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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 387 - 2 de Novembro de 2014

ARÍSIO FONSECA JUNIOR
arisiofonsecajr@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 
 

O Centro Espírita


Desde a fundação da Sociedade Espírita de Paris, em 1º de abril de 1.858, até os dias de hoje, o Centro Espírita tem sido a célula mais importante para a manutenção e a divulgação das ideias espíritas. Formado por mulheres e homens de boa vontade, o Centro Espírita é o “ponto visual de convergência” das atividades e comunidades espíritas. Assunto de tamanha importância não poderia ter passado sem as incisivas, profundas e acertadas observações de José Herculano Pires.
(1)

O ano de 2.014 é marcado por comemorações do centenário de reencarnação de Herculano Pires. A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires, juntamente com o Centro Espírita Cairbar Schutel em São Paulo, têm desenvolvido um ciclo de palestras, desde 2.013, sobre obras de Herculano Pires (os vídeos podem ser acessados em www.herculanopires100anos.com.br). Em nossa cidade, a Fundação Espírita João de Freitas tem promovido seminários bimestrais acerca de alguns livros do autor, contribuindo, assim, para a divulgação e o debate de questões de suma importância da Doutrina Espírita abordados pelo olhar de Herculano Pires.

Na obra “O Centro Espírita”, Herculano Pires introduz o tema, como era de seu feitio fazer em suas manifestações, chamando a atenção para o desconhecimento do Espiritismo por parte dos espíritas: “Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra”. Importante percebermos que Herculano, assim como outros grandes pensadores da Doutrina Espírita, se preocupava com as consequências de se bem compreender o Espiritismo, com os resultados de sincero estudo e séria meditação acerca da Doutrina. Se nos preocupássemos com a verdadeira vocação do Centro Espírita, os resultados das atividades poderiam transformar cada um de nós e o mundo, no movimento dialético que ele sempre lembrava.

Ao contrário de nos atentarmos para a verdadeira missão e o grande significado do Centro Espírita, temos no Brasil, ainda segundo Herculano, o maior agrupamento de espíritas do mundo “igrejificando” o Espiritismo, emparelhando-o às decadentes religiões de outrora. Nossas palavras seriam extremamente pueris próximas às de Herculano, quando denuncia virilmente o prejuízo do misticismo e da falta de estudo no meio espírita. Por isso, permita-nos o leitor apresentar extensa citação do autor: “Ninguém estava ali para aprender a Doutrina, para romper a malha de teia de aranha do igrejismo piedoso e choramingas. A domesticação católica e protestante criara em nossa gente uma mentalidade de rebanho. O Centro Espírita tornou-se uma espécie de sacristia leiga em que padres e madres ignorantes indicavam aos pedintes o caminho do Céu. A caridade esmoler, fácil e barata, substituiu as gordas e faustosas doações à Igreja. Deus barateara a entrada do Céu, e até mesmo os intelectuais que se aproximam do Espiritismo, e que têm o senso crítico, se transformam em penitentes. Associações espíritas, promissoramente organizadas, logo se transformam em grupos de rezadores pedinchões. O carimbo da igreja marcou fundo a nossa mentalidade em penúria. Mais do que subnutrição do povo, com seu cortejo trágico de endemias devastadoras, o igrejismo salvacionista depauperou a inteligência popular, com seu cortejo de carreirismo político-religioso, idolatria mediúnica, misticismo larvar, o que é pior, aparecimento de uma classe dirigente de supostos missionários e mestres farisaicos, estufados de vaidade e arrogância. (...) Essa tendência mística popular, carregada de superstições seculares, favorece a proliferação de pregadores santificados, padres vieiras sem estalo, tribunos de voz empostada e gesticulação ensaiada. (...) Não no clima para o desenvolvimento da Cultura Espírita”. Publicada pela primeira vez em 1.980, vemos que esta obra de Herculano Pires se mantém viva e abrangente da realidade dos movimentos espíritas, sobretudo no Brasil. Todavia, mesmo apontando as mazelas dos Centros Espíritas brasileiros, Herculano ainda vê esperança, ao afirmar que “embora ainda, na sua maioria, mostrem-se enteados [sic] num misticismo larvar, conservam nessa própria condição negativa as energias potenciais de reconstrução” e nesse trabalho “ele [o Centro Espírita] modifica o mundo pela modificação progressiva da consciência”.

Segundo o autor, o Centro Espírita é o lugar onde as “almas frágeis” encontram as “almas fortes”. É onde deve se dar o intercâmbio entre aquelas que “precisam ser constantemente vigiadas e orientadas no Centro Espírita, pois se entregam facilmente a um misticismo inferior, tentando alcançar a angelitude através de submissão interesseira a Espíritos mistificadores, dirigentes de vistas curtas e médiuns pretensiosos” e estas que trazem em si questões atinentes ao problema disciplinar, “que procedem de linhas evolutivas em que os Espíritos se aperfeiçoam no uso da independência e da coragem”. Nesse intercâmbio entre almas no Centro Espírita, a fraternidade há de ser a ideia fundamental, visto que “segundo a regra geral das relações humanas, o forte deve proteger e amparar o fraco, para ajudá-lo a se fortalecer”. Segundo Herculano, mesmo quando a disciplina for necessária aos andamentos dos trabalhos no Centro Espírita, “boa vontade e compreensão fraterna” merecem se sobrepor às exigências da ordem, ou, se não, precisam ser as balizas entre as quais a disciplina se deve dar.

No livro em comento, Herculano Pires aponta para a necessidade de visarmos à finalidade superior do Centro Espírita, não esperando tão somente vantagens imediatas. Uma “visão superior do mundo, do homem e da vida” é o que poderemos ter, caso nos empenhemos a construir no Centro o ambiente de estudo, de seriedade, de comprometimento com a Doutrina Espírita. “Se cada frequentador do Centro quiser ajudá-lo na sua missão superior de preparar os homens para um mundo melhor, a dinâmica do Centro se intensificará para o bem de todos.” Esta perspectiva da relação dentro do Centro e entre este e o mundo é bastante exaltada por Herculano Pires, seja na obra em apreciação, seja em outras oportunidades. É indispensável ser o Centro Espírita “bem dirigido por pessoas sensatas e estudiosas”, ser o ambiente em que Deus está presente, em que se “prova objetivamente a sobrevivência do homem para após a morte”, em que “a Religião não se disfarça em grandezas perecíveis e artificiais” e onde “se cultiva a grandeza dos corações sinceros, devotados ao amor do próximo”.

É-nos impossível falar sobre uma obra de Herculano Pires com limitação de espaço e/ou tempo. Contudo, nosso esforço foi o de apresentar, mesmo que sucintamente, os pontos mais relevantes de “O Centro Espírita”, lembrando que a leitura do livro é insubstituível.


(1)
Todas as palavras e expressões apresentadas entre aspas foram retiradas da obra “O Centro Espírita”, de José Herculano Pires.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita