WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 382 - 28 de Setembro de 2014

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniapickina@gmail.com
Campinas, SP (Brasil)

 
 

Obesidade infantil: é urgente reinventar a infância


Em dez anos triplicou no Brasil o número de atestados de óbito nos quais a obesidade aparece como causa. Morre-se de quê? De excesso de peso. 

Para tornar o cenário mais sombrio, infelizmente um terço das crianças no País está com sobrepeso e obesidade. Ainda é sabido que, em cada cinco crianças obesas, quatro permanecerão assim quando adultas. 

O governo, é claro, ganharia muito se fizesse uma campanha persistente/adequada de prevenção e alteração de hábitos alimentares (para os saudáveis). Mas isso não ocorre por enquanto e a ausência desta proposta feliz pode estar orientada por questão política (mercado).  

E a indústria alimentícia, por sua vez, é muito competente e interessada tanto na distribuição de alimentos como para deixar o (seu) produto barato e ultrapalatável – sim, pois a mistura de sal, gordura e açúcar é viciante, e o consumidor (criança) fica acorrentado pela língua/paladar.  

Basta observar a agonia dos pais nos supermercados, quando os filhos infernizam motivados pelo inculcado desejo de compra de tudo aquilo que eles não sabem mais viver sem (e o desespero é um claro indício da possibilidade dolorosa, para a criança, de uma tortuosa crise de abstinência na hipótese da recusa dos pais e, em termos simples: a falta que faz a ela o biscoito recheado, o salgadinho rico de sódio, os sucos excessivamente adoçados etc.). 

Podemos, então, pensar o drama de crianças que chegaram ao sobrepeso e à obesidade e de maneira ansiosamente distraída (não discutimos aqui o caso de obesidade familiar/genética, também preocupante). Muitas delas, e em diversos lugares do Brasil, não sabem diferenciar rabanete de abobrinha. Abominam manga, detestam tomate, melão, uma “chatice o tal do pepino”, elas afirmam.  

Muitos diriam: mas a obesidade é multifatorial. 

Contudo, alguns "costumes" nocivos estão cada vez mais a fincar espaço nos grandes centros, nas médias e pequenas cidades, vilas e interior deste País e, em consequência, a concorrer para que as crianças engordem, entre eles: 

a) transição do alimento natural para o industrializado e por isso assistimos a restaurantes e praças de alimentação lotados, com TV, na maioria deles; 

b) estímulo à compra de lixo plástico que as crianças passam a acumular em suas casas; 

c) cantinas escolares que continuam a vender refrigerantes, salgadinhos e comida trash; 

d) muitas horas diante da TV, tablet e computador (aqui, o brincar está reduzido ao uso dos “dedões”); 

e) falta de estímulo para brincar, ou seja, brincar como direito inegociável da infância – logo, brincar usando o corpo (mover-se!), brincar com o amigo, na grama, experimentando andar, correr, pular, cantar, girar, suar de verdade. 

No trabalho terapêutico, quando discuto com os pais e/ou cuidador a respeito de hábitos importantes para o primeiro setênio, muitos comentam sobre os diversos perigos que o filho hoje está sujeito.  

Entretanto, por descuido ou ausência de um pensar crítico, muitos pais (e cuidadores) ignoram que deixar uma criança sozinha na frente da TV é quase sempre (muito) arriscado e nocivo, pois implica deixá-la à mercê de uma comunicação mercadológica sedutora e dirigida a ela para estimular alimentos engordativos (comida lixo) e venda de produtos infantis (desnecessários!), auxiliando no processo do lastimável “roubo da infância”, sim, pois a criança hoje vale “lucros & negócios rentáveis”... 

A favor do bem-estar dos menores, a Prefeitura de S. Paulo, por exemplo, ciente do alastramento da epidemia da obesidade infantil na cidade, está lançando um prêmio chamado Educação além do Prato (primeiro semestre/2014), que deve premiar escolas com o trabalho mais interessante junto às merendeiras, o que quer dizer receitas mais saudáveis

Quem questiona que a infância seja magia, encantamento? Mas quem se atreveria a duvidar da cota dramática que o prelúdio da vida carrega consigo? Assim, se a infância tem sua faceta de inocência e deslumbramento, ela também sugere que toda criança, ao menos na fase escolar, seja chamada a enfrentar o desafio de ser aceita/querida, segundo os iniciais experimentos da sociabilidade vividos longe da segurança da casa, dos cuidadores. O excesso de peso, consequentemente, apenas acrescentaria um obstáculo (= sofrimento) a mais para ela, a criança, no contexto de quem ensaia os primeiros passos do “estar fora” da segura rotina doméstica.  

E, no futuro, mesmo que a criança se torne uma "adulta magra", talvez ela nunca se recupere dessa infância – na qual ela foi invisível ou hostilizada (maltratada). 
 

* Para saber mais, assista ao documentário Muito Além do Peso, da cineasta Estela Renner/Equipe da Maria Farinha Filmes. 




 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita