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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 391 - 30 de Novembro de 2014

ARÍSIO FONSECA JUNIOR
arisiofonsecajr@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 
 

A força da obra O Evangelho segundo o Espiritismo


Em 2014, nós espíritas comemoramos os 150 anos de publicação da primeira edição de O Evangelho segundo o Espiritismo por Allan Kardec. No dia 15 de abril daquele ano, surgia para o mundo a obra que orientaria o pensamento espírita na interpretação e compreensão acerca do ensino moral do Espiritismo, que mais não é que a concordância plena com o ensino moral de Jesus. Conforme dito por Kardec, desde O Livro dos Espíritos, Jesus nos foi oferecido por Deus “como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra”. Assim, estudar os Evangelhos merece atenção de todos quantos se dedicam a conhecer o Espiritismo.

Não obstante a necessidade de nos introduzirmos na moral do Cristo por meio da leitura dos Evangelhos, impõe-se-nos a utilização da chave de leitura correta. Na introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec assim afirma: “muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral, por si sós, são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave está completa no Espiritismo”; e, no capítulo I da mesma obra, arremata, esclarecendo: “o Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil”. Vemos que Kardec demonstra clara intenção de observar o Evangelho à luz do Espiritismo, de compreender os ensinamentos morais decorrentes dos atos e das falas de Jesus conforme os princípios espíritas. Este ponto é importante, vez que retirar dos olhos essa lente espírita pode prejudicar o entendimento. Nas palavras de Deolindo Amorim, “a exaltação evangélica, sem conhecimento da Doutrina, está sujeita a cair no sectarismo ou ainda no pieguismo, que não melhora ninguém”.

O Evangelho segundo o Espiritismo talvez seja a obra mais utilizada pelos espíritas e, ao mesmo tempo, a menos compreendida. A matriz religiosa católica da qual boa parte dos espíritas procede, desta ou de outra vida, influencia bastante o entendimento que se tem do conteúdo do livro. O religiosismo igrejeiro, a necessidade de santos e deuses antropomorfizados em seus avatares promovem um empobrecimento dos princípios filosóficos espíritas, transformando o Espiritismo num “Espiritismo à brasileira”, miscigenado às matrizes africanas de religiosidade, cujo resultado é um sentimentalismo exagerado da visão evangélica e uma idolatria mediúnica sem sentido. Não só nas práticas espíritas, mas também na cultura espírita, esse resquício místico e supersticioso faz enfraquecer a energia da Doutrina Espírita e provoca, especificamente em relação à obra O Evangelho segundo o Espiritismo, uma distorção do escopo da obra.

A propósito do objetivo de O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec assim se manifesta também na introdução do livro: “Para os homens, em particular, constitui aquele código [o ensino moral dos Evangelhos] uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. E, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra”. Como é que podemos nos esquecer desta expressiva passagem, escrita logo no primeiro parágrafo, quando ela é essencial para conformar o modo como devemos encarar O Evangelho segundo o Espiritismo?

Da leitura deste excerto da introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, percebemos que Kardec tem um propósito maior para o livro. Não serve a obra apenas para ser lida como um texto de consolo ou um texto-base de procedimentos cultuais. Há consolo em O Evangelho segundo o Espiritismo? Claro, inegável! Não podemos perder de vista as belas palavras sobre dor e sofrimento nos capítulos V e VI, Bem-aventurados os aflitos e O Cristo Consolador. É preciso perceber que O Evangelho segundo o Espiritismo, juntamente com O Livro dos Espíritos, e as outras obras fundamentais publicadas por Allan Kardec propõem uma consolação pela possibilidade de compreensão da realidade espiritual; não através do mantra muito ouvido “é preciso sofrer para evoluir, portanto leia palavras de conforto para passar bem pelo mundo”, que é uma das mais evidentes manifestações do Espiritismo mal compreendido que decorre de palavras edulcoradas recebidas mediunicamente. 

Para termos sempre em mente que a função consoladora da Doutrina Espírita deriva de sua amplitude, não se podem olvidar capítulos de O Evangelho segundo o Espiritismo tão fortes quanto aqueles mencionados, como Sede perfeitos (XVII), Buscai e achareis (XXV), Amai os vossos inimigos (XII) ou Fora da caridade não há salvação (XV). Estes, exemplificativamente lembrados, nos propõem outro modo de ver o mundo, a vida, os outros e nós mesmos. Do capítulo I ao capítulo XXVIII, Kardec nos apresenta a comprovação daquilo que estabeleceu na introdução do livro. O ensino moral do Cristo, observado, meditado, estudado e compreendido à luz do Espiritismo, nos mostra as regras de proceder assim na vida privada como na pública. A moral da Doutrina Espírita, relembrada na Parte Terceira de O Livro dos Espíritos, coincide com a moral do Cristo e, por isso, é possível escrever um livro concentrando ambas, visto que, conforme se encontra no capítulo I da obra, “assim como o Cristo disse: ‘Não vim destruir a lei, porém cumpri-la’, também o Espiritismo diz: ‘Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução’. Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que dito apenas sob forma alegórica”.

Sendo “o objetivo essencial do Espiritismo o adiantamento dos homens”, O Evangelho segundo o Espiritismo é uma das ferramentas fundamentais para orientar-nos durante nossas passagens pelo mundo corpóreo. Conforme dito acima, esta obra nos informa sobre as consequências morais que extraímos da revelação espírita e, de acordo com Kardec, nela se encontra “o roteiro infalível para a felicidade vindoura”. Se lembrarmos a resposta dada pelos Espíritos no item 614 de O Livro dos Espíritos, veremos que somente somos infelizes quando nos afastamos da Lei de Deus. Estando às nossas vistas a aplicação prática da moral de Jesus e a explicação cristalina das causas e consequências desta regra de proceder, não podemos adotar O Evangelho segundo o Espiritismo como base de um religiosismo piegas de “rezadores pedinchões”, mas nos compete lê-lo absorvendo toda a força que a moral espírita possui.

Essas consequências morais, que resultam do conhecimento sobre Deus, o mundo espiritual, a vida futura, a imortalidade da alma, a constante intercomunicação entre encarnados e desencarnados, merecem nossa atenção vinte e quatro horas por dia. São os belos frutos divinos que devemos fazer amadurecer em nós, a fim de melhor nos portarmos em casa, no trabalho, na rua, no Centro Espírita, na política, no mundo. Não seremos santos do dia para a noite ou da noite para o dia, como querem os defensores da “ditadura do amor”; nos tornaremos mais puros, contudo, à medida que nossos esforços forem empenhados na compreensão da mensagem transcendente do Espiritismo, desenvolvendo em nós as virtudes existentes e “domando as más inclinações”. Isto consiste em um trabalho lento, mas que deve ser permanente e constante. É preciso amar, sem dúvida; mas só a incompreensão das ideias espíritas e do ensino moral de Jesus pode nos forçar a amar de forma desmedida e imposta, a querer amar como o Cristo amou. Cada um no seu passo e “a cada um segundo as suas obras”.

O Evangelho segundo o Espiritismo, na condição de obra que apresenta de modo claro e inteligível as consequências morais da ciência e da filosofia espíritas, merece respeito. Respeito não meramente reverencial, mas respeito na inserção do livro no conjunto espírita kardeciano, para que a leitura dele seja sempre amparada nas outras obras de Kardec, no trabalho incansável de todos os encarnados e desencarnados, que nos proporcionaram o conhecimento da vida espiritual do homem e da base sólida da existência de Deus. O objetivo de O Evangelho segundo o Espiritismo está muito bem delineado por Kardec na introdução, por isso, não podemos enfraquecer sua função transformando-o em livro de autoajuda. A força e o vigor desta obra nos chamam à verdadeira transformação moral, ao compromisso sério com o autoconhecimento, ao comprometimento indelével com a justiça nas relações sociais. O Evangelho segundo o Espiritismo é a confirmação de que o chamado para o cumprimento das Leis Divinas se encontra há muito na face da Terra e cabe a nós, assumindo nossa responsabilidade diante de Deus, de nós mesmos e dos demais homens e mulheres, tornar efetivos os mandamentos divinos.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita