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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 386 - 26 de Outubro de 2014

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniapickina@gmail.com
Indaiatuba, SP (Brasil)

 
 

O que me faz pular – uma viagem ao mundo autista


Já escrevi aqui sobre o autismo. Mas continuo a insistir. Por quê? 

Claro, o autismo é uma condição para a vida inteira e isso por enquanto não é novidade. 

Contudo, nós que em terapia ou projetos sociais convivemos com autistas nos perguntamos sempre: qual será o próximo passo quando pensamos crianças autistas e (seus) pais? 

No geral as publicações sobre "como ajudar seu filho autista" são tecidas com uma regularidade deprimente e pouco auxiliam de maneira objetiva no contexto diário e diverso de um filho que pertence ao espectro do autismo. 

E textos acadêmicos, por sua vez, são ótimos e necessários, indicam que há pessoas estudando o tema, mas na maioria das vezes são adequados aos "especialistas", pois dispõem de um código muito próprio e largamente aplicado apenas aos adeptos do reino da (santa) ciência... 

Felizmente, para ajudar pais (e mesmo educadores e pessoas interessadas) temos um livro impressionante, cujo autor, Naoki Higashida, um autista nascido na década de 90, desautoriza, no meu entender, uma das mais sombrias falácias sobre o autismo: o mito de que as pessoas com essa condição são solitárias, antissociais e despidas de empatia. E para fazê-lo, de maneira assertiva e poética, Naoki repete diversas vezes, no decurso da história, que ele aprecia muito a companhia das pessoas. 

O livro, na verdade uma autobiografia, escrita por alguém com o pé recém-saído da infância, é um presente porque demonstra que tanto a aridez emocional como a aversão de companhia não são sintomas do autismo, mas sim consequências dele, ou seja, "efeitos" do doloroso aprisionamento dentro de si mesmo e da "quase completa ignorância da sociedade sobre o que acontece na cabeça do autista", conforme explica David Mitchell, o sujeito quem faz a introdução do importante relato (em suas versões para o solo ocidental), e, ele mesmo, pai de um filho autista. 

Para apagar as inverdades que prosperam acerca do autismo, como as que continuo a ouvir na antessala de seminários, consultórios e workshops que amarram educação e autismo, o relato de Higashida pode amparar famílias e educadores que lidam com crianças autistas, desvencilhando-se principalmente da ideia do transtorno como uma "doença incapacitante".   

O que me faz pular é um presente, pois seu autor, que sofre de autismo severo, consegue compartilhar conosco suas percepções de tempo e existência, sua maneira delicada e íntima de ser, trazendo uma nova luz para entendermos a mente autista, despojando-nos de juízos equivocados e conceitos áridos e vazios. 

Originalmente, o relato foi escrito em japonês, a língua materna do sensível autor, que só tinha treze anos quando o escreveu... E não é acaso que os três caracteres japoneses usados "na palavra 'autismo' significam 'eu', 'fechado' e 'doença'. Minha imaginação vê nesses símbolos um prisioneiro trancado e esquecido numa cela de confinamento solitário à espera de que alguém o note. O que me faz pular arranca um tijolo da parede", afirma Daniel Mitchell, que foi ajudado a lidar com o próprio filho autista após a leitura desta valiosa biografia, que é uma referência essencial para todos os interessados no autismo e suas implicações no mundo da gente de todo dia. Sim, a leitura merece nossa atenção.  

Por fim, deixo a sugestão da preciosa leitura incentivada pelas palavras do delicado autor: 

Não se pode julgar uma pessoa pela aparência. Mas, a partir do momento em que você entende o que acontece dentro do outro, vocês dois podem se tornar bem mais próximos. Do seu ponto de vista, o mundo do autismo deve parecer um lugar extremamente misterioso. Portanto, por favor, pare um pouco e ouça o que tenho a dizer. E faça uma boa viagem através do nosso mundo” – Naoki Higashi, Japão, 2006. 

*Meu exemplar: O que me faz pular. Tradução de Rogério Durst. Introdução David Mitchell, 2013. Edição digital, 2014. Editora Intrínseca: RJ, 2014. 


 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita