitos dos cursinhos e títulos destituídos do suporte sólido do conhecimento e da prática de campo. 

Alguém conhece teoria musical e se vê apto a ensinar segundo o formato tradicional das técnicas artísticas, obtidas com o decorrer dos séculos de história humana; mas, então, nos aparece alguém como Mozart, Bach, ou, no terreno popular, o nosso Luiz Gonzaga - que nascem indiciando conhecer, na prática, e previamente, tudo de teoria e algo a mais. Tecem composições assombrosas aos quatro anos de idade, ou executam, com maestria, um instrumento duramente estudado por outros em décadas, no pouco intervalo de algumas semanas - e sem o suporte do estudo metódico e teórico! 

De onde se originariam essas realidades individuais, senão se admitindo o repertório prévio das muitas e longas vidas passadas que em bom momento vêm para explicar todos estes questionamentos destituídos de solução lógica? 

Mas não me refiro aqui, apenas, às facetas da realização artística. Porque a constatação da transcendência da capacidade e do conhecimento humano para além da teimosa tentativa de confinar valores dentro de títulos e currículos momentâneos se estende ao infinito. 

Aqui, vem a benzedeira com suas ervas e preces, curando a enfermidade renitente para a qual a parafernália de medicamentos pesados da medicina contemporânea não alcançou resultados significativos. Ali, a tendência inata para se aprender um idioma, com mera facilidade de compreensão ou empatia auditiva, surge, inexplicável, contra os esforços inúteis de muitos que lutam anos em cursos oficiais de línguas, sem obter nada além de uma fluência medíocre. Verifica-se também, em toda parte, a vocação inata para a matemática, ou para as ciências humanas.  

Ou alguém que nunca sequer frequentou qualquer curso técnico, de iniciativa própria, beneficia muitos com seus talentos para restaurador de objetos vários. Outros produzem telas magníficas, sem o mínimo conhecimento especializado de pintura. Alguns possuem o dom espontâneo para a liderança segura, positiva, justa, perante grupos trabalhistas, destacando-se como empreendedores bem-sucedidos; enquanto, noutros lugares, vários demonstram cedo vocação para a área científica, sem nenhum antecedente familiar de expressão neste sentido...

Vivemos em tempos nos quais o avanço inquestionável dos assuntos da espiritualidade humana toma vulto. Casos de recordações espontâneas de repertórios de vidas passadas em crianças, do mundo todo aparecem nos noticiários rotineiros, e inúmeros filmes e documentários são produzidos, com grande inspiração, a respeito destes temas. Isto cobra do ser humano reposicionamento prioritário, também no que se relaciona aos valores e às referências de que faz uso na convivência intensa e nas incontáveis atividades de seu dia a dia.

Nem tudo consta de seus livros!...” – Esta fala, de certo personagem do ator Russell Crowe, ilustrou-nos com precisão o que aqui tratamos, ao dialogar com seu colega médico acerca da existência dos fenômenos de intuição, recorrentes a todo tempo na vida dos seres humanos.

Pausa para refletir.



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita