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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 380 - 14 de Setembro de 2014

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniapickina@gmail.com
Campinas, SP (Brasil)

 
 

Des-aprender o bullying e educar para a paz!

 
Sabemos (desde sempre) que as crianças sempre atacaram umas às outras, e os mais fracos viraram vítimas. 

Recordo com muita nitidez os dias redondos do jardim de infância, quando era molestada diariamente por dois colegas de sala, primos, que insistiam em puxar minhas tranças, agredir o precioso material escolar, meus adoráveis lápis (escassos) e, no recreio, me ameaçavam bater e maltratar.  

Foram meses de igual jeito e nunca contei nada à minha mãe. Simplesmente na minha meninice, ou talvez já motivada pelo meu padrão introspectivo de ser, considerava aquele terrível estado de coisas como algo que pertencesse à minha natural condição escolar e fui seguindo aquele destino opressivo comprido até um dia, véspera de um feriado – apenas tenho esse registro consciente –, quando os dois meninos me empurraram contra uma carteira, no fundo da sala de aula, e em seguida, assustados, correram; e eu, ferida no joelho, intimidada pelo sangue que corria vermelho, pus a boca no mundo...  Depois desse evento, Milton e Sandro, valentões e brigões, me esqueceram. Mas eu (a criança que tinha quatro anos), não... 

Não há dúvida. Bullying é uma das formas de violência que mais cresce no mundo. Pode ocorrer em qualquer contexto social: escolas, universidades, famílias, vizinhanças, locais de trabalho etc. E o que à primeira vista parece um simples apelido inofensivo pode, repetidamente, afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa – a vítima. 

E, no caso do bullying escolar, a independer de queda de rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem desenvolver doenças psicossomáticas, podem sofrer traumas que por sua vez influenciarão negativamente traços da personalidade, gerando consequências que afetarão diretamente sua vida de relação, pois muito do seu tempo de infância foi tristeza, sofrimento e lamento. Basta o claro indício que hoje e cada vez mais cedo as crianças estão na escola, enquanto pai, mãe, e/ou o adulto que as educa, tornam-se presenças cada vez mais rarefeitas. 

E embora especialistas saibam pouco ainda sobre o bullying escolar por aqui, no País, pois este fenômeno começou a ser estudado há cerca de 30 anos na Europa, e há menos de dez no Brasil, ele ocorre sempre entre iguais e na verdade se trata de um ataque à autoestima, ganhando visibilidade em situações variadíssimas, tais como colocar apelidos, ofender, humilhar, perseguir, discriminar, excluir, isolar, intimidar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, chutar, bater, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences etc. 

Além disso, se o limite entre o bullying e as brincadeiras maldosas típicas de algumas crianças é muitas vezes difícil de ser identificado, o ato repetido de uma agressão ou constrangimento contra um determinado colega pode, sim, ser considerado bullying, pois o fenômeno envolve uma intenção de dominação de um autor sobre o outro – a criança (ou adolescente) que recebe a carga agressiva e sofre (vítima). 

Para pôr fim ao sofrimento e antes que cause um mal mais profundo, há sinais que são “pistas” significativas de que uma criança passou a ser molestada no ambiente escolar. Se antes gostava de ir à escola começa a arrumar pretextos, como dores de cabeça, estômago etc., para permanecer segura em casa. Além disso, pode se tornar retraída, quieta; se for menino, pode aparecer em casa com escoriações ou marcas roxas; algumas crianças perdem o apetite e muitas passam a ter pesadelos, apresentando também quadros de tristeza e introspecção. 

Por isso, e segundo estudos e práticas terapêuticas, observamos que as vítimas de bullying no geral desenvolvem depressão, pânico, distúrbios psicossomáticos, temendo retornar à escola. A fobia escolar geralmente tem como causa algum tipo dessa violência.  

Infelizmente, ainda, muitas crianças que sofrem com esses constrangimentos reiterados (combinados a contextos familiares difíceis, por exemplo) poderão não superar os traumas sofridos na escola e, desse modo, poderão crescer com baixa autoestima. Isso prejudica o desenvolvimento de suas potencialidades e afeta negativamente a qualidade de seus relacionamentos no futuro, a fruição de suas potencialidades e mesmo a alegria de dispor do direito de participar da vida e ser feliz. 

Assim, se há suspeita de que a criança (ou adolescente) esteja sofrendo algum tipo de violência na escola, o melhor é falar com ela. Conversar com calma, em um diálogo franco, deixando-a confortável e à vontade. Anotar os fatos de forma objetiva. Na sequência, após verificar o regimento interno escolar para saber se existe um procedimento para reclamações sobre os casos de bullying, procurar a escola para exercer o justo direito de proteger a criança. Mas isso implica agir com educação e respeito, pois gritos e ameaças de processos judiciais contra tudo e todos apenas tornam a vítima de bullying mais desamparada. Todavia, os pais devem ficar atentos a qualquer tipo de alteração de comportamento da criança. 

Sim... Tantas coisas divertidas a gente pode fazer na infância. O mundo, ali, é para ser brincado. Jogos de palavras, gizes, bola, gato e bicho do mato, histórias de fadas, princesas, amarelinha, boca de forno, forno! 

E tão feia e obsoleta é essa atitude bruta, aprendida e repetida, por parte do agressor, comumente criança antipática, arrogante, mal amada, na verdade, pois muitos estudos avisam que esse ser humano em desenvolvimento, um bully – “valentão, brigão”, vem de família disfuncional, com pobre relacionamento afetivo entre seus membros, vivendo, portanto, em um ambiente no qual o exemplo repetido é o uso nocivo do comportamento explosivo de um adulto, igualmente mal amado, que teima em dizer ao menino que brinquedo, infância, não produz alegria... 

Para uma cultura da paz, insisto, é preciso resgatar então o “valentão” e ajudá-lo a recuperar sua natureza de príncipe, quebrar o feitiço e assim des-ensinar ao sapo sua realidade sapal e para que ele volte à sua natureza real e assim possa desfrutar da infância, brincar para simplesmente crescer e aprender a fazer amigos, pois a cidade tem o destino comum mantido pela amizade.  

Uma educação para a paz. E o pai do bully, também valentão – ou talvez um infeliz bruxo? , pode ser avisado também que possui o íntegro e feliz direito a reinventar-se para resgatar, presa na sua natureza real, a paz que ajuda a gente viver sereno e sem tirania, mesmo como gente grande... 

Notas:

Bullying escolar é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa “bully”, que significa “valentão”, “brigão”. Mesmo sem uma palavra em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, humilhação e maltrato.

Na Espanha a incidência de bullying se situa em torno de 15% a 20% nas pessoas em idade escolar, com índices semelhantes em Portugal e na União Europeia.

Segundo alguns autores o bullying pode se manifestar de quatro formas diferentes: verbal, físico, psicológico e sexual. Os meninos estão mais envolvidos com o bullying, e com uma frequência muito maior – e tanto como autores, quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor frequência, o bullying ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.

Há três tipos de pessoas envolvidas na situação de bullying: o espectador (presencia o constrangimento e não interfere); agressor e a vítima.

Há profissionais da aérea da psicologia que insistem em aplicar o conceito de bullying na relação de pais e filhos e entre professor e aluno. Discordamos porque entre pais e filhos ou entre professores e alunos há uma relação que se funda na hierarquia, mesmo nos contextos democráticos. O conceito de bullying exige, portanto, para ser configurado, a violência que se dá entre iguais (por isso, entre colegas, por exemplo).




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita