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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 403 - 1° de Março de 2015

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 
 
 

Causas anteriores das aflições

A reencarnação é - antes de tudo - um processo educacional  


“Se a causa das aflições não se encontra na vida atual, há de
estar numa existência precedente.”
- Allan Kardec[1].

 


Falando a respeito da justiça das aflições, o Mestre Lionês afirma[2], entre outras coisas, algo que devemos acatar como eixo para os nossos raciocínios: “(...) as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa”.

Evidentemente ninguém sofre porque Deus castiga, mas simplesmente porque somos as primeiras e infalíveis vítimas de nossos próprios equívocos, tanto do passado quanto do presente. As vicissitudes são corolários de nossos ancestrais desvios do caminho reto e não têm caráter punitivo, e sim, educativo. Daí ter Kardec ensinado[3]: “(...) interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: ‘se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição’.

A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo?  O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria...

Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente”.

Assim como Deus não castiga, ao contrário do que muita gente pensa, ninguém reencarna propriamente para pagar ou ressarcir. Embora exista a nuança de expiação nas reencarnações de nosso nível evolutivo, estamos antes passando por um processo educacional do que pura e simplesmente por expiação. Nesse passo, atentemos no raciocínio do psicólogo espírita Adenáuer Novaes[4]: “(...) é preciso entender que não se paga carma passado. Na verdade se aprende o que não se sabia. Não reencarnamos para pagar ou ressarcir, mas para nos educar quanto ao nosso processo evolutivo. Pagar débitos é uma interpretação enviesada do processo evolutivo de acordo com a noção antiga de pecado e de bem e mal.

Enquanto se aprende se corrigem distorções vividas no passado. A correção do passado não é objetivo da reencarnação, mas sim a educação do Espírito quanto às leis de Deus. Portanto, pode-se ter carma positivo ou carma negativo, isto é, pode-se retornar a um novo corpo com qualidades já aprendidas, que significam créditos, ou com ‘déficit’ de capacidades por equívocos cometidos. O que se conhece como carma significa ação e reação simultâneas, já que não existem isoladas. O chamado carma positivo é aquele a cuja ação corresponderá uma reação passiva, isto é, algo vem de retorno em benefício. O chamado carma negativo é aquele cuja ação exigirá uma reação ativa, isto é, seu agente deverá atuar para merecer.  

Ninguém é obrigado a ter sido sempre bom e correto. Devem-se considerar as circunstâncias, a época e a cultura e aceitar a execução dos erros como características naturais do ser humano, propondo-se ao aprimoramento interior para libertar-se”.

Nos tempos dos feudos, na velha Europa, um senhor feudal encantou-se por uma de suas campesinas a ponto de prender a própria esposa no subterrâneo de seu castelo para poder viver com a sua amada. Hoje em dia estão os três outra vez reencarnados, e a ex-campesina tornou-se a filha mais nova do antigo amante com a esposa que fora aprisionada. Evidentemente, por força do carma negativo os dois são odiados pela antiga vítima dessa história passional. Mas encontram-se outra vez juntos, não por castigo, sim para o reajuste das emoções e paixões, onde o amor e o perdão devem agir no sentido de restabelecer o equilíbrio. Desnecessário dizer quão grande é o calvário de dores de todos os envolvidos nesse drama que deu origem a conflitos, depressões e frustrações de variegado matiz...

Hoje em dia a moderna psicologia[5] vem ratificando os postulados espiritistas e, com relação ao assunto em tela, podemos ver como essa ciência aborda a questão do determinismo da conduta. 

DETERMINISMO DA CONDUTA

Um princípio fundamental do desenvolvimento científico, em todos os campos, é o de que todos os fenômenos estão determinados, quer dizer, respondem a uma causalidade, por mais complexa que essa possa ser; em outros termos, o princípio do determinismo afirma o condicionamento causal de todos os fenômenos.

No terreno da psicologia, isso tardou a se introduzir e, consequentemente, ainda mais a se demonstrar. A complexidade especial dos fenômenos psicológicos fez com que essa tarefa fosse muito gradual, de tal maneira, que, enquanto outras ciências progrediam em função do princípio do determinismo, a psicologia girava ainda em torno da polêmica entre determinismo e livre-arbítrio.

Freud é quem estudou e demonstrou o caráter causal dos fenômenos psicológicos, de tal maneira que a indagação dos motivos da conduta é uma de suas grandes contribuições à psicologia e em tal grau, que uma das características da psicologia moderna é a de ser dinâmica, quer dizer, estudar as motivações.

SOBREDETERMINAÇÃO CAUSAL

Pode-se deduzir que toda conduta (normal ou patológica) acha-se sobredeterminada, quer dizer, que tem uma policausalidade muito complexa que deriva de distintos contextos ou múltiplas relações nos quais se acha todo ser humano em cada uma de suas condutas.  Em outros termos, nunca está operando uma só causa”.

Evidentemente, como se trata de autor não espírita ele não atinou com as condutas manipuladas por obsessores, mas podemos entender que quando ele mencionou “policausalidade” aí se incluem as desse naipe. E aí caímos no terreno dos conflitos, que também são tipificados pela psicologia.

TIPOLOGIA DOS CONFLITOS

K. Lewin estudou três tipos de conflitos que chama, respectivamente, de: atração-atração, rejeição-rejeição e atração-rejeição.

No conflito atração-atração, o sujeito confronta-se com dois objetos que são atraentes, ou que ele deseja. É o caso de quem tem que decidir entre duas carreiras que são ambas atraentes ou interessantes para ele. A esse tipo de conflito, corresponde a alternativa do asno de Buridán que, tendo dois fardos de feno, morre de fome por não poder escolher.

No conflito rejeição-rejeição, o sujeito vê-se obrigado a escolher entre dois objetos ou situações que são ambos desagradáveis, perigosos ou rejeitantes. É o dilema de Caribdis e Escila, nomes de um turbilhão e um recife do estreito de Mesina, terror dos navegantes que, desejando evitar um, caíam no outro.

No conflito atração-rejeição, o sujeito enfrenta tendências ou atitudes contraditórias dirigidas ao mesmo objeto. Diferencia-se dos dois anteriores em que as tendências são opostas e recaem, não sobre objetos distintos, e sim sobre um mesmo objeto.

AMBIVALÊNCIA & DIVALÊNCIA

O conflito que K. Lewin denomina atração-rejeição é o tipo de conflito que Bleuler chamou de ambivalência, e que consiste na coincidência sobre o mesmo objeto, ao mesmo tempo de atitudes, impulsos ou afetos contraditórios. No caso, por exemplo, do amar e odiar uma mesma pessoa ao mesmo tempo. Esse tipo de conflito é acompanhado de grande tensão e/ou ansiedade, de uma situação de grande insegurança porque periga o objeto que alguém deseja, pelo ódio ou a rejeição que se lhe tem ao mesmo tempo. Vai acompanhado de depressão e culpa. É o tipo de conflito e de relação objetal que M. Klein chamou de posição depressiva, e à ansiedade que a acompanha de ansiedade depressiva. Essa última corresponde ao que habitualmente reconhecemos como tristeza.

(...) O conflito ambivalente pode resolver-se sobre o plano de uma integração que permita aceitar aspectos positivos e negativos ao mesmo tempo, tanto no objeto como em si próprio. Isso significa uma maior integração do ego, que coincide sempre com um maior, ou melhor, sentido de realidade.

Mas o conflito ambivalente (a posição depressiva), quando não resolvido, é o ponto de partida de todas as situações conflituosas e das condutas defensivas que tendem a reduzir ou resolver a tensão ou a ansiedade que acompanha o conflito.  Essas últimas agem, todas, dissociando o conflito ambivalente nas duas tendências ou atitudes contrapostas que o compõem; cumpre-se assim a passagem (a regressão) ao que Pichon Rivière chamou de divalência, que é a divisão em duas condutas dissociadas, com dois objetos distintos. Um exemplo disso é a situação de conflito ambivalente em que se quer e odeia ao mesmo tempo, por exemplo, a mãe; a passagem à divalência cumpre-se quando, por exemplo, retém-se o amor à mãe e o ódio é totalmente transferido a uma irmã. Cumpre-se, assim, uma dissociação esquizoide, na qual a relação objetal é agora com objetos parciais, porque cada um dos objetos está ligado a uma parte do ego do sujeito e a um só dos termos parciais do conflito total ambivalente.”

Chamou nossa atenção a observação do autor quando, se referindo à “dissociação esquizoide”, ele afirmou que a relação objetal, nesse caso, é com objetos parciais, porque cada um dos objetos está ligado a uma parte do ego do sujeito.

Na verdade, o que podemos observar aí, é o que Allan Kardec chamou de Causas Anteriores das Aflições, onde os integrantes das tramas e dramas do pretérito voltam ao proscênio terrestre imantados uns aos outros para o devido reajuste que, mais dia menos dia, invariavelmente chega, saindo das penumbras do pretérito as motivações que determinam os desajustes atuais.

É auspicioso verificarmos como os livros da área da psicologia, vindos a lume nas mais recentes bienais, vêm ratificando os ensinamentos espiritistas aqui aportados lá pelos meados do século XIX, provando ser o Espiritismo uma Doutrina de vanguarda que veio para ficar para sempre, como muito bem o prognosticou Jesus.   

 

[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. V, item 6, § 4º.

[2] - Idem, ibidem, cap. V, item 3.

[3] - Idem, ibidem, cap. V, item 4, § 9º ao 11º.

[4] - NOVAES. Adenáuer Marcos Ferraz de. Psicologia e Espiritualidade. Fundação Lar Harmonia.

[5] - BLEGER, José. Psicologia da Conduta.  Editora Artes Médicas Sul Ltda, capítulo 11.



 


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