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Estudo Metódico do Pentateuco Kardequiano  Inglês  Espanhol

Ano 8 - N° 398 - 25 de Janeiro de 2015

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com

Londrina,
Paraná (Brasil)
 

 

A Gênese

Allan Kardec

 (Parte 37)
 

Damos continuidade ao estudo metódico do livro A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cuja primeira edição foi publicada em 6 de janeiro de 1868. As respostas às questões sugeridas para debate encontram-se no final do presente texto. 

Questões para debate

A. Tendo em vista os erros contidos na Gênese mosaica, o Espiritismo propõe-nos que a rejeitemos?

B. Que falta tão grande cometida por Adão e Eva acarretou a punição de todos os seus descendentes?

C. De acordo com o Espiritismo, Adão e Eva representam que tipo de povo?

Texto para leitura

702. Os fenômenos espíritas são as mais das vezes espontâneos e se produzem sem nenhuma ideia preconcebida da parte das pessoas com quem eles se dão e que, em regra, são as que neles menos pensam. Alguns há que, em certas circunstâncias, podem ser provocados pelos agentes denominados médiuns. No primeiro caso, o médium é inconsciente do que se produz por seu intermédio. No segundo, age com conhecimento de causa, donde a classificação de médiuns conscientes e médiuns inconscientes. Estes últimos são os mais numerosos e se encontram com frequência entre os mais obstinados incrédulos.

703. Contudo, resultem ou não esses fenômenos de um ato da vontade, a causa primária é exatamente a mesma e não se afasta uma linha das leis naturais. Os médiuns, portanto, nada absolutamente produzem de sobrenatural; por conseguinte, nenhum milagre fazem. As próprias curas instantâneas não são mais milagrosas, do que os outros efeitos, dado que resultam da ação de um agente fluídico, que desempenha o papel de agente terapêutico, cujas propriedades não deixam de ser naturais por terem sido ignoradas até agora.

704. A intervenção de inteligências ocultas nos fenômenos espíritas não os torna mais milagrosos do que todos os outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos que povoam os espaços são uma das forças da Natureza.

705. Esclarecendo-nos acerca dessa força, o Espiritismo faculta a elucidação de uma imensidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio e que, por isso, passaram por prodígios nos tempos idos. Do mesmo modo que o magnetismo, ele revela uma lei, senão desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, melhor dizendo, conheciam-se os efeitos, porque eles em todos os tempos se produziram, porém não se conhecia a lei e foi o desconhecimento desta que gerou a superstição.

706. Visto que o Espiritismo repudia toda pretensão às coisas miraculosas, haverá, fora dele, milagres, na acepção usual desta palavra? Digamos, primeiramente, que, dos fatos reputados milagrosos, ocorridos antes do advento do Espiritismo e que ainda no presente ocorrem, a maior parte, senão todos, encontra explicação nas novas leis que ele veio revelar.

707. Esses fatos, portanto, se compreendem, embora sob outro nome, na ordem dos fenômenos espíritas e, como tais, nada têm de sobrenatural. Fique, porém, bem entendido que nos referimos aos fatos autênticos e não aos que, com a denominação de milagres, são produto de uma indigna trampolinice, com o fito de explorar a credulidade.

708. Faz Deus milagres? – Quanto aos milagres propriamente ditos, visto que nada lhe é impossível, é óbvio que Deus pode fazê-los. Mas Deus os faz? Ou, por outras palavras, derroga as leis que dele próprio emanaram?

709. Não cabe ao homem prejulgar os atos da Divindade, nem os subordinar à fraqueza do seu entendimento. Contudo, em face das coisas divinas, temos, para critério do nosso juízo, os atributos mesmos de Deus. Ao poder soberano reúne ele a soberana sabedoria, donde se deve concluir que não faz coisa alguma inútil. Por que, então, faria milagres? Para atestar o seu poder, dizem. Mas o poder de Deus não se manifesta de maneira muito mais imponente pelo grandioso conjunto das obras da criação, pela sábia previdência e harmonia que essa criação revela, assim nas partes mais gigantescas, como nas mínimas?

710. Não é da alçada do Espiritismo a questão dos milagres; mas, ponderando que Deus não faz coisas inúteis, ele emite a seguinte opinião: Não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Deus não faz milagres porque, sendo, como são, perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-las. Se há fatos que não compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários.

711. Admitido que Deus houvesse alguma vez, por motivos que nos escapam, derrogado acidentalmente leis por ele estabelecidas, tais leis já não seriam imutáveis. Mesmo, porém, que semelhante derrogação seja possível, ter-se-á, pelo menos, de reconhecer que só ele, Deus, dispõe desse poder.

712. A Igreja ensina coisa diferente e daí procura ela distinguir os bons milagres, que procedem de Deus, dos maus milagres, que procederiam, segundo ela, de Satanás. Mas como diferençá-los? Seja satânico ou divino um milagre, haverá sempre uma derrogação de leis emanadas unicamente de Deus. Se um indivíduo é curado por suposto milagre, quer seja Deus quem o opere, quer Satanás, não deixará por isso de ter havido a cura. Entendemos, pois, que se torna fazer pobríssima ideia da inteligência humana para se pretender que semelhantes doutrinas possam ser aceitas nos dias de hoje.

713. Reconhecida a possibilidade de alguns fatos considerados miraculosos, seja qual for a origem que se lhes atribua, afirmamos que eles são efeitos naturais de que se podem utilizar Espíritos desencarnados ou encarnados, tanto para o bem quanto para o mal, conforme neles preponderem a bondade ou a perversidade.

714. Diz o vulgo, porém, que a religião se apoia em fatos que não são nem explicados, nem explicáveis. Inexplicados, talvez; inexplicáveis, não. Que sabe o homem das descobertas e dos conhecimentos que o futuro lhe reserva? Sem falar do milagre da criação, o maior de todos sem contestação possível, já pertencente ao domínio da lei universal, não vemos reproduzirem-se hoje, sob o império do magnetismo, do sonambulismo, do Espiritismo, os êxtases, as visões, as aparições, as percepções a distância, as comunicações, as curas instantâneas?

715. Esses fenômenos, tidos outrora por maravilhosos, presentemente se demonstra pertencerem à ordem das coisas naturais, de acordo com a lei constitutiva dos seres. Os livros sagrados estão cheios de fatos desse gênero, qualificados de sobrenaturais; como, porém, outros análogos e ainda mais maravilhosos se encontram em todas as religiões pagãs da antiguidade, se a veracidade de uma religião dependesse do número e da natureza de tais fatos, não se saberia dizer qual a que devesse prevalecer.

716. O sobrenatural e as religiões – Pretender que o sobrenatural é o fundamento de toda religião, que ele é o fecho da abóbada do edifício cristão, é sustentar perigosa tese. Assentar exclusivamente as verdades do Cristianismo sobre a base do maravilhoso é dar-lhe fraco alicerce, cujas pedras facilmente se soltam. As religiões necessitam não do sobrenatural, mas sim do princípio espiritual, que erradamente costumam confundir com o maravilhoso e sem o qual não há religião possível.

717. O Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres: as imutáveis leis de Deus, a que obedecem assim o princípio espiritual, como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, pois que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.

718. Deus não se torna menos digno da nossa admiração, do nosso reconhecimento, do nosso respeito, por não haver derrogado suas leis, grandiosas, sobretudo, pela imutabilidade que as caracteriza. Não se faz mister o sobrenatural, para que se preste a Deus o culto que lhe é devido. A Natureza já é de si mesma tão imponente, que dispensa se lhe acrescente seja o que for para provar a suprema potestade.

719. Tanto menos incrédulos topará a religião, quanto mais a razão a sancionar em todos os pontos. O Cristianismo nada tem que perder com semelhante sanção; ao contrário, só tem a ganhar. Se alguma coisa o há prejudicado na opinião de muitas pessoas, foi precisamente o abuso do sobrenatural e do maravilhoso.

720. Querem dar ao povo, aos ignorantes, aos pobres de espírito uma ideia do poder de Deus? Mostrem-no na sabedoria infinita que preside a tudo, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na apropriação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é posto a viver. Mostrem-lhes a ação de Deus na vergôntea de um arbusto, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. Mostrem-lhes a sua bondade na solicitude que dispensa a todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, na sua previdência e na razão de ser de todas as coisas, entre as quais nenhuma inútil se conta.

721. Façam com que compreendam, principalmente, que o mal real é obra do homem e não de Deus; não procurem espavori-los com o quadro das penas eternas, em que acabam não mais crendo e que os levam a duvidar da bondade de Deus; antes, deem-lhes coragem, mediante a certeza de poderem um dia redimir-se e reparar o mal que hajam praticado.

722. Apontem-lhes as descobertas da Ciência como revelações das leis divinas e não como obras de Satanás. Ensinem-lhes, finalmente, a ler no livro da Natureza, constantemente aberto diante deles; nesse livro inesgotável, em cada uma de cujas páginas se acham inscritas a sabedoria e a bondade do Criador. Eles, então, compreenderão que um Ser tão grande, que com tudo se ocupa, que por tudo vela, que tudo prevê, forçosamente dispõe do poder supremo.

723. Vê-lo-á o lavrador, ao sulcar o seu campo; e o desditoso, nas suas aflições, o bendirá dizendo: Se sou infeliz, é por culpa minha. Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, racionalmente religiosos, sobretudo, muito mais do que acreditando em pedras que suam sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e derramam lágrimas. 

Respostas às questões propostas

A. Tendo em vista os erros contidos na Gênese mosaica, o Espiritismo propõe-nos que a rejeitemos?  

Não. Não devemos rejeitá-la, mas estudá-la, como se estuda a história da infância dos povos. Trata-se de uma época rica de alegorias, cujo sentido oculto se deve pesquisar, as quais se devem comentar e explicar com o auxílio das luzes da razão e da Ciência. Evidentemente, no mesmo passo que devemos ressaltar suas belezas poéticas e seus ensinamentos velados pela forma imaginosa, cumpre se lhe apontem expressamente os erros, no próprio interesse da religião. Esta será muito mais respeitada quando esses erros deixarem de ser impostos à fé como verdade, e Deus parecerá maior e mais poderoso, quando não lhe envolverem o nome em fatos de pura invenção. (A Gênese, cap. XII, item 12.)

B. Que falta tão grande cometida por Adão e Eva acarretou a punição de todos os seus descendentes?

Nenhum teólogo a pôde definir logicamente, porque todos, apegados à letra, giraram dentro de um círculo vicioso. Sabemos hoje que essa falta não foi um ato isolado, pessoal, de um indivíduo, mas que compreende, sob um único fato alegórico, o conjunto das prevaricações de que a Humanidade da Terra, ainda imperfeita, pode tornar-se culpada e que se resumem nisto: infração da lei de Deus. Eis por que a falta do primeiro homem, simbolizando este a Humanidade, tem por símbolo um ato de desobediência. Mas o que constitui para a Teologia um beco sem saída, o Espiritismo o explica sem dificuldade e de maneira racional, pela anterioridade da alma e pela pluralidade das existências, lei sem a qual tudo é mistério e anomalia na vida do homem.

Admitamos que Adão e Eva já tivessem vivido e tudo logo se justifica. Deus não lhes fala como a crianças, mas como a seres em estado de o compreenderem e que o compreendem, porque trazem aquisições anteriormente realizadas.

Admitamos, também, que hajam vivido em um mundo mais adiantado e menos material do que o nosso, onde o trabalho do Espírito substituía o do corpo; que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, figurada na desobediência, tenham sido afastados de lá e exilados, por punição, para a Terra, onde o homem, pela natureza do globo, é constrangido a um trabalho corporal e reconheceremos que a Deus assistia razão para lhes dizer: «No mundo onde, daqui em diante, ides viver, cultivareis a terra e dela tirareis o alimento, com o suor da vossa fronte»; e, à mulher: «Parirás com dor», porque tal é a condição do nosso mundo, especialmente naquela época. O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso onde vivera Adão, ou, antes, o grupo de Espíritos que ele personifica. A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram reencarnar entre os habitantes do mundo terráqueo e a mudança de situação foi a consequência da expulsão. (A Gênese, cap. XII, itens 19 a 23.)

C. De acordo com o Espiritismo, Adão e Eva representam que tipo de povo?

Conforme dissemos, Adão e Eva simbolizam um grupo de Espíritos que, por se haverem rebelado contra a lei de Deus, foram exilados para o nosso planeta, fato que deu origem a várias alegorias como a perda do paraíso, a doutrina dos anjos decaídos e aquele que a Igreja mais tarde estabeleceu como dogma – o pecado original. Punidos por sua rebeldia, eles expiaram na Terra seus erros e, ao mesmo tempo, contribuíram para o progresso material e intelectual do planeta. (A Gênese, cap. XII, itens 22 e 23.)

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita