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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 379 - 7 de Setembro de 2014

HUGO ALVARENGA NOVAES
hugo.an19@gmail.com
Santa Rita do Sapucaí, MG (Brasil)

 
 

A salvação segundo Jesus


Uma questão muito controversa na Bíblia diz respeito à nossa “salvação”. 

Através deste estudo, vamos analisar  o que nos recomendou Jesus sobre o assunto descrito acima.  

Observemos atentamente o que afirma o Sublime Mestre quando nos ensina a lição pertinente ao “Grande Mandamento”: 

Lc 10,25-28: “25 E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 26 Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu? 27 Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. 28 Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás”.

1º. No texto bíblico, fica claro que quem se levanta é um DOUTOR DA LEI (v. 25); portanto, quem estava conversando com o Divino Jardineiro era um perito naquilo que dizia respeito às Escrituras Sagradas. Assim sendo, vemos que o supracitado personagem tinha conhecimento de causa, sabia o que estava dizendo  e “não era um qualquer” como deixam transparecer; pois, muitos não dão importância a esse interlocutor do Adorado Nazareno, e consequentemente ao referido fato.

2º. Ainda no versículo 25, vemos o circunstante perguntar ao Amado Rabi: “que farei para herdar a vida eterna?” Observemos o verbo “fazer”, o qual determina que é necessário praticar uma ação para ganhar a vida eterna, no caso a salvação.

Então concluímos que o DOUTOR DA LEI sabia que o Espírito é imortal, que existia sim uma outra vida e que essa era eterna, e que estava condicionada ao ato de fazer algo, em outras palavras: para alcançá-la teríamos de fazer ou praticar alguma ação, executar uma obra. 

3º. Reparemos que o Querido Galileu não responde: “basta crer-se em mim para se salvar”, ou coisa parecida. Pelo contrário: Ele, sabedor que parlamentava com um “especialista nos Escritos Sacros”, tem ciência de que a sua resposta será exata. Então, o Excelso Pegureiro indaga-lhe no verseto 26: “Que está escrito na lei?” e conclui inquirindo-lhe outra vez: “Como lês tu?”, ou seja, “como é que você entende o significado do texto que encontra-se lá?”

E o DOUTOR DA LEI, que sabia o que dizia, respondeu ao Cristo: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (v. 27), e acrescenta: “e ao teu próximo como a ti mesmo” (v. 27).

4º. Notemos que o Filho do Carpinteiro considerou correta a resposta daquele homem; tanto que falou: “Respondeste bem” (v. 28), e ratificando-a, continuou dizendo: “faze isso, e viverás” (v. 28). Que, em Português claro quer dizer: “todo aquele que cumprir o Mandamento Maior como falei, será salvo”. 

Deduzimos claramente que, para sermos salvos,  a obra que devemos fazer é “amar ao Criador e ao semelhante” e não, SOMENTE “aceitar a Jesus” como falam. 

Agora pergunto-lhes: “por que eu tenho que “aceitar Jesus”, se o próprio Jesus está dizendo “que para mim ser salvo basta eu praticar o amor?” É como se Ele falasse a nós: “Meus filhos, se vocês querem ser salvos e viverem eternamente nas bem-aventuranças do Senhor, basta que amem a Deus e ao próximo”. 

A citada lição  acima  está  concorde  com  "O  Evangelho  segundo  o Espiritismo", que nos mostra: 

“Caridade e humildade, tal a senda única da salvação. Egoísmo e orgulho, tal a da perdição. Este princípio se acha formulado nos seguintes precisos termos: "Amarás a Deus de toda a tua alma e a teu próximo como a ti mesmo; toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos." E, para que não haja equívoco sobre a interpretação do amor de Deus e do próximo, acrescenta: "E aqui está o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro" , isto é, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.” (Fonte: KARDEC  A.,  O  Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 15, item 5, FEB).

Percebemos que há uma certa deturpação da Bíblia por parte dos líderes religiosos que, propositalmente não divulgam esse trecho bíblico de seus fieis, nem lhes mostram esse raciocínio. Fazem isso, a fim de melhor prendê-los à igreja que comandam; pois assim, enraizando-os onde lideram, fica mais fácil conseguir o DÍZIMO. Não é mesmo?

Como estudioso do Evangelho, afirmo com toda certeza, sem nenhum medo de estar errado: “Aquele que APENAS “aceita Jesus” a fim de, somente se filiar a uma igreja, sem amar a Deus e ao próximo, NÃO SERÁ SALVO. Para que essa pessoa alcance a tão desejada  salvação, basta que cumpra o que nos diz o MANDAMENTO MAIOR, que pratique o amor a Deus e ao seu semelhante, não que unicamente “aceite a Jesus” como dizem alguns”.

Contudo, o que é propalado entre a maioria dos indivíduos é o ensinamento de São Paulo que afirma: Rm 10,9: “Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo”. 

Vemos que o Apóstolo dos Gentios contradiz os dizeres do Grande Médico das Almas; afinal, esta fala de São Paulo é mais simples e prática, além de prender mais facilmente o ser humano a uma determinada instituição religiosa. 

Hé! São Paulo nos explica uma coisa muito fácil. 

Todavia, inquirimos novamente: “Foi isso que Jesus nos ensinou?” Respondo: “Não!” Ele disse que “para sermos salvos bastaria que nós cumpríssemos a lei, ou seja, que amássemos a Deus e ao próximo” e não para que simplesmente o aceitássemos como pregam certos sacerdotes. 

Na verdade, Paulo de Tarso corroborando essa fala que está no versículo de Romanos descrito anteriormente, está eximindo o homem da responsabilidade de praticar a lei para ser salvo; coisa que o Enviado Celeste nunca fez. 

Entretanto, por conveniência daqueles que lideram as igrejas, o supracitado versículo paulino é mais difundido entre as massas do que a “Palavra de Jesus”. 

Dirão alguns: “viva a fé cega!”  

Visto tudo isso, deixo uma pergunta no ar: “estamos praticando o Cristianismo ou o Paulinismo?”

 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita