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Joias da poesia contemporânea
Ano 8 - N° 405 - 15 de Março de 2015

 
 
 

O padre João 

Guerra Junqueiro

 

Tombava o dia.

A luz crepuscular

Mansamente descia

Inundando de sombra o céu, a terra e o mar...

O meigo padre João,

Um puro coração,

Qual lírio a vicejar em meio a um pantanal,

Sonhava ao pé da igreja – um templo envelhecido

Ao lado de um vergel, esplêndido e florido –

Sentindo dentro d `alma um frio sepulcral.

O firmamento

Tingia-se de luz brilhante e harmoniosa,

A noite era de sonho e névoa luminosa.

Padre João meditava, orando ao Deus de amor.

Revia em pensamento

Uma luz singular nas dobras do passado;

Era um vulto sublime, excelso, imaculado,

Que fazia descer o amor às multidões,

Inflamado de fé, desatando os grilhões

Que prendiam a alma à carne putrescível,

Uma réstia de sol sobre a noite do Horrível,

Iluminando o mundo, iluminando a vida,

Pensando docemente a pútrida ferida

Da imperfeição que rói a torva humanidade,

Oferecendo amor em flores de bondade,

Aos pecadores dando amigas esperanças,

E aumentando nos bons as bem-aventuranças.

Era o meigo Pastor irradiando a luz,

Era o Anjo do Bem, o imáculo Jesus.

O sacerdote, então,

Comparou, meditando, a fúlgida visão

Com aquele Cristo nu, de pau, inerte e frio,

Imóvel dominando o âmbito vazio;

Notando a diferença enorme, extraordinária,

Daquela igreja fria, a ermida solitária,

Da igreja de Jesus feita de amor e luz,

De paz e de perdão,

O farol da verdade ao humano coração.

E viu da sua igreja o erro tão profundo,

Dourando os véus da carne e amortalhando o mundo

Em trevas persistentes,

Por anos inclementes

Em séculos sem fim.

Conhecendo no padre o gêmeo de Caim,

Afastado da luz, fugindo aos irmãos seus,

Fugindo desse modo ao próprio amor de Deus,

Padre João meditou nas lutas incessantes

Sustentadas na Terra em prol da evolução,

E viu no mundo inteiro as ânsias delirantes

De trabalho, de amor, de eterna perfeição.

Sentiu seu coração em dores lacerado,

E no sonho da luz fulgente do passado,

Penetrou soluçando a ermida então deserta.

Teve medo e receio, o espírito gelado,

Sentiu-se no seu templo um pobre emparedado...

E fugindo a correr da porta semiaberta,

Com o coração sangrando em úlceras de dor,

Encaminhou-se ao campo, à natureza em flor.

Fitou extasiado a natureza em festa,

As árvores, a flor, os mares, a floresta,

E como se o animasse uma chama divina,

Despiu-se do negrume espesso da batina,

E fitando, a chorar, o céu estrelejado,

Encheu a solidão com as vozes do seu brado:

"Ó Igreja! não tens a ideia que eu sonhava,

A luz radiosa e bela, a luz eterna e rara

Que nos vem de Jesus;

Tua mão não conduz

Às plagas da verdade,

Mantendo inutilmente a pobre humanidade

No mal da ignorância, túrbida e falaz,

Crestando a fé, roubando a luz, matando a paz.

Torturas a verdade, endeusas a matéria,

E transformas o padre em trapo de miséria,

Num farrapo de sombra, exótica e execrável,

Num fantasma ambulante em treva interminável!

É um blasfemo quem crê que em teus nichos e altares

Guarda-se a essência pura e imácula de Deus.

Eu vejo-O, desde a flor às luzes estelares,

Na piedade, no amor, na imensidão dos céus!

Ó Igreja! o dogma frio é um calabouço escuro,

E eu quero abandonar a noite da prisão;

Prefiro a liberdade e a vida no futuro,

Guiando-me o farol da fúlgida Razão.

Desprezo-te, ó torreão de séculos trevosos,

Ruínas de maldade estúltica a cair,

Eu quero palmilhar caminhos luminosos

Que minh`alma entrevê na aurora do porvir!”

E o padre emudeceu. Submergido em pranto,

Achou mais belo o Céu e o seu viver mais santo.

Pairava na amplidão estranho resplendor.

A Natureza inteira em lúcida poesia

Repousava, feliz, nas preces da harmonia!...

Era o festim do amor,

No firmamento em luz,

Que celebrava

A grandeza de uma alma que voltava

Ao redil de Jesus.

 

Poema psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado no Parnaso de Além- Túmulo, obra mediúnica publicada pela FEB.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita