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Clássicos do Espiritismo
Ano 8 - N° 406 - 22 de Março de 2015
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


Os mortos nos falam
 

Padre François Brune 

(Parte 9) 

Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Os mortos nos falam, de autoria do padre François Brune. Muito embora esta obra não seja, propriamente falando, um clássico espírita, trata-se de uma ótima contribuição que confirma um grande número de fenômenos relatados nos clássicos do Espiritismo que aqui estudamos. O estudo baseia-se na primeira edição em português desta obra, publicada pela Edicel em 1991.   

Questões preliminares 

A. Que disse Pierre Monnier sobre Satanás?

Desmitificando tal figura, Pierre Monnier asseverou: “Satã não pode ser uma pessoa, mas sim uma acumulação de energia do mal dotada de consciência. É um centro de desagregação, de destruição, um ventre inteligente”. Mais adiante, após afirmar que os homens o criam, que ele não tem vida concreta, Pierre acrescenta: “Somente Deus vive. Satã tem vida efêmera que os homens podem aniquilar em um instante, desde que queiram pensar no pensamento de Deus. O mal não durará para sempre, enquanto Deus existirá eternamente...” (Os mortos nos falam, pp. 184 e 185.)

B. É verdade que a influência negativa dos Espíritos infelizes foi demonstrada pelo psiquiatra americano Carl Wickland?

Sim. Wickland comprovou também a possibilidade de comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que os Espíritos infelizes podem apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo sem perceber. (Obra citada, pp. 196 e 197.)

C. A respeito do exorcismo, que diz o padre François Brune?

Segundo o padre Brune, tanto o dr. Wickland como o professor Schiebeler ensinam que é insuficiente – como no ritual católico dos exorcismos – expulsar os maus Espíritos, porque esses maus Espíritos vão, em seguida, procurar uma outra vítima na qual investir. É preciso iluminá-los e convertê-los, devolver-lhes a esperança na misericórdia, no Amor de Deus; convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda é possível. Schiebeler assinala em sua obra dois casos em que esses “maus Espíritos” voltaram para dizer que haviam, enfim, compreendido e que mudaram de campo, passando agora a lutar pela libertação dos homens, mortos e vivos, pelos Espíritos retardatários e por suas infelizes vítimas. (Obra citada, pp. 198 e 199.)

Texto para leitura

105. Desmitificando a figura de Satanás, Pierre Monnier asseverou: “Satã não pode ser uma pessoa, mas sim uma acumulação de energia do mal dotada de consciência. É um centro de desagregação, de destruição, um ventre inteligente”. Mais adiante, após afirmar que os homens o criam, que ele não tem vida concreta, Pierre acrescenta: “Somente Deus vive. Satã tem vida efêmera que os homens podem aniquilar em um instante, desde que queiram pensar no pensamento de Deus. O mal não durará para sempre, enquanto Deus existirá eternamente...” (PP. 184 e 185)

106. Padre Brune defende, estranhamente, a ideia de que existem anjos caídos, ou seja, seres espirituais que nunca encarnaram, nem na Terra, nem em outro planeta e que, valendo-se de sua liberdade, escolheram a revolta contra Deus, isto é, a recusa do amor. (N.R.: Essa tese é repelida formalmente pela Doutrina Espírita.) (P. 185)

107. Paqui Lamarque, morta em Arcachon, em 1925, escreveu por intermédio da Sra. Yvonne Godefroy seis mil páginas de comunicações diversas em que, entre outros temas, confirma a importância do pensamento em nossa vida. Diz ela: “Todos os pensamentos, bons ou maus, formam ondas que vão soltas pelo espaço. Segundo sua natureza, elas se encontram, unem-se e constituem legiões que se enfrentam umas às outras. Como em todas as batalhas, o fim do confronto depende do mais forte. Se o elemento mau triunfa sobre o elemento bom, é o mal que recai sobre a terra. Ao contrário, se é a força benfazeja, a felicidade e a paz descem sobre os homens”. (PP. 186 e 187)

108. Examinando a questão do inferno e do paraíso, padre Brune diz que toda uma grande tradição, na Bíblia e também em teólogos do Oriente, em místicos do Ocidente e, por fim, em vários teólogos contemporâneos, interpreta o Inferno, o Purgatório e o Paraíso como sendo, em última análise, o modo como cada um sentiria Deus, tendo antes recusado ou aceitado amar como Deus, que seria, ao mesmo tempo, Inferno, Purgatório ou Paraíso para cada um, segundo o nível espiritual que tivesse atingido. (P. 189)

109. Numerosos são hoje os físicos que acreditam que uma certa forma de consciência e mesmo de liberdade está presente já nos níveis mais ínfimos da matéria, e um bom número de cientistas começa a conceber que, sob os fenômenos físicos ou psíquicos, encontra-se uma espécie de campo de forças não diferenciado, de onde surgem – numa espécie de interação íntima – formas e consciências. (P. 189)

110. O Deus da Bíblia – afirma padre Brune –, já no Antigo Testamento e depois no Novo, e em toda a tradição cristã oriental, ou nos místicos do Ocidente, é essencialmente dinâmico. Ele lança, sem parar, energias que produzem e mantêm este campo de forças. Nossa consciência, reagindo neste campo de forças, molda-o segundo suas angústias, seus desejos, seus ódios. Aquele que se fecha para o amor, fonte de todas as energias, encontra-se nas trevas, entregue a seus pesadelos. Aquele que se abre para o Amor encontra-se na luz, transfigurado por estas energias. (PP. 189 e 190)

111. Jesus afirmou: “O Reino de Deus está dentro de vós”. Os chamamentos à conversão não são, portanto, uma forma de pregar a moral, mas servem para tornar-nos atentos às leis da evolução. Os caminhos de purificação que não tiverem sido percorridos aqui na Terra, serão percorridos na vida futura. É o que afirma Roland de Jouvenel. (P. 190)

112. Capítulo VII - O exílio nos mundos da infelicidade – No Além, ensina padre Brune, existem vários níveis de consciência. Inicialmente, há o nível daqueles que sequer veem a luz. Perdendo-a, parecem perder contato com os outros homens. Quem se afasta de Deus afasta-se de seus irmãos. (P. 193)

113. De acordo com a lei natural, segundo a qual cada um cria, por projeção, seu próprio ambiente, quem não crê em nada, quem só crê no nada, encontra-se no nada. Entregues a si mesmos, deixados no nível espiritual que lhes é próprio, encontram-se esses seres na escuridão e na solidão, incapazes até mesmo de perceberem a presença de mortos que os amaram e que vêm ajudá-los. Brune cita, a propósito disso, vários exemplos. (PP. 194 a 196)

114. A influência negativa dos falecidos infelizes foi demonstrada, entre outros, pelo dr. Carl Wickland, médico psiquiatra americano, morto em 1937, o qual comprovou a possibilidade de comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que os Espíritos infelizes podem apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo sem perceber. (PP. 196 e 197)

115. Dr. Wickland adquiriu, através de uma longa experiência, a convicção de que a maioria das doenças mentais são devidas, na realidade, a uma possessão. Como sua esposa era médium, a operação consistia no seguinte: fazer com que o Espírito retardatário deixasse o corpo do doente mental e, com a ajuda de Espíritos evoluídos, se incorporasse no corpo de sua mulher. O diálogo direto tornava-se então possível entre o dr. Wickland e o Espírito. Várias sessões eram, às vezes, necessárias. O médico observou logo que os Espíritos que obsidiam sentem, bem mais que nós, as dores de nosso corpo. Ele montou, então, um aparelho simples que enviava ao doente mental pequenas descargas elétricas, totalmente inofensivas e indolores para o encarnado, porém intoleráveis para o Espírito perturbador que o possuía. (P. 198)

116. Numa obra ainda inédita, que, segundo padre Brune, não foi publicada devido ao obscurantismo científico que impera em nosso mundo, o professor W. Schiebeler conta como utiliza um método bastante semelhante em um grupo de oração formado por vários médiuns, embora não utilize o aparelho do dr. Wickland. “Mais uma vez – diz Brune – verificamos que eram, pelo menos em parte, as pessoas da Idade Média, os feiticeiros da África, que tinham razão.” Tanto o dr. Wickland como o professor Schiebeler ensinam que é insuficiente – como no ritual católico dos exorcismos – expulsar os maus Espíritos, os demônios, porque esses maus Espíritos vão, em seguida, procurar uma outra vítima na qual investir. É preciso iluminá-los e convertê-los, devolver-lhes a esperança na misericórdia, no Amor de Deus; convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda é possível. (PP. 198 e 199)

117. Schiebeler assinala em sua obra dois casos em que esses “maus Espíritos” voltaram para dizer que haviam, enfim, compreendido e que mudaram de campo, passando agora a lutar pela libertação dos homens, mortos e vivos, pelos Espíritos retardatários e por suas infelizes vítimas. (P. 199) (Continua na próxima semana.)

 




 


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