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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 8 - N° 377 - 24 de Agosto de 2014
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

 

Loucura e Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 24)

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988.

Questões preliminares

A. Lício e Nicomedes lembraram-se, no dia seguinte, do encontro espiritual realizado na noite anterior?

Mais ou menos. Cada um explicou os sonhos a seu modo; entretanto, nos painéis íntimos do Espírito estavam impressos os novos códigos a serem vivenciados. Nicomedes referia-se a um estranho pesadelo, do qual despertara com dores musculares generalizadas, que supunha ser resultado da excitação e do cansaço da viagem. Lício reportava-se a um sonho curioso, no qual sofrera grandes aflições, seguidas depois de expressivo alívio. Parte da ocorrência ele conseguira recompor, apesar de não a entender quanto gostaria, mas os conselhos que dr. Bezerra lhe dera arquivaram-se-lhe com relativa nitidez, ensejando-lhe bem-estar. (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 200 e 201.)

B. Os problemas de Lício e seu tio estavam então solucionados?

Em parte, sim, mas não todos os problemas, porque outros Espíritos permaneciam ainda vinculados às personagens em processo reparador, aos quais eles teriam de reconquistar. Além disso, as tendências viciosas a que se acostumaram não haviam desaparecido. O que diminuiu foi a volúpia, a ansiedade mórbida que vergastava Nicomedes, enquanto Lício, que se lhe prendia emocionalmente, passou a sentir uma ternura mais natural, desprovida dos condimentos carnais. (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 200 e 201.)

C. Que lição podemos extrair do caso Lício-Nicomedes?

Aos dois foi proposto um esforço, um procedimento, uma luta que é o oposto do que se vê na desenfreada busca do prazer que enlouquece a criatura humana, quando esta, exaurindo-se, foge de um para outro gozo, derrapando para abismos mais profundos. A facilidade com que se expressam muitos estudiosos do comportamento, propondo liberação em vez de educação, vivência no desequilíbrio, em vez de reajustamento, confirma o materialismo da nossa cultura hodierna. Mais lamentável ainda é o fato observado em quem conhece a realidade do Espírito e que, adotando postura dita moderna, propõe que o indivíduo em desequilíbrio assuma sua realidade interior e se jogue no palco das paixões em desgoverno. “É certo – diz Miranda – que não recomendamos uma posição castradora, inibitiva, pois que cada qual responde pela própria ação. Todavia, conhecendo a Lei da Causalidade, cumpre-nos sugerir maior reflexão em torno dos envolvimentos emocionais e psicológicos, buscando as suas raízes na conduta anterior e procurando corrigir o que constitua conflito e dor, mediante atitude adequada no presente, que se torna uma terapêutica de eficiência para futuros resultados.” (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 201 a 203.)

Texto para leitura

93. A paz e a fraternidade voltam ao lar de Lício – No dia seguinte, visitando os amigos que receberam assistência pela madrugada, Miranda constatou os salutares efeitos da providência terapêutica. Nicomedes referia-se a um estranho pesadelo, do qual despertara com dores musculares generalizadas, que supunha ser resultado da excitação e do cansaço da viagem. Lício reportava-se a um sonho curioso, no qual sofrera grandes aflições, seguidas depois de expressivo alívio da angústia que o havia tomado nos últimos dias. Parte da ocorrência ele conseguira recompor, apesar de não a entender quanto gostaria, mas os conselhos que dr. Bezerra lhe dera arquivaram-se-lhe com relativa nitidez, ensejando-lhe bem-estar. Cada um explicou os sonhos a seu modo; entretanto, nos painéis íntimos do Espírito estavam impressos os novos códigos a serem vivenciados. Evidentemente, nem todos os problemas de Lício e seu tio ficaram solucionados, porque permaneciam ainda vinculados às personagens em processo reparador outros Espíritos que eles teriam de reconquistar. Ademais, as tendências viciosas a que se acostumaram não haviam desaparecido. O que diminuiu foi a volúpia, a ansiedade mórbida que vergastava Nicomedes, enquanto Lício, que se lhe prendia emocionalmente, passou a sentir uma ternura mais natural, desprovida dos condimentos carnais. Nos dias que se seguiram por toda a semana, os visitantes terminaram por sentir-se felizes e os implicados no problema conflitante puderam dialogar largamente, numa tentativa de se auxiliarem mutuamente, transformando os desejos abjetos em sentimentos fraternos elevados. A hora das despedidas foi o oposto da chegada, para Lício. Uma saudade amena dominou-o e a figura do tio se lhe tornou a representação de um benfeitor querido com quem podia falar com clareza a respeito dos seus sofrimentos e junto a quem encontraria apoio e entendimento. Nicomedes prometera-lhe vir em socorro ou recebê-lo na família, quando a situação se lhe apresentasse insustentável. É que o verdadeiro amor, que une as almas e as eleva, triunfara por sobre a herança do instinto indômito, possuidor e selvagem. Quando as pessoas que se amam compreenderem a excelência desse sentimento e o canalizarem no sentido superior, os dramas e as tragédias passionais, os infortúnios e as alienações que dele decorrem, na sua feição egoísta, desaparecerão da Terra, e uma peregrina felicidade a todos unirá. (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 200 e 201.)

94. Aprofundar feridas abre maior campo para infecção – O tempo e o prosseguimento da terapêutica se encarregariam de Lício, que renascia dos escombros do passado para uma vida nova, devendo experimentar e vencer as naturais dificuldades que um tentame de tal porte lhe impunha. A primeira etapa, a da decisão, fora realizada bem, graças à mercê de Deus e ao devotamento dos Benfeitores espirituais. Um universo de reflexões assomou à mente de Miranda, ao analisar a luta redentora que os dois amigos passavam a travar agora, de maneira consciente, erguendo-se para a paz e a felicidade através da sublimação dos sentimentos. Tal luta é o oposto do que se vê na desenfreada busca do prazer que enlouquece a criatura humana, quando esta, exaurindo-se, foge de um para outro gozo, derrapando para abismos mais profundos. A facilidade com que se expressam muitos estudiosos do comportamento, propondo liberação em vez de educação, vivência no desequilíbrio, em vez de reajustamento, confirma o materialismo da nossa cultura hodierna. Mais lamentável é o fato observado em quem conhece a realidade do Espírito, e que, adotando postura dita moderna, propõe que o indivíduo em desequilíbrio assuma a sua realidade interior e se jogue no palco das paixões em desgoverno. “É certo – diz Miranda – que não recomendamos uma posição castradora, inibitiva, pois que cada qual responde pela própria ação. Todavia, conhecendo a Lei da Causalidade, cumpre-nos sugerir maior reflexão em torno dos envolvimentos emocionais e psicológicos, buscando as suas raízes na conduta anterior e procurando corrigir o que constitua conflito e dor, mediante atitude adequada no presente, que se torna uma terapêutica de eficiência para futuros resultados.” Aprofundar feridas faz com que se abra maior campo para infecção. Desse modo, fazer concessão ao fator que desencadeia o problema é forma de torná-lo mais agudo, terminando por tombar na conjuntura expiatória. A reencarnação tem caráter educativo, gerador de hábitos novos, e é instrumento disciplinante, em face dos limites que propõe pelos impositivos da evolução. O homem não deve ser considerado como máquina para o prazer, mas ser eterno em contínuo processo de crescimento. O corpo é um instrumento por ele mesmo modelado, conforme as necessidades que o promovem e libertam. A visão global do ser – Espírito, perispírito e matéria – é a que pode dar sentido à vida humana, facultando o entendimento das leis que a regem. Após essas reflexões, Miranda descreveu mais uma reunião em que seriam atendidos os adversários espirituais de Carlos, que, em desdobramento pelo sono, foi conduzido por seu pai, Empédocles, à Casa dirigida por irmã Emerenciana. Logo que iniciada a reunião, foi trazido ao recinto o irmão infeliz que, havendo se caracterizado de Exu, tinha anteriormente recuperado ali mesmo a forma e mantivera-se internado na Casa para a etapa que ora se realizava. Adormecido, apresentando ainda algumas deformações, o Espírito foi conduzido ao médium de psicofonia e logo despertado pela Mentora. (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 201 a 203.)

95.  O ex-escravo José Manuel reencontra a esposa trucidada por Carlos – O ex-Exu denotava cansaço e alguma turbação psíquica, defluentes dos fluidos tóxicos largamente ingeridos e cuja eliminação abrupta produzira-lhe o esvaziamento interior, embora só a longo prazo viesse a se libertar totalmente. Trazendo-o à atualidade, Emerenciana explicou-lhe que todos ali estavam para ajudá-lo e, dito isto, pediu-lhe recuasse no tempo, volvendo à senzala, ao poste de sacrifício. O Espírito cerrou as pálpebras do médium e caiu em pranto de dor e de revolta, impossibilitado de falar. Concomitantemente, dr. Bezerra aplicou o mesmo recurso em Carlos, que voltou à forma arrogante do passado, que o infelicitara e cujos efeitos agora padecia. Percebendo a ocorrência, Empédocles, registrando a chegada da mãe adotiva do passado, autossugestionou-se e volveu à infância, quando seus pais haviam sido sacrificados pelo infeliz senhor. Composta a cena por força ideoplástica modeladora que recompunha o passado, dois auxiliares trouxeram a antes atormentada genitora da criança, libertada da configuração a que se entregara na sede implacável de justiça arbitrária. Levada ao outro médium e igualmente convidada ao antigo cenário, ela assumiu a personalidade na qual se desencadeara a pugna selvagem. Emerenciana, dirigindo-se aos personagens do drama do passado, expôs sem afetação: “Aqui nos reúne a Misericórdia de Deus para apagarmos os incêndios, que o ódio ateou, com a água pura do amor. Criados para a glória, detemo-nos no sofrimento por opção pessoal, pois que, criado por nós, este sofrimento é o látego que elegemos para a própria depuração como efeito da rebeldia a que nos apegamos”. Após dizer que chega um momento na vida em que as ovelhas tresmalhadas são compelidas ao retorno ao rebanho, seguindo o Pastor paciente, que é Jesus, que as aguarda, afetuoso, Emerenciana prosseguiu: “O irmão José Manuel desejou, não há muito, destruir outra adversária do seu verdugo, por desejá-lo apenas para si, constatando que a maior força é a do bem. Despindo-se da aparência que lhe dava uma falsa posição de poder, reencontra-se, frágil e dependente, como o somos todos nós, ante as poderosas Leis da Vida. No entanto, a fim de aquilatar o acerto da providência que tomamos, é do nosso desejo esclarecer-lhe que a antagonista que lhe disputava a presa não é outra alma senão a esposa que o inimigo trucidara...” Nesse ponto, dr. Bezerra conduziu o médium que incorporava a ex-esposa de José Manuel, e, quando os dois se contemplaram, foi inevitável a explosão de felicidade no pranto que lhes jorrava do íntimo, agora sem o ácido que os queimava cruelmente. (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 204 e 205.)

96. José Manuel revê o filhinho e a emoção envolve a todos – No reencontro, ambos lamentaram a pugna em que se debateram por causa de Carlos, o verdugo a quem obsidiavam. Na verdade, a loucura do ódio que nutriam pelo antigo algoz os alucinara, turbando a clareza de sua visão espiritual. “A simples recordação do celerado que nos destruiu a todos alucina-me”, disse José Manuel. “Tenho que desforçar-me. Farei isto, por nós todos...” A evocação do passado fê-lo desequilibrar-se, reassumindo os anteriores traços da figuração que o caracterizava antes. (Felinto explicou a Miranda, discretamente: “Para evitar queda no aspecto demoníaco, a Benfeitora optou pelo confronto através dos médiuns, cujos perispíritos lhes bloqueariam a potência dos resíduos remanescentes. É o momento da ruptura final ou fixação mais demorada, exigindo cuidados especiais, sem a violência de permeio”.) Notando a reação negativa de José Manuel, Emerenciana projetou seu pensamento sobre a antiga esposa, que segurou o companheiro pelos braços e propôs: “Acalma-te! Não destruas o nosso momento. É necessário valorizar o nosso reencontro ou o perderemos. O que mais desejas: desgraçá-lo e perder-nos a todos ou atender-nos para nele pensar depois”. A pergunta no dialeto que lhes era familiar fê-lo estancar o volume da cólera e, assim, ele respondeu: “Estar contigo é o que nunca supus fosse possível. Então, eras tu, a Bombojira que o perseguia?” – “Sim. O horror projetou-me nas Furnas onde fui submetida a tratamento longo, tornando-me uma desventurada. Isto, no entanto, já não importa.” Dito isto, ela informou que o filhinho deles fora criado no próprio lar de seu verdugo, que terminou por confiar nele e amá-lo. Nesse instante, a senhora que retinha o menino nos braços aproximou-se, distendeu-o à mãezinha e o apresentou ao pai. José Manuel, sem controle da emoção, ajoelhou-se e ia golpear a cabeça no solo, como sinal de gratidão a Deus, quando a esposa o deteve, elucidando: “A maior prova da nossa gratidão é permanecermos felizes com o filho. Toma-o nos teus braços”. José Manuel se deteve e, segurando o filho no colo, ria e chorava, movendo-se no exíguo recinto da reunião, como o faria se estivesse no pátio da Casa Grande. Enquanto ele ninava a criança, cantando: “Que faremos, então?” Ela respondeu: “Perdoaremos a quem nos molestou, mas guardou em paz o filhinho para nós”. (Loucura e Obsessão, cap. 16, pp. 206 a 208.) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita